De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, ou seja, estamos falando de 45 milhões de habitantes que estão convivendo em diversos ambientes sociais e que precisam de acolhimento, pertencimento e apoio.
Vemos crianças com deficiência inseridas em escolas regulares, atletas com deficiência disputando nas paraolimpíadas, empresas públicas e privadas contratando pessoas com algum tipo de deficiência. Mas, será que podemos considerar estas ações como inclusão? O que de fato podemos entender como inclusão e como a igreja precisa lidar com este tema?
Um longo caminho teve que ser percorrido até chegarmos a tão importante conceito de inclusão, mas antes de chegarmos a ele, precisamos enveredar por outros conceitos não menos importantes, tais como:
1. Exclusão – A exclusão ocorre quando a pessoa com deficiência é rejeitada por determinado seguimento da sociedade, sendo considerada inferior ou sem valor, daí o termo, inválido. Adaptações do ambiente requer investimento e gasto de energia, por isso excluir é melhor que adaptar, pois esse alto investimento é considerado sem retorno.
2. Segregação – A segregação acontece quando a pessoa com deficiência não compartilha de um ambiente comum, elas têm um ambiente adaptado na maioria das vezes em instituições públicas ou privadas onde terão atendimento assistencial por toda a vida.
3. Integração – É quando a pessoa com deficiência passa por um tratamento através de atividades físicas ou de reabilitações com intuito de torná-la aceitável, para que esteja apta ou ajustada aos padrões exigidos pela sociedade.
E a inclusão?
Bem, antes de chegar ao conceito, precisamos contextualizar. No séc. XVII, precisamente em 1620, o francês Jean Paul, tentou ensinar mudos a falar. Paralelamente a isso, nos Estados Unidos e Canadá, surgem programas de atenção e cuidados básicos de saúde, alimentação, moradia e educação para pessoas com deficiência. No Brasil, em 1854, com a ajuda do Imperador D. Pedro II, foi fundado no Morro da Saúde/RJ, O Imperial – Instituto dos Meninos Cegos. Em 1857, o Imperial Instituto de Educação de Surdos, também no Rio de Janeiro.
Muitos esforços foram envidados para chegarmos ao conceito de inclusão, incluindo a Declaração de Salamanca que foi elaborada na Espanha, em 1994, e que tratava sobre o tema. Entretanto, apenas em 2006, a partir da Convenção sobre os direitos das pessoas com Deficiência, pela ONU, que a inclusão começou a acontecer em todo o mundo.
Hoje entendemos a inclusão como um processo em que esforços são feitos para diminuição de barreiras para que a pessoa com deficiência possa participar de forma plena e efetiva na sociedade em condições iguais as demais pessoas.
Esta participação na sociedade inclui o convívio e a inclusão da pessoa com deficiência no ambiente da Igreja. E neste sentido surge um grande desafio, pois a inclusão é mais que acesso, é aprender a lidar com o desconhecido, a conviver com os diferentes e com suas diferenças. Estruturalmente, é adaptar ambientes de forma que as barreiras de acesso sejam minimizadas, para que estes milhões de brasileiros possam adentrar nas igrejas sem precisarem enfrentar situações de exclusão, segregação ou mesmo de tentativas inadequadas de integração.
A igreja precisa entender o termo “deficiente”, para que não passe a ideia de que há alguma falha na pessoa que o impossibilite no processo de aprendizagem ou do convívio social. Não podemos também, enquanto igreja, apenas ter compaixão, pois, essas pessoas não são vítimas, são alvos do amor de Deus e precisam ser alcançadas.
A igreja para cumprir a Missão de Mateus 28.19-20,” …de fazer discípulos”, precisará adaptar seu contexto a pessoas com deficiência, promovendo a equidade, ou seja, dar a cada um de acordo com a sua capacidade, com o objetivo de desenvolver a autonomia dessas pessoas, para isso será necessário envolvimento de toda a igreja, pois as adaptações de ambiente e preparo para o acolhimento, requer investimento de recursos financeiros e humanos.
A igreja, além do acesso físico, precisará de uma equipe de membros que deem a essas pessoas, quer sejam adultas ou crianças, um cuidado espiritual de tal forma que ela venha a entender sobre o amor de Deus. Portanto, independente da necessidade de cada um, os materiais didáticos precisarão ser adaptados e avaliados constantemente, para que o ensino seja efetivo, cumprindo suas finalidades. Zabala (2010), em seu livro “A Prática Educativa – como ensinar”, destaca a complexidade das variáveis que intervêm nos processos educativos; tanto em número quanto em grau de inter-relações que se estabelecem entre elas, surgindo como um fator sensível à necessidade de se avaliar a prática pedagógica de forma consciente e objetiva.
Diante desse desafio, a igreja precisa:
. Agir com naturalidade;
. Tratar todos com respeito;
. Dar acessibilidade necessária em todos os aspectos;
. Capacitar pessoas para lidar com cada necessidade específica dos que chegam à igreja;
. Conhecer as leis de acordo com as diversas deficiências;
. Adaptar materiais de ensino bíblico;
. Ensinar de forma eficiente;
. Acolher a família…
Fonte:
FERREIRA, S. L. Educação Inclusiva. Transcrição da palestra proferida ao Conselho Municipal de Londrina. Londrina, Prefeitura, 2000.
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: como ensinar/ Antoni Zabala: tradução Ernani F. Da F. Rosa – Porto Alegre: Artmed 1998.
https://www.politize.com.br/inclusao-social/