Quero retomar neste artigo do blog da AECBB, mas antes dizer que, a iniciativa por parte da atual Diretoria em criar esse espaço, tem se tornado uma referência importante para a formação continuada ou permanente do educador cristão no âmbito do Brasil Batista.
Reconheço, a oportunidade e o privilégio em poder revisitar os fundamentos da (para) educação cristã, agora, a partir da pedagogia do apóstolo Paulo e, sua contribuição para a igreja cristã do primeiro século da era cristã e através dos séculos. Ele é considerado por muitos estudiosos, “o primeiro teólogo cristão, (…) mas como missionário” (p.179).
Lendo Robert W. Pazminõ, no livro “Temas fundamentais da Educação Cristã”, (2008), concordar quando ele diz que: “o educador cristão precisa considerar o extenso ministério de ensino do apóstolo Paulo no século I”. (p.38). É isso que pretendo destacar neste artigo. O autor afirma ainda que, o “foco de Paulo é a sabedoria de Deus, sabedoria cuja fonte é o Espírito Santo”.
A experiência de Paulo no caminho de Damasco e a sua conversão representou muito para a história do cristianismo. Qualquer abordagem que se faça, deve-se considerar como ponto de partida, sua experiência pessoal e de chamada com Cristo.
Conforme vem sendo dito, os escritos do Novo Testamento (NT), em forma de carta, são fundamentais para compreensão sobre os conceitos de mestre e do tipo de educação desenvolvido por Paulo, algo que permeia o campo literário. Para Hayward Armstrong (1994, p.35) ao referir-se à natureza da função da igreja como mestra, diz que: “a incerteza se deve ao fato de que Cristo foi sempre apresentado como o único mestre e que os outros “mestres” eram apenas seus discípulos”.
Para seus interlocutores, Paulo era considerado um mestre. Como disse anteriormente, Carson (et all) (p.247), “os elementos de seu ensino evangélico, como a verdade sobre a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo (1Co 15.3-5), foram-lhe passados por outras pessoas.” Isso lhe serviu como essência do evangelho. É importante saber em qualquer conversa sobre educação cristã, que os oradores digam o que é de fato essencial para se desenvolver um projeto ou programa de educação cristã saudável.
Retomando o que disse Armstrong, sua insistência, na ideia de que “ofício de mestre se encontra na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios (12.28), “Na igreja, Deus designou alguns primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro, mestres; depois, os que realizam milagres; depois, os que têm dons de curar, os que socorrem os outros, os que administram e os que falam variedade de línguas”. Percebe-se que, na descrição dos dons espirituais, os mestres ocupam o terceiro lugar. Diria que Paulo era um mestre por excelência. Precisamos ter excelência em tudo que fizermos para o Senhor.
Assim como nos tempos do apóstolo Paulo, eles formaram um corpo de professores na igreja como comunidade de fé, diria que, no caso do educador cristão seu papel no contexto da igreja local, se ampliou para a gestão da educação cristã, sendo que, à docência do ensino da Palavra de Deus é atividade fim, a docência condição para se atuar em qualquer área do ministério de uma igreja. Isso se aplica a todos os que têm o dom de ensinar. Assim como Pazminõ (p.39), pensar que “o ensino é descrito como um dos dons dados à igreja por Cristo mediante o Espírito Santo.” O educador mestre se ocupa da excelência, prioridade que se deve dar ao ensino na igreja.
Segundo Armstrong (p.36) a educação na igreja primitiva tinha duas funções principais, sendo a educação cristã, a função em que os cristãos tinham “para comunicar e conservar uma nova tradição, uma tradição cristã.” Na pedagogia de Paulo, a tradição oral dos judeus, foi fundamental para a compreensão pelos cristãos gentios acerca das escrituras judaicas. O autor afirma que “do ponto de vista do educador, o propósito por excelência dos escritos de Paulo foi ensinar.” Paulo escreveu a seus irmãos na fé para ajudá-los a conhecer e entender alguma verdade. Ser um mestre por excelência, ou seja, torna-se mestre, questão ontológica, não pode cair no senso comum das pessoas.
Eu diria que, dependendo do tempo de vida cristã de um membro de nossas Igrejas Batistas no Brasil, e a partir de uma organização e matriz curricular, natureza cíclico, já tenham estudado toda a Bíblia no mínimo três vezes, ou seja, um ensino bíblico autêntico e integralmente cristão, algo que tem contribuído para a excelência no ensino da Palavra de Deus.
A exemplo do próprio apóstolo Paulo ao endereçar suas cartas, seja aos tessalonicenses, coríntios, gálatas, romanos, efésios, filipenses e colossenses, o fez, a fim de corrigir ideias erradas, questões éticas, normas espirituais, e para mostrar como viver de modo justo e reto pela fé e pelo poder do Espírito Santo, ou como tratado doutrinário e a verdadeira natureza de Jesus entre outros assuntos relevantes para as comunidades de fé. Em todos esses aspectos havia excelência por parte do mestre Paulo.
Entendo que um programa curricular de educação cristã prescinde no desenvolvimento de uma cosmovisão cristã saudável e de excelência, principalmente em tempos de tantas distorções doutrinárias. O próprio apóstolo Paulo irá demonstrar seu profundo interesse no ensino em suas epístolas pastorais de 1 e 2Timóteo e Tito. Conforme (HAYES apud ARMSTRONG p.37) “sugere seis temas gerais nas cartas de Paulo a Timóteo que salientam a importância do ensino”.
1. O ensino é essencial para manejar corretamente a Palavra inspirada; 2. O ensino é necessário para a firmeza na fé; 3. O ensino é útil para o estabelecimento de lares harmoniosos; 4. A capacidade para ensinar é um dos requisitos para pastores e outros líderes espirituais; 5. O ensino é corolário essencial da leitura bíblica, da exortação e da pregação e 6. O ensino é apresentado por Paulo como sendo indispensável à perpetuação da fé.
Caminho para as considerações finais, dizendo que nessa segunda parte deste artigo para o blog da AECBB, é importante discorrer sobre as implicações e possibilidades, de se fundamentar bíblico, teológica e teoricamente a prática educativa do professor e do educador cristão no contexto da igreja local, a partir da pedagogia de Paulo e as origens de seus ensinos. Paulo, um educador cristão por excelência!
REFERÊNCIA
ARMSTRONG, Hayward. Bases da Educação Cristã. 2 ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1994.
PAZMINÕ. Robert W. Temas fundamentais da educação cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.