Nenhuma outra área das engrenagens eclesiásticas é tão abrangente quanto a educação cristã. Educadores são os recursos humanos das comunidades. E essa abrangência se dá primeiramente por avançar as fronteiras de um de nossos maiores tabus: A saúde mental.
Como sexo e morte, a saúde mental é vista qual polarização em relação à espiritualidade. Ainda cultivamos o binômio ou bifurcação vida espiritual x vida material ou espiritualidade x secularismo. Também é desafio dos educadores a mediação entre estes supostos “dois mundos”.
A gritante realidade do adoecimento de pessoas e famílias inteiras em igrejas conspira para desfazer mitos: O primeiro é de que cristãos possuem blindagens contra transtornos e adoecimentos; o segundo é de que admitir necessidades é reconhecer-se incrédulo ou sob crise na fé – diversas matizes religiosas estigmatizam indivíduos sob acompanhamento psicológico ou sob uso de psicofármaco.
Somos seres integrais (biopsicossocial-espiritual). E essa afirmação é um dos fundamentos de nossas vivências, conteúdos e dinâmica do ensino-aprendizagem. As corporações de saúde elegeram o “setembro amarelo” para conscientizar a população sobre a prevenção e cuidado sobre a saúde mental – especialmente a prevenção do suicídio. O que significa uma ótima oportunidade para dialogar sobre nossa espiritualidade integral.
“Não há saúde se não houver saúde mental”, preconiza a OMS.
Sugiro:
- Rodas de prosas em grupos das igrejas – pais e filhos, homens, mulheres, jovens;
- A audiência e posterior discussão de filmes e jornadas literárias sobre o tema;
- Conferências com a partilha de especialistas e profissionais da saúde;
- Séries de pregações sobre aspectos terapêuticos do Ministério de Jesus de Nazaré;
A Pandemia Covid-19 impôs esta agenda de cuidado para com nossos irmãos e irmãs na fé!
O silêncio das igrejas – pastores, líderes e educadores – sobre tão necessário conteúdo tem promovido uma espiritualidade alijada de uma de suas mais importantes facetas, contradizendo a vida abundante prometida por Jesus de Nazaré. E de forma provocativa, experiências religiosas frustradas ou ambientes de igrejas tóxicos são ampliadores de transtornos, implicando no fenômeno sociológico dos desigrejados – cristãos dissidentes das denominações.
Hora de reavivar o conselho Paulino: “Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino […]” (1Tm 4.16). A prioridade sobre o cuidado pessoal não é casual! Nós, educadores, somos a intersecção entre a Teologia Cristã e os diversos saberes. Repito: Não há santidade sem sanidade!