Talvez, você esteja pensando, qual seria a relação estabelecida entre a identidade batista e a educação cristã? Para que se apresente tal objetivo, é preciso descrever o sentido de ser de uma identidade. Inicia-se, considerando a identidade como um elemento essencial, porque carrega uma digital que contém marcas específicas e individualizadas em conformidade com o que ela representa.
Quando se pensa na identidade, é comum associá-la a um documento que contém autenticidade. Atesta-se que é verdadeiro, legítimo e idôneo, porque está em conformidade com o que é apresentado. De fato, a identidade é um instrumento comprobatório porque contém autenticidade e traz unidade para aqueles que são seus portadores.
Ainda, é preciso ressaltar que não se pode diminuir o valor da identidade e ou ignorá-la, porque ela expressa o que se prioriza e atribui significado. Ela traz a ideia de conformidade, que atesta sobre a sua veracidade. Assim, defende-se que a identidade no contexto eclesiástico precisa ser ensinada para que ela seja conhecida. Nela, é possível identificar os pressupostos que asseguram o sentido e a razão da fé assumida.
É preciso reconhecer que a ausência dos pressupostos da fé traz prejuízos à formação a ser constituída no processo de afirmação de uma identidade. Afinal, se não tem identidade, não tem unidade. E se não tem unidade, não se tem motivos para atribuir um nome, ou seja, uma designação que tem como base a pessoa de Cristo Jesus.
Ao transpor a questão da identidade para o contexto da Igreja Batista, faz-se necessário identificar as suas marcas, ou seja, o que ela carrega enquanto sua digital. Uma forma de identificação é a partir do que ela defende como pacto de fé e que expressa a missão, a visão e os valores. Outra forma é a partir da sua declaração doutrinária, pois nela contém os pressupostos e os princípios de fé que fundamentam sua razão de ser e existir na realidade.
É neste sentido, que a identidade batista precisa ser apropriada por todos aqueles que são alcançados, quer seja pelo pacto, quer seja pela declaração denominacional, a fim de que haja unidade de pensamento com relação à fé. A unidade é sua característica fundamental, que particulariza e atribui similaridade a partir da designação Batista, contudo, é preciso alertar que ter uma identidade significa que não se é apenas portador de uma designação, mas uma testemunha viva de uma mensagem que traz transformação completa e integral ao ser humano. Afinal, a identidade se origina em Cristo, que traz unidade de pensamento, ação, sentimento e fé.
A partir do Pacto e da Declaração dos batistas filiados à Convenção Batista Brasileira, é firmado o compromisso de servir e adorar integralmente a Deus, observando a sua Palavra, seguindo os passos de Cristo e confiando no Espírito Santo que auxilia e capacita à Igreja a andar em unidade no amor. Nesta direção, compete à Igreja ensinar, crescer, desenvolver, viver, aplicar e apropriar-se dos princípios bíblicos, porque são eles que dinamizam a vida e os relacionamentos estabelecidos.
O ato de comprometer-se é sinalizador de disposição e desejo para, portanto, revela, um objetivo, uma finalidade a ser alcançada. Ainda, evidencia um propósito de caminhada a ser materializado na vida cristã. É, aqui, que surge o trabalho da Educação Cristã, como portadora da identidade e do compromisso assumidos em Cristo.
A identidade em Cristo é o elemento de conexão das Igrejas Batistas. É ela que especifica sobre o compromisso de fé assumido, por isso que não se pode desprezá-la, antes ela precisa ser conhecida e assumida, porque é nesse sentido, que surgem os posicionamentos e, também as práticas que se vivencia na realidade social. Não existe neutralidade na identidade. Ela especifica a razão de existir e ser do seu portador.
A Educação Cristã, no ato de construção de sua proposta formativa, indica a trajetória que se firma nos fundamentos da fé e que são assumidos pela denominação batista, por isso ela tem como ponto de partida o que está assentado no Pacto e na Declaração. Esses documentos expressam o jeito de ser batista, em relação ao que se crê, diante da verdade revelacional de Deus.
Os princípios a serem observados no trabalho da Educação Cristã podem ser extraídos da Declaração doutrinária batista e consistem na aceitação das Escrituras como verdade revelacional de Deus que pauta a fé e a conduta; no sentido comunitário de Igreja, formada por pessoas regeneradas; no entendimento sobre a natureza e os fins distintos de Igreja e Estado; na liberdade de consciência; na responsabilidade individual da pessoa diante de Deus, em relação aos seus atos; e na autenticidade e Apostolicidade da Igreja.
Diante dos princípios eleitos, compete a Educação Cristã pautar seu trabalho em três frentes formativas: ensino, capacitação/treinamento e prática ministerial. No ensino, a Educação Cristã expõe as Escrituras, evidenciando o mover providencial de Deus na História. Na capacitação/treinamento, ela provê as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de líderes em potencial, ao mesmo tempo, em que potencializa o uso de dons na Igreja. Na prática ministerial, é o campo de ação orquestrado pela Educação Cristã, e que atinge os diferentes setores de atuação da igreja.
Ao concluir esta breve exposição, é preciso dizer que a denominação batista só tem a ganhar com a impulsão da Educação Cristã, porque ela solidifica os princípios da fé e assegura a sua identidade que se materializa por intermédio de um trabalho sério, responsável e comprometido com os valores do Reino.