A educação faz sentido para o ser humano, assim como o alimento é vital à sua sobrevivência. A sociedade é responsável por seus educandos, pois eles devem se comportar de acordo com suas inspirações em defesa da preservação de sua espécie. Mas é notório que não nascemos prontos cognitivamente, nem moralmente. É necessário haver um desenvolvimento natural até a chegada de uma concepção considerada razoável ou aceita dentro de uma determinada sociedade.
O ser humano é complexo, e muitas vezes é necessária uma intervenção de uma força superior coletiva a que todos sejam submetidos a regras de relacionamentos e comportamentos em vista a bem comum. Daí as liberdades são restringidas em detrimentos de pensamentos e comportamentos egocêntricos.
A Bíblia ensina que: “Todas as coisas me são permitidas, mas nem todas são proveitosas […] (1 Co 6.12a). Porque nem sempre o que alguém quer fazer ou deseja é de interesse à coletividade. Com efeito, é importante uma mobilização de ordem superior, a fim de que todos se submetam e se envolvam em um processo voltado a uma vida em comum. Nesse contexto, pode-se entender o surgimento da educação como pilar de construção de uma sociedade consciente com inspirações afins.
O homem é um eterno aprendiz, mas torna-se importante uma compreensão do termo educação. Este vocábulo etimologicamente significa “guiar”, “conduzir” e “instruir”. Nesse sentido, para Chaves (2012, pág.12), “Educar é infinitamente mais que a aquisição de conhecimentos, é um movimento contínuo, um somatório de informações recebidas interagindo com as experiências de vida, o saber e os recursos próprios de cada pessoa”. A educação tem um fim específico, útil e dinâmico a interagir com as experiências particulares de cada pessoa.
A República Federativa do Brasil tem como um dos fundamentos, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais e a livre iniciativa. Os serviços sociais abrangem cursos técnicos, oficinas das mais diversas áreas, educação básica, bem-estar, lazer, entre outros, com o fim de colaborar com a paz social. Os programas sociais proporcionam a jovens e adolescentes a se afastarem ou saírem do mundo das drogas, criminalidade e de suas maleses congênitas, a valorizar o trabalho honesto e as relações interpessoais.
Essas circunstâncias sociais apontadas são um resultado clássico de instrução, condução a se consubstanciar em educação. Mas não existe só um tipo de educação com esses mesmos objetivos.
Concomitante tem-se a Educação Cristã que pode ser usada como potenciadora na formação de caráter, a auxiliar ao Estado Democrático de Direito em seus objetivos específicos. Durães e Ramiro (2018, pág. 37) explica que, no quinto século antes de Cristo, as escolas funcionavam nas sinagogas e tinham o status de “casa de ensino”, sendo que, o mestre ocupava um lugar de respeito e honra. Ou seja, as escolas/sinagogas ensinavam às crianças a terem respeito a seus mestres/autoridades de ensino, portanto, trata-se de uma instrução comportamental da comunidade judaica. Assim, um ensino voltado às crianças em respeitar os seus educadores nos ambientes das sinagogas, auxiliava na função social do Estado naquela comunidade.
A Carta Magna de 1988 é um pacto político, e logrou bem instituir-se em um Estado Democrático de Direito, sendo, uma sociedade justa, fraterna, pluralista e sem preconceitos, sob a proteção de Deus. A propósito, o Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade manifestou que a proteção de Deus situa-se no campo político, e não do Direito.
Considerando que o homem é um animal social, Zoon Politikon, a Educação Cristã, assim como o cristianismo e a Democracia, eles têm vários pontos em comum, a saber, o art. 5º (CF/1988), diz que, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, a garantir o direito à vida, liberdade, igualdade e segurança. Nesse sentido a Bíblia ensina que Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10.34b). Ainda afirma que, Jesus Cristo veio a fim de que todos tenham vida, e vida em abundância (João 10.10). Mas os ensinamentos cristãos vão além, prega o amor uns aos outros assim como Jesus os amou e, deve-se suportar uns aos outros e amar até os vossos inimigos, inclusive abençoá-los (Mateus 5.27). Pode ser que alguém a se identificar como cristão pense ou faça algo diferente disso, mas não está a aplicar os verdadeiros ensinamentos cristãos em sua vida.
Chaves (2012, pág. 15) ensina que, a proposta da Educação Cristã se caracteriza pela formação integral do ser humano, a desenvolver todas as áreas da pessoa, a incluir os aspectos físicos, emocionais, intelectuais, sociais e espirituais. Nessa senda, Durães e Ramiro (2018, pág. 51) asseveram que a Bíblia é um tratado educacional, de aplicação para todos os povos, inclusive em épocas diferentes.
Assim, a Educação Cristã no Brasil se manifesta por meio do pluralismo político, como mais um instrumento de formação do caráter da pessoa humana, mas de acordo com as Escrituras Sagradas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Chaves, Gilmar Vieira. Educação Cristã, uma jornada para toda a vida. Editora Central Gospel. Rio de Janeiro, 2012.
Durães, Ivan de Oliveira. Ramiro, Elana Costa. Educação Cristã: Reflexões sobre desafios e oportunidades. 1ª Ed. São Paulo. Editora Reflexão, 2018.