Quando uma igreja decide se envolver com a inclusão, ela precisa estar ciente de que uma criança com TEA, tem uma família que enfrenta grandes desafios.
O primeiro desafio, é perceber que seu filho é diferente e que você precisa procurar profissionais para poder ajudá-lo em seu desenvolvimento, mesmo antes de um diagnóstico fechado de TEA.
Só que essa busca é longa e demorada, principalmente se a família não possuir um convênio médico, pois pelo SUS a demanda é muito grande e a espera é angustiante.
O TEA não é diagnosticado através de exames, é um diagnóstico clínico e é feito através de muitas observações por uma equipe de profissionais da área da saúde e mesmo após todas essas buscas, às vezes os pais ainda saem sem um laudo definitivo e são encaminhados para algumas terapias enquanto as investigações continuam.
O segundo desafio é após o laudo, quando o diagnóstico é confirmado. A maioria dos pais passam pelos estágios ou fases do luto, são eles – fase de negação e isolamento, a raiva de Deus, do mundo, questiona de quem é a culpa, depois chegam na fase da barganha e desejam até trocar de lugar com o filho.
A próxima fase é a depressão, em alguns casos, chegam até ao suicídio. Aqueles que conseguem passar pela depressão entram na última fase, percebem que o problema é real e não dá para adiar, essa é a fase da aceitação.
O laudo é o primeiro passo de um processo que será para a vida toda e quanto mais rápido os pais passarem por essas fases, mais seu filho será beneficiado.
Além disso, tem a questão do divórcio, quatro em cada cinco casais se separam antes do final do primeiro ano após o diagnóstico. Com isso, os problemas financeiros aumentam, pois a pensão, geralmente não cobre as necessidades da criança, pois as crianças atípicas gastam em média 45% a mais do que as crianças típicas. Mesmo os casais que não cheguem a uma separação, passam por problemas financeiros, pois um dos cônjuges precisa parar de trabalhar para cuidar da criança e o tratamento é caro.
Outro problema sério é o cansaço e esgotamento físico e emocional, pois tem casais que dormem apenas duas horas por noite, pois uma das características das crianças com TEA é ter um sono agitado e chegam a passar horas acordados durante a noite. O grau de estresse desses pais é tão grande que chega a ser comparado com o estresse de alguém que passou pelo holocausto ou alguém em estado de guerra.
Diante de tudo isso, a igreja precisa se posicionar, pois, incluir é acolher a família em sua totalidade, conhecer suas demandas e buscar soluções para os problemas apresentados.
Esses pais, desanimados, estressados e desestruturados, já foram excluídos pela família, expulsos de restaurantes, olhados de forma atravessada, teve o filho rejeitado na escola e às vezes a igreja é o último refúgio onde a família procura abrigo, é o seu lugar de esperança. E nós não podemos agir com um olhar de indiferença, antes, a igreja deve assumir o seu papel de lugar de acolhimento e cuidado. Agindo como Jesus nos ordenou, sendo suporte uns para com os outros.
Que Deus nos ajude a cumprir nossa missão.