“Na frente dele (de Deus) vão pragas terríveis, e atrás vêm doenças mortais” (Habacuque 3.5, BLH)
Quando chegou o último dia do ano de 2020, a maioria das pessoas não tinha motivos de grande comemoração. Para alguns, parecia que o ano não havia acabado, ou havia o sentimento de que nem deveria ter começado. Vivemos dias ruins e conhecemos pessoas que sofreram com a perda de alguém para a Covid19, ou nós mesmos. O ano que se iniciou veio com as mesmas mazelas do ano anterior. Não vimos os fogos que marcam o rebentar de um ano cheio de alegria e esperança, e nem estes sentimentos eram os que predominavam na população.
Em todas as capitais brasileiras, e no mundo, as grandes festas de final de ano foram canceladas e houve a recomendação para que as pessoas comemorassem em suas próprias casas. O que se esperava para o final de ano com contratações e aberturas de postos de trabalho, deu lugar à determinação pelos governantes de lockdowns em várias cidades, para conter a propagação do vírus. Já são mais de 14 milhões de pessoas desempregadas e este número não para de crescer. Além disso, acompanhamos de perto o aumento do número de mortes, devido ao espalhamento do vírus entre a população, voltando aos níveis alarmantes do início da pandemia e com os hospitais lotados de pessoas, sem ao menos conseguirem atendimento. Não há mais leitos em muitos hospitais. Vivemos em uma guerra contra um inimigo invisível e devastador. Este é um cenário aterrador, mas nem um pouco fictício!
Ó Deus, por que isso acontece? Talvez a resposta a esta pergunta não seja tão objetiva.
O profeta Habacuque escreveu o versículo apresentado no início, que parece ter sido escrito num leito de hospital, em nossos dias. Ele ousava questionar a Deus pelo que acontecia com seu povo em sua época. A situação de invasão e as consequências disso foram o objeto do questionamento do profeta. Algo impressionante é que seus questionamentos não ficaram no vazio, mas Deus os respondeu. Deus também quer responder os nossos! Habacuque anteviu a iminência de uma guerra e com isso a precarização de todos os sistemas e, assim, recorreu a Deus. O perigo iminente era a consequência do abandono da aliança, mas aquele a quem Deus usava como vetor de punição, no fim, também seria punido por suas próprias maldades.
O que estamos passando é consequência do nosso distanciamento de Deus, não como algo que eu ou você tenha feito ultimamente ou particularmente, mas como consequência de um mundo caído e apartado de Deus. Não é algo individual, envolve a coletividade. Estamos sujeitos às mais variadas vicissitudes e precisamos de redenção. Habacuque clama a Deus para que reaviva a obra que ouvira falar, que a manifeste e traga livramento, porque essa obra é para aqueles que vão a Deus com um coração contrito e arrependido, que deixaram o orgulho de uma alma sem retidão. Assim, ele pode declarar uma das expressões mais importantes, que vai moldar o nosso modo de viver: pela fé – o justo viverá por sua fidelidade. Expressa que a fidelidade a Deus (à sua Palavra e vontade) é o que caracteriza o justo e garante segurança e vida.
Neste sentido, a pergunta precisa ser remodelada, para não se pensar nas consequências do que acontece, mas, sim, se a minha fidelidade a Deus permanece, apesar das consequências. Não importam quais sejam. Quem sabe assim podemos parafrasear Habacuque e declarar, com todas as nossas forças: mesmo que a pandemia não acabe, mesmo que bem mais de duzentas mil pessoas morram, inclusive as mais chegadas a mim, mesmo que perca o emprego, mesmo que a vacina não chegue, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha Salvação! Pois Ele é a minha força! Faça essa sua oração!
Raimundo Passos