Você já parou para pensar em inclusão? Você associa a inclusão somente em relação a pessoas com deficiência? Você já se sentiu excluído em algum momento da sua vida? Já pensou em exclusão econômica, intelectual, racial, política, religiosa, cultural, familiar, além da causada por alguma deformidade física ou cognitiva? A Bíblia é um livro de inclusão?
Se você nunca pensou sobre isso, gostaria que você continuasse a ler esse artigo e a partir de agora começasse a pensar se você como cristão é ou não uma pessoa que contribui para a inclusão.
Quero começar analisando a parábola do bom samaritano. Você sabe por que os judeus excluíam os samaritanos?
Essa “rixa” começou no Antigo Testamento logo após a divisão das tribos. Com a queda de Samaria, o rei da Assíria, trouxe outros povos para habitar em Samaria, a partir daí houve uma miscigenação de raças entre os samaritanos através de casamento com esses povos, tornando seus descendentes impuros. Esses descendentes “impuros”, além da mistura do sangue, houve uma assimilação dos costumes – sincretismo religioso. Os judeus considerados “puros” passaram a designar esses “mestiços” de samaritanos. E, devido aos costumes religiosos absorvidos, passaram a excluí-los do convívio e considerá-los impuros em todos os sentidos da palavra. Evitando até pisar na mesma terra.
Jesus, no entanto, conta uma parábola onde o herói é um samaritano (Lc 10.25-37), demonstrando claramente que Deus não faz acepção de pessoas em nenhum aspecto, seja ele de raça, cor, condição social ou origem familiar. Jesus quebrou paradigmas, pisou em terras samaritanas, comeu com eles, falou com mulher, discutiu as Escrituras com uma mulher, tocou em uma mulher com fluxo de sangue, e esses são alguns dos motivos pelos quais Jesus era confrontado pelos doutores da lei. Ele olhava para o ser humano em sua essência e não as suas particularidades.
Na parábola do bom samaritano, Jesus nos ensina sobre o amor ao próximo, e exatamente aquele que era visto pelos judeus como um ser desprezível, e excluído do contexto social judaico, foi o exemplo que Jesus citou como um homem digno e que usou de misericórdia para com aquele que fora ultrajado.
Os líderes religiosos da época, consideravam-se superiores aos demais, e causavam todo tipo de exclusão. Eram os detentores do direito de interpretar e ensinar as Escrituras, no entanto, não viviam.
Inclusão é retirar os obstáculos que impedem uma pessoa de viver em sociedade sem qualquer barreira, usufruindo de todos os direitos que lhe são atribuídos.
A Bíblia, principalmente no Novo Testamento nos traz vários exemplos de ensinamentos de Jesus que nos direcionam à inclusão. Por exemplo, quando ele curou leprosos, considerados imundos e que sequer poderiam entrar na cidade, vivendo literalmente à margem da sociedade. Quando ele curou cegos, dando-lhes dignidade e evitando que esses vivessem de esmolas. Quando curou endemoniados, que viviam em lugares inóspitos e longe dos seus familiares. Quando perdoou os pecados da mulher adúltera, mostrando aos judeus que todos temos pecados, mesmo que esses não sejam visíveis e identificados. Em todos esses episódios, Jesus devolveu essas pessoas à sociedade, curadas, transformadas e preparadas para voltar ao seio familiar.
Muitos cristãos estão agindo exatamente igual aos judeus, impondo aos outros um fardo que eles mesmos não carregam ou agindo de tal forma que impede outros de virem a Cristo.
Algumas igrejas e seus membros se fecham em seus mundinhos, criando seus grupinhos com as pessoas com as quais se identificam e vivem suas vidas sem se preocupar com o próximo, mesmo que esse próximo seja um membro da mesma igreja, causando uma espécie de exclusão, fazendo com que esses membros não tenham um senso de pertencimento naquele ambiente ao nível dos demais, levando-os às vezes se afastarem da igreja ou sentirem-se inferiores.
As pregações precisam focar em temas que nos conduzam à uma inclusão integral dos membros, não apenas naqueles com deficiências visíveis. Tornar a igreja uma agência de inclusão a tal ponto que todos sintam-se partícipes do Reino.
Precisamos urgentemente, como servos de Cristo, entender o real significado da palavra inclusão e ao fazer isso, nos tornarmos agentes dela.