A nossa vida acontece no processo, no limiar das estações, no limite das projeções e manifestações à nossa volta. No emaranhado de caminhos e descaminhos, vamos tecendo novas possibilidades, novas aprendizagens no intuito de nos conhecermos e de sermos aquilo que Deus sonhou, projetou e harmonizou para todos nós. Somos uma centelha do divino, não podemos ser aquilo que queremos, mas podemos ser aquilo que foi designado por nosso Deus. O que queremos nem sempre é o que Deus quer, mas sim o que Deus quer para nós, é de fato o que precisamos. E quando isso acontece, a nossa vida vai sendo desabrochada e somos empoderados daquilo que Deus tem para nós.
Vale expressar que enquanto a psicologia, do ponto de vista natural, defende o pensamento de que o caráter do homem é formado a partir de uma idade na infância, a filosofia bíblica, nos garante mudança de comportamento e, consequentemente a formação do caráter até a estatura de varão perfeito. O ensino, a aprendizagem e a mudança, são fatores constantes na vida do ser humano e não se limita apenas a uma determinada faixa etária.
Quando trazemos à nossa memória a forma de como Jesus vivia, da sua pedagogia de cada dia, existencialmente falando, isso nos impulsiona a uma pedagogia da solidariedade, de uma pedagogia para o outro, de uma consciência nítida daquilo para o qual fomos chamados para ser. A nossa vida é uma práxis a partir do que fazemos. Não basta teorizar o mundo, a vida e as coisas, é necessário atuar sobre ele, sobre a vida e transformá-los. E essa transformação ocorre quando temos a sensibilidade de transcendermos da estética para a ética e da aparência para a essência. A pedagogia da vida existencial está sempre em constante mudança. Hoje somos melhores do que fomos ontem, e amanhã seremos melhores do que estamos sendo hoje.
As mudanças ocorrem de forma imperceptível. Um fato curioso é que podemos cientificamente afirmar que mudanças ocorrem em nosso corpo todos os dias. As células epiteliais da pele/revestimento, por exemplo, são classificadas como lábeis, pois têm alto poder coeficiente de regeneração e estão em constante renovação. Assim também é a nossa vida. Francisco Quevedo expressou: “Nunca melhora o seu estado quem muda só de lugar, mas não de vida e hábitos”.
Em se tratando da nossa vida, que estejamos no processo para uma pedagogia melhor. Que a nossa vida enquanto servos de Deus seja desenvolver uma compreensão do conceito do ser a partir da cosmovisão cristã, vendo e tendo Deus como doador da vida, como aquele que formou o homem perfeitamente, como aquele que na sua soberania determinou os nossos dias. Essa era a proposta da pedagogia de Jesus – viver substancialmente a vontade do pai. E vivendo nesta perspectiva, vamos cumprindo a missão do Reino de Deus, contribuindo assim para expansão do evangelho através da nossa filosofia de vida. Assim, finalizamos com uma linda frase de J.I. Packer: “Jamais seguimos em frente deixando o evangelho para trás; seguimos em frente no evangelho”.
Bibliografia
PAZMIÑO, Robert W. Temas fundamentais da educação cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
RICHARDS, Lawrence O. Teologia da educação cristã. São Paulo: Vida Nova, 1983.