Caminhando para a terceira e última parte do nosso artigo para o blog da AECBB, abordando a seguinte temática: “A Pedagogia de Paulo”. Para mim tem sido uma experiência pessoal e espiritual muito proveitosa e produtiva. Na medida em que revisitei os estudos e pesquisas sobre os fundamentos da (para) educação cristã a partir da pedagogia do apóstolo Paulo e sua contribuição para a igreja cristã do primeiro século da era cristã e através dos séculos, a intenção é no sentido de continuar lendo e escrevendo sobre um assunto tão instigante e provocativo.
Começo com um fragmento do pensamento de Pazminõ (2008, p.39) quando afirma que “o ensino e o aprendizado efetivos requerem a presença e obra contínua do Espírito Santo”. O autor insiste na ideia de que, “o ensino não é somente um dom dado e motivado pelo Espírito Santo, como também requer que o mestre seja continuamente cheio e dirigido pelo Espírito Santo no processo de ensino”. Creio que o apóstolo Paulo ao escrever suas cartas tinha clareza disto, a ponto de dizer que “a sabedoria espiritual é caracterizada por um amor que edifica.”
É notório no campo literário, o esforço que o apóstolo Paulo faz no sentido de incorporar em seu ministério a noção de instrução, a intercessão e a exortação. Diante desta realidade, pondera-se: o que tem caracterizado o ministério educacional cristão, seja no âmbito da igreja local, ou em outras áreas da denominação, na medida em que se considera o fato de Deus ter vocacionado pessoas para o ministério do ensino?
Lendo as epístolas paulinas percebe-se que, o modelo de Jesus é de fundamental importância para o apóstolo Paulo. Para Sherron K. George (1993, p.67), ele “dedicou-se ao ensino e viveu o que ensinou.” No segundo artigo deste blog, mencionei que Paulo foi um mestre por excelência. “Portanto, rogo-vos que sejais meus imitadores.” (1Co 4.16). A exemplo de Paulo, o ministério de educação cristã na igreja é constituído de pessoas com autoridade divina para ensinar a Palavra de Deus.
Quero reafirmar o quanto é necessário pensar na formação das futuras gerações de vocacionados para o ministério de educação cristã na igreja local. O educador cristão precisa se permitir ser conhecido pela igreja, como uma pessoa da própria comunidade de fé, cuja vocação Deus tem confirmado no dia a dia. A presença do educador cristão no ministério de educação cristã na igreja é de fundamental importância. Cabe ao ministério pastoral dialogar com o educador cristão quando o assunto é o ensino da Palavra de Deus.
Tenho observado, que o apóstolo e mestre Paulo tem muito a nos ensinar, assim como, ele frequentava as sinagogas dos judeus, a igreja tem sido um lócus privilegiado para o exercício do ministério do educador cristão. Conforme Sherron (Ibid, p.67) “Em sua pedagogia, Paulo inovou e contextualizou, ao utilizar-se de várias linguagens de comunicação no ensino.” O autor reafirma que Paulo utiliza-se diferentes linguagens do judaísmo rabínico: “aos judeus da diáspora, a linguagem da Septuaginta; aos gentios, a linguagem helenística.” Constata-se que sua pedagogia desenvolvida durante a era apostólica, permitiu que o evangelho de Jesus Cristo fosse anunciado e contribuísse para a expansão do cristianismo. Creio que nossas igrejas precisam voltar a crescer por meio do ministério do ensino da Palavra.
Além disso, é importante destacar que as comunidades de fé receberam o ensino pessoal e epistolar. Tal atitude professoral do apóstolo Paulo, conforme descrito em suas cartas, era garantia de um ensino da doutrina cristã saudável, um zelo doutrinário, uma habilidade para promover o aperfeiçoamento dos santos através do ensino.
Reconheço que o ministério do educador cristão no contexto da igreja local, não está circunscrito a um Departamento ou Organização, mas abrange várias áreas do ministério eclesiástico. Por outro lado, a igreja precisa perceber a conexão entre dons e ministérios.
Para Sherron (p.67) “Aquelas igrejas não mais existem, nem tampouco aquelas pessoas. Portanto, o valor pedagógico das Cartas permanecem até hoje.” Para o autor, é necessário que cada cristão descubra seus dons específicos e receba treinamento e orientação para o uso correto deles. Ou seja, é importante que a igreja evangélica possa redescobrir a importância do ensino neotestamentário nos ensinos de Paulo. Um exemplo a ser seguido no discipulado cristão.
Percebe-se, ao refletir sobre a pedagogia de Paulo, que o objetivo é demonstrar as diferentes faces do ministério apostólico de Paulo, todavia, coube desenvolver um ensaio, sem nenhuma pretensão de esgotar o assunto; a expectativa consiste em continuar contribuindo através das pesquisas e estudos sobre a importância da excelência do mestre Paulo para a educação cristã. Para o momento, ele exorta: “(…) ensina essas coisas (…) aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino (1Tm 4.11,13).
Considera-se neste artigo, que as pesquisas e estudos em torno da Pedagogia de Paulo tem contribuído de maneira significa para o desenvolvimento da obra missionária e de educação cristã na igreja através dos séculos da era cristã. Ressaltar que se aprende muito com as experiências do apóstolo Paulo, na medida em que se revisita os fundamentos da educação cristã. Paulo tem muito que contribuir para o ministério de educação cristã na igreja, hoje.
REFERÊNCIA
GEORGE, Sherron K. Igreja ensinadora. Fundamentos bíblico-teológico e pedagógico da Educação Cristã. 2 ed. Campinas: Luz para o Caminho. 1993.
PAZMINÕ. Robert W. Temas fundamentais da educação cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.