Para a realização de um trabalho efetivo no âmbito do ministério educacional da igreja, é de vital importância que o educador compreenda a amplitude da missão da igreja cristã na terra. Dessa forma, nesse artigo, exponho um breve panorama sobre a missão integral da igreja, a partir da leitura de alguns autores, especialistas no tema.
Na concepção de Grigg (1994), o entendimento sobre a Missão Integral depende, em grande medida, da profecia de Isaías, citada por Jesus, em Lucas 4.18-19: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos presos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e para proclamar o ano aceitável do Senhor”.
Com base no texto bíblico, podemos inferir que a missão de Jesus concebe o ser humano em sua integralidade. Portanto, ao abordarmos o termo Missão Integral, é importante deixar claro que esse modelo de missão não é novo, pois começa com Jesus, em seu ministério terreno, e continua com a igreja, ao longo da história.
De acordo com Padilla (2009, p. 100): “missão integral, ou seja, uma missão que inclui tanto a evangelização como o serviço e a ação social”, ou seja, o termo Missão Integral não se refere apenas à ação social realizada pela igreja evangélica, mas vai além disso, objetiva alcançar o ser humano em sua integralidade. Conforme Padilla (2009, p. 13), a expressão “Missão Integral” foi gerada no seio da FTL há, mais ou menos, duas décadas. Ela destacava que o foco da missão deveria ser mais bíblico que “tradicional”.
Padilla (2009, p. 14) acrescenta que: “O propósito da missão era salvar almas e plantar igrejas, principalmente no exterior, mediante a proclamação do evangelho”. Nesse sentido, apenas os missionários eram enviados em missão, visto que eles estavam filiados a alguma agência missionária e se entregavam ao serviço de Deus. Desse modo, só eles faziam missão, não todos os crentes (PADILLA, 2009, p.15).
Nesse viés, a missão da igreja seria a de sustentar os missionários que iam para os campos transculturais, econômica e espiritualmente (PADILLA, 2009, p. 15). Para que nenhuma injustiça seja cometida, é necessário destacar que esse foi um modelo muito útil para a evangelização mundial, especialmente na América Latina. No entanto, a partir desse modelo, há apenas duas igrejas: a que envia e a que recebe (PADILLA 2009, p.16).
Não obstante, um novo modelo missionário surgiu diante desse modelo tradicional: “A partir da perspectiva da missão integral, a missão transcultural por si só não engloba o sentido total da missão da igreja” (PADILLA, 2009, p.17).
Diante desse novo cenário, no contexto eclesiástico, a missão da igreja não se restringe mais ao fato de enviar e manter missionários. Ela envolve, também, o de pensar o sujeito em sua integralidade, levando até o indivíduo a mensagem do Evangelho “de Jesus Cristo como Senhor da vida como um todo e de toda a criação” (PADILLA, 2009, p. 17). Desse modo, entender a Missão Integral é compreender que se devem levar os valores do Reino de Deus a todas as pessoas, mostrando que uma transformação deve acontecer em todas as dimensões da vida, tanto no âmbito pessoal quanto no comunitário (PADILLA, 2009, p. 18). Assim, a missão de levar o evangelho, de forma integral, estende-se a todos os membros da igreja.
Por último, é importante entendermos, conforme Cirilo e Greenwood (2012), que, para que a missão seja integral, não há entre o evangelismo pessoal e a ação social uma questão de confronto ou de mútua exclusão no trabalho da igreja, posto que são ministérios separados, mas interligados, pois fazem parte da missão da igreja dada por Deus. Assim, podemos ponderar que os dois são complementares e não excludentes.
Referências
CIRINO, Alice Carolina Barbosa; GREENWOOD, Mark. Ministério Social Cristão. Rio de Janeiro: Editora Convicção, 2012.
GRIGG, V. O grito dos pobres na cidade: alcançando os pobres das megacidades com o Evangelho. Belo Horizonte: Missão Editora, 1994.
PADILLA, C. René. O que é Missão Integral? Viçosa: Ultimato, 2009.