A expressão “menina dos olhos” é muito utilizada em diferentes cenários da vida cotidiana e guarda relação com o sentido de predileção, favoritismo, prioridade, preferência e relevância. Por isso, que ao usá-la a intenção é demonstrar o grau de valor atribuído ao objeto que se faz referência.
Quando se diz, tal pessoa ou coisa é “a menina dos meus olhos”, está se fazendo deferência a alguém ou alguma coisa, indicando o valor atribuído ou o grau de importância considerado. A referência envolve afeição e envolvimento, por esse motivo, já se pode compreender que esta expressão só é utilizada para fins e situações específicas.
No contexto da vida cristã, a expressão “menina dos olhos” ganha significados e um deles pode ser encontrado no livro de Provérbios, capítulo 7, versículo 2, que diz: “Obedece aos meus mandamentos para que tenhas vida; guarda a minha lei, como se fosse a menina dos olhos”. É claro, que neste contexto bíblico, ela surge como uma advertência/conselho, porém, nela é possível identificar o objeto referenciado como sendo de valor, prioridade e relevância. Esse objeto é apresentado como a lei ou a palavra de Deus.
O versículo bíblico de Provérbios adverte sobre a necessidade de obedecer e guardar a palavra de Deus/lei, como se ela fosse a “menina dos olhos”, visto que no ato de priorizá-la ocorre o processo formativo que se traduz em vida. Isso indica que, ao dar preferência, valor à palavra de Deus, aquele que assim o faz encontra e anda conforme os mandamentos de Deus.
A “menina dos olhos” do cristão é a palavra viva de Deus, pois nela é possível encontrar direções precisas e seguras para viver bem. Viver bem não guarda relação com ausência de problemas ou preocupações, antes indica a necessidade de esperar no Senhor, de confiar em sua palavra e depender da sua vontade que sempre é boa, agradável e perfeita.
Para conhecer a vontade de Deus, o cristão precisa buscar conhecê-lo com profundidade. Uma das formas para tal objetivo é por meio da sua palavra. É preciso ler, meditar e estudar com seriedade e responsabilidade, o que indica a necessidade de investir tempo. Afinal, será possível conhecer alguém a distância, ou seja, sem desenvolver relacionamentos?
A “menina dos olhos” revela a história de Deus. Ela apresenta não apenas os seus atributos, mas a sua ação e propósitos para toda a criação, inclusive, a do ser humano. Ao refletir sobre o processo constituído nas narrativas apresentadas, é possível contemplar a intervenção de Deus, que ao se fazer presente sinaliza para a concretização do seu plano desenhado e estabelecido em Cristo Jesus.
É por isso que o cristão não pode renunciar ou viver distanciado da “menina dos olhos”, a palavra de Deus. Afinal, ela possibilita que o processo da formação inicie desde a mais tenra idade, no interior da família e, posteriormente, no contexto das Igrejas, a partir de um currículo formativo constituído.
A igreja precisa assegurar o estudo eficaz e significativo da “menina dos olhos” para todas as faixas etárias. Esse estudo precisa ser vivo, real e prático, isso revela que o ato de ensinar tem que gerar o desejo no aprendente de conhecer mais e mais as Escrituras, porque elas dão testemunho do plano e propósito divinos. Elas favorecem o encontro do aprendente com a verdade de Deus.
Ao ensinar sobre a “menina dos olhos”, tanto a família como a Igreja transmitem a mensagem de valor e predileção que lhe é atribuída. Existe uma sintonia entre o que se ensina e como se vive, ou seja, entre teoria e prática. Afinal, o ato de aprender está relacionado com o processo de significação e apropriação daquilo que é ensinado.
É preciso dizer que o ato formativo não se finda, antes ele faz parte da vida, por isso que se faz necessário investir sempre em cada pessoa, ou seja, vale a pena investir na pessoa. Isso indica a presença de um continuum, ou seja, um processo educativo a ser levado em consideração quer seja pela família, quer seja pela Igreja e que demanda acompanhamento e relacionamento.
Observe que o versículo de Provérbios afirma que é na prática da obediência aos mandamentos, que não é cega, mas refletida que se tem vida. Afinal, o ato de obediência requer reconhecimento e observância do que é importante, prioritário à vida, por isso que não pode ser feito de maneira mecânica ou legalista, porque isso não produz mudança e nem crescimento.
O processo formativo requer desenvolvimento e isso envolve a presença de competências, capacidades e habilidades do aprendente em relação a situações que serão enfrentadas. Se ele apenas segue um mandamento sem compreendê-lo, distanciado da significação, o ato de aplicação será esvaziado, porque ele não vive e nem mesmo acredita na “menina dos olhos”.
Diferentemente é a postura do aprendente quando se apropriou de mente e coração dos ensinos contidos na palavra de Deus, porque eles serão evidenciados na sua maneira de viver. Diante de situações-problema, a palavra torna-se viva e eficaz e traz novidade de vida, porque ele aprendeu a confiar e depender de Deus em toda e qualquer situação.
Então, qual a sua atitude em relação à menina dos olhos: guardar ou rejeitar? Viver ou desconsiderar os seus ensinos? Essa é uma decisão que só você pode dar a resposta. Que Deus abençoe e que a “menina dos olhos” seja de fato a lâmpada que ilumina seu caminho.
Com carinho,
Gleyds