Por que precisamos aprender mais sobre Deus e a Bíblia? Não basta que tenhamos fé e assim seremos salvos? Ou por que preciso estudar se já compreendi que Deus me ama?
Muitos Educadores Cristãos precisam lidar com questionamentos desta natureza e podem até sentirem-se desanimados. Estes tipos de perguntas podem estar evidenciando um problema muito sério: a falta de compreensão de que amar a Deus também envolve a nossa mente!
Em Lucas 10.25-28 Jesus foi indagado por um intérprete da lei como faria para herdar a vida eterna. O Mestre mantém o diálogo perguntando o que dizia a Lei sobre o que ele deveria fazer para herdá-la. Ele responde corretamente no versículo 27, apresentando dois princípios elementares da fé, Ele respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com todo o entendimento, e o próximo como a ti mesmo”.
Observe que um dos aspectos deste amor é o entendimento, ou seja, aquilo que ocorre através de nossa mente. Este é um aspecto bastante negligenciado em nosso tempo, pois as pessoas associam o amor somente a um movimento sentimental, ao afeto ou paixão por algo ou alguém, entretanto, esta é uma maneira muito reducionista acerca do amor.
Agostinho de Hipona, um dos pais da igreja levanta uma questão importante sobre o amor a Deus no livro X de confissões: “Sem sombra de dúvida, com a consciência segura digo que Te amo […], Mas o que amo quando amo a ti?” (Confissões, traduzido por Beatriz S. S. Cunha, 2019) como dito por Agostinho e a questão levantada pelas comunidades de fé amamos a Deus sem sombras de dúvida, porém o que amamos quando afirmamos isto?
Quando não usamos a nossa mente no amor a Deus podemos amar qualquer coisa que achamos que possa ser Deus, por exemplo, se hoje alguém chegasse até você para comprar um produto e oferecesse um galho como pagamento, alegando que você deveria aceitá-lo pois é o que move a economia e o mesmo possibilita que você compre outras coisas, por conhecer o que é uma moeda você não aceitaria esta oferta, por não conhecer a Deus você corre o risco de aceitar qualquer ídolo que te ofereçam dizendo ser o verdadeiro Deus.
Por isso o papel do Educador Cristão é essencial para auxiliar toda a igreja no entendimento de quem é Deus. O teólogo Jonas Madureira, em seu livro “O custo do discipulado”, mostra que há dois sentidos na palavra discipulado “Um refere-se ao ato de seguir Jesus (imitar Cristo); o outro, ao ato de ajudar alguém a seguir Jesus (ajudar outros na imitação de Cristo).” (Madureira, 2019) a função que todo cristão carrega, e em especial o Educador Cristão, representa este duplo aspecto: formar pessoas a imagem e semelhança de Jesus.
O discípulo é conhecido por carregar o ensino de seu Mestre. Vemos isso em João 14.15: “Se me amardes, obedecereis aos meus mandamentos”. Em Mateus 7.24 no final do Sermão do Monte ao terminar seu ensino sobre a lei Jesus mostra que quem ouve suas palavras e as pratica é semelhante a um homem que constrói sua casa sobre a rocha. Uma fé que é construída em uma base sólida e verdadeira através do conhecimento de quem Deus é. Após seu ensino o Mestre deixou aquela multidão maravilhada (Mateus 7.28-29).
Sendo assim, o Educador Cristão é aquele discípulo que deve constantemente seguir o exemplo de Jesus e mostrar o quanto o conhecimento correto de Deus afeta diretamente a vida prática daqueles que o ouvem. Quanto mais conhecemos a Deus e o fazemos conhecido, mais íntimos nos tornamos dele. Não há como amar quem não conhecemos e para amar a Deus esse ato deve envolver nosso entendimento.
Bibliografia
Agostinho. (2019). Confissões; traduzido por Beatriz S. S. Cunha. Jandira: Princípios.
Bíblia Online: https://www.bibliaonline.com.br/nvi
Madureira, J. (2019). O custo do discipulado: a doutrina da imitação de Cristo. São José dos Campos: Fiel.
Ramiro, E. C., & Durães, I. d. (2018). Educação Cristã: Reflexões sobre desafios e oportunidades. São Paulo: Editora Reflexão