Passeando pela Bíblia podemos notar muitos textos que relatam histórias de pessoas com deficiência, seus sofrimentos e dificuldades. Abordam suas lutas para superar suas limitações e ainda encarar o dilema que abrange o pensamento da sociedade de que há uma relação entre a deficiência e o pecado. A Bíblia não se constitui em um livro que busca dar dignidade à pessoa com deficiência, mas, reconhecer essa dignidade (At 10.34).
Nossas igrejas poderiam dar voz à inclusão não somente adaptando estruturas e materiais, ou dando informações aos membros sobre a deficiência, mas abordando o aspecto da personalidade da pessoa com deficiência, permitindo que ela expresse suas queixas, que seja visto como um ser holístico capaz de conviver com os demais em sua integralidade, independente das suas limitações.
A igreja precisa lançar um olhar de amor sobre esse público, mas não um olhar de compaixão que vem carregado de piedade como se a pessoas com deficiência fosse um coitado ou um incapaz, impedindo-o de realizar muitas atividades ou empurrando-o para o ostracismo.
A Bíblia está cheia de relatos de pessoas com deficiência que de certa forma foram atores principais de suas histórias. Cristo mostrou que essas pessoas eram semelhantes aos demais e tão dignos de salvação quanto aos fisicamente perfeitos. A acepção de pessoas nos tempos bíblicos era feita pelos seus semelhantes e não por Deus, que em diversas ocasiões mostrou não apenas compaixão na pessoa de Jesus Cristo, mas restituiu a dignidade humana, tirando-os da margem da sociedade em que viviam.
A dor e o sofrimento sempre estiveram presentes na Bíblia, principalmente após a queda. Nossa natureza humana é limitada independente de enfermidades físicas e/ou psicológicas, condições econômicas, classes sociais ou intelectualidade, pois temos relatos de enfermos ricos, como é o caso de Jó e Naamã, reis, como Ozias, servo, como Giezi e pessoas do povo como o cego de Jericó e outros.
Nos tempos atuais a pessoa com deficiência tem tido um pouco mais de dignidade. Temos visto muitos relatos de exemplos de superação e histórias de pessoas que fizeram a diferença no mundo, mesmo tendo algum tipo de deficiência, porque alguém acreditou que ela era capaz.
O que nós como Igreja de Cristo precisamos fazer é não limitar as pessoas com deficiências, mas proporcionar-lhes um tratamento igualitário, em condições iguais de acesso e participação nas liturgias do culto, conhecendo mais sobre a pessoa do que sobre a enfermidade.
Mensagens precisam ser pregadas falando a respeito dessas pessoas. Como elas se sentem? Quais seus dilemas e queixas? Do que são capazes? Precisamos mostrar que são aceitas e respeitadas, que são vistas como protagonistas da sua própria história e que são tão produtivas, mesmo dentro das suas limitações, quanto qualquer outro membro da igreja.
Dignidade não depende da condição física, mental ou cognitiva.
Pense nisso!