Após a descoberta do laudo da criança autista, muitos casais se separam. O índice de separação de pais atípicos chega a 80% dos casais, causando grandes danos à mãe e a criança. A situação financeira que às vezes já não era muito satisfatória, agora vai piorar, pois essa mãe não poderá trabalhar e a pensão do pai às vezes não cobre os gastos do filho, despesas estas que chegam até 60% à mais do que a despesa de uma criança típica.
Essas mães chegam a ser preteridas até por seus familiares devido ao comportamento inadequado da criança autista. Parece que ninguém vê a luta dessa mulher no decorrer do dia a dia e só são vistas e até criticadas quando agem com desespero. Algumas chegam ao topo do desespero, causando danos a si próprias e até ao filho, como o caso recente de assassinato do filho autista e suicídio de uma mãe atípica em Águas Claras (DF), no dia 09 de janeiro de 2024, e só foram percebidos pelos vizinhos após os corpos estarem em estado de putrefação. Isso mostra o grau de invisibilidade dessa mãe e o total abandono da própria família.
As mães de crianças atípicas frequentemente enfrentam desafios significativos, como a falta de compreensão e aceitação da sociedade em relação às necessidades específicas de seus filhos. Elas podem se deparar com a escassez de recursos e apoio adequado, tanto emocional quanto prático. Além disso, lidam muitas vezes com o estigma social, isolamento e a pressão de atender às expectativas tradicionais de parentalidade. A sobrecarga emocional e física de cuidar de uma criança atípica sem apoio adequado também é um desafio comum. Essas mães muitas vezes se sentem invisíveis devido à falta de conscientização e compreensão da sociedade em relação às suas experiências únicas.
Lidar com mães de crianças atípicas requer empatia e suporte. Oferecer um espaço seguro para expressarem suas preocupações, ouvir atentamente e validar suas experiências pode ser fundamental. Além disso, fornecer informações claras sobre recursos disponíveis, estabelecer redes de apoio e incentivar a conexão com outras mães em situações semelhantes pode ajudar a diminuir o sentimento de invisibilidade. É essencial mostrar compreensão e reforçar que não estão sozinhas, promovendo um ambiente inclusivo e acolhedor.
A invisibilidade das mães de crianças atípicas pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de depressão e estresse. O enfrentamento diário de desafios, muitas vezes sem o devido reconhecimento ou apoio, pode gerar um peso emocional significativo. A falta de compreensão e empatia da sociedade, combinada com a pressão de atender às necessidades complexas de seus filhos, pode levar a um aumento do estresse que pode ser comparado ao estresse de uma pessoa em situação de guerra e sentimentos de isolamento. É crucial oferecer suporte psicológico, redes de apoio e recursos que ajudem essas mães a enfrentarem esses desafios e a preservar sua saúde mental.
A depressão da mãe atípica é outro fator que pode trazer impactos significativos no filho com autismo. O bem-estar emocional da mãe está intrinsecamente ligado ao ambiente familiar e ao desenvolvimento da criança. Essa criança agora, já tem um lar dividido e muitas vezes também não são aceitos pelos demais familiares, causando tristeza e dor nessa mãe já tão sofrida, levando-a a depressão. Quando a mãe está deprimida, pode haver uma redução na capacidade de fornecer suporte emocional e atenção às necessidades específicas do filho.
Isso pode influenciar negativamente o desenvolvimento emocional e social da criança, aumentando o risco de dificuldades comportamentais e emocionais. Além disso, a depressão da mãe pode afetar a consistência e a eficácia das práticas de intervenção e terapia da criança, pois a mãe pode enfrentar desafios adicionais na implementação de estratégias de apoio.
Portanto, é crucial abordar a saúde mental da mãe, oferecendo suporte adequado, recursos e intervenções para minimizar o impacto adverso na criança e promover um ambiente familiar mais saudável e acolhedor.
Diante desses desafios, o que nós – a igreja, está fazendo?
Algumas igrejas já envolvidas com a inclusão e o acolhimento, estão dando suporte à essas mães através de grupos de mães atípicas, onde há troca de experiências, apoio e a possibilidade de um dia de mimos e afagos para essas mães.
Como educadores e líderes, contemplemos essas mães com nosso olhar amoroso, sem indiferença e apatia. Reforcemos a visibilidade delas. Que as vejamos além do que os nossos olhos físicos possam ver: com o coração, muito amor , compreensão e acolhimento.
2 Comments
Gostei da temática. É realidade msm.
A paz do Senhor. Recebi através da minha mãe o seu texto (pelo WhatsApp), fui lendo, me emocionando e agradecendo. Meu Deus, eles nos perceberam! Obrigada pela sensibilidade em sua escrita minha irmã, me senti acolhida e confortada através de suas palavras. Isso verdadeiramente é SER igreja. Deus abençoe. Gratidão por esse despertar.