“No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida.” (João 20:1)
Não temos muitas informações sobre Maria Madalena, a não ser que era uma das mulheres curadas de possessão demoníaca pelo Senhor Jesus, tendo-lhe expulsado sete demônios (Lc 8:2) e que a partir de então passou a seguir Jesus. Ela viu o Senhor em ação muitas vezes, presenciou de seu amor e poder, ouviu seu ensino, inclusive o de que era necessário que Ele morresse, mas que também ressuscitasse. Entretanto, ela e outras mulheres vão ao sepulcro na esperança de encontrar o Cristo morto. A escuridão começada no dia anterior ainda reinava em seus corações.
Ainda era escuro para as expectativas de Maria Madalena. Quando não entendemos as palavras de nosso Senhor também não cremos nelas, mesmo que a evidência do ocorrido esteja diante de nós. Maria Madalena e as outras mulheres viram o túmulo aberto, mas não lhes passou pela cabeça que havia se cumprido o que o seu Senhor lhes falara que ocorreria. Entretanto, elas acreditam na alternativa que lhes é mais viável, roubaram o corpo. A falta de fé nos leva ao recurso do mais provável, pois com a fé esperamos o que não é trivial, que não depende das nossas próprias forças, mas da ação de Deus.
Quando não cremos corretamente também anunciamos a mensagem errada (o corpo foi roubado). A expectativa de Maria Madalena estava naquilo que era mais provável. Não somente a dela, mas dos discípulos também. Nós não vemos os discípulos se preparando para receber o Senhor Jesus ressurreto depois do terceiro dia. Não vemos uma festa preparada, com fogos de artifício prontos para comemorar a chegada do Mestre. Quando ainda é escuro não enxergamos direito e nossa expectativa é pequena. Se não há fé no que o Senhor Jesus anuncia, o tempo pode ser quase sempre escuro.
Para Maria Madalena e várias outras pessoas a sexta-feira ainda não havia acabado e o Senhor ainda continuava morto. Mas aprouve a Deus que o domingo chegasse e as negras nuvens fossem dissipadas. A sexta é dia de morte, de escuridão, mas o domingo é dia de vida, de claridade, de luz, de revigoramento da esperança. No domingo é o reencontro com a fé, abalada na sexta, mas agora revivida, pois recebe novo alento. Não há mais espaço para a escuridão, pois a ressurreição deve dissipá-la. Mas Maria Madalena ainda assim não consegue crer. Seus olhos estão encharcados pelas lágrimas, cria-se uma cortina de impede de ver com clareza o Senhor que está à sua frente. Ela o olha, mas vê apenas um jardineiro, pois o carpinteiro que havia dado a vida por ela estava morto. Ainda era escuro!
Mas (ainda bem que tem um “mas”), as coisas mudam. Jesus a chama pelo nome e neste momento a cortina se abre, a nuvem escura se dissipa, a fé é restaurada, a esperança é revigorada e o amor pelo seu Senhor não vai mais ser apagado. Quando o Senhor nos chama pelo nome não há tempo algum, nuvem alguma, lágrimas nenhuma que possam impedir de ver com clareza o Senhor que nos chama. Há clareza, há fé que efetua em nós o querer e o realizar. A mensagem que passamos a proferir é a correta, pois se viu o Senhor ressurreto. Em outro lugar o apóstolo João, que creu na ressurreição antes de todos, vai dizer que o que ouviu, viu e apalpou é o que se anuncia, pois é o que traz alegria completa (I Jo 1:1-4). O anúncio da mensagem verdadeira é que vai trazer novamente a esperança, que gera um ciclo virtuoso, propiciado pela fé (Rm 5). Não deixe que ainda seja escuro, mas saiba que a sexta-feira acabou, o domingo chegou e a escuridão foi dissipada. Escuro(?!), não mais! Aleluia!