8 de março – Dia Internacional da Mulher. A luta pelos direitos humanos de forma geral e pelos direitos da mulher, de forma particular é mais antiga do que, às vezes, reconhecemos. Eis aqui uma história milenar de cinco garotas, que pela união e proatividade conseguiram a atenção de um grande líder e do próprio Deus em favor da justiça às mulheres.
Uma mulher entrou no supermercado cantarolando baixinho. Riu para algumas pessoas, pegou alguns itens e ao passar pelo caixa recebeu de presente, um vasinho de flores, como as demais consumidoras naquele dia. Agradecendo, quis saber por que estavam ganhando flores.
– Minha senhora – é porque hoje é o Dia Internacional da Mulher – respondeu o atendente.
Ela riu para mais pessoas, cantarolou alto e saiu radiante. No dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher milhares de mulheres recebem flores. Umas ficam contentes, outras aceitam por educação, outras são categóricas em dizer que não existe nada a comemorar. Porém, quem reconhece os benefícios vindos dos resultados do empenho, ao longo da história, de centenas de mulheres em conquistar para si e para outras direitos iguais sabe que há sim algo a comemorar. São mudanças perceptíveis no quadro ideológico social e na desmistificação da ideia da superioridade masculina.
A origem da data não é concorde. Uns afirmam ser 1911 nos Estados Unidos, com a greve das mulheres e o incêndio que as vitimaram dentro da fábrica onde trabalhavam. Outros atribuem a origem às manifestações das mulheres russas em 1917, evento que ficou conhecido como “Pão e Paz”, pela luta por melhores condições de trabalho, contra a fome e a primeira guerra mundial (1914-1918).
A verdade é que a luta pelos direitos da mulher não é de agora, é milenar. O episódio que dá título a esta reflexão aconteceu no tempo do Antigo Testamento, antes mesmo de Israel se tornar uma nação, no tempo do Êxodo pelo deserto. O povo confiado na promessa de Deus, através de Moisés, caminhava rumo à terra prometida há centenas de anos aos seus antepassados. Em lá chegando, tomariam posse do território, cada chefe de família, recebendo seu pedaço de terra de acordo com sua tribo, que eram doze. Enquanto viajavam em um deserto assolador, ora acampados, ora caminhando, crianças nasciam, acrescentando número ao povo. Numa determinada família nasceu uma menina; depois outra; mais outra; ainda outra; e para completar, o quinto bebê foi também uma menina.
Aconteceu que o chefe da família, pai das cinco garotas morreu, e como não tinham um irmão para receber o pedaço de terra da herança, lei regida por um sistema patriarcal, as cinco garotas estavam destinadas a ficarem sem a herança, que no caso iria para um tio, ou seja, para outro membro da família que fosse homem. Inconformadas com a situação as cinco garotas marcaram uma audiência com o líder e apresentaram a questão. O líder levou o assunto a Deus e Ele considerou justa a reinvindicação das cinco mulheres, concedendo-lhes não só o pedido como, alterando a lei para situações futuras. Esta é a história das filhas de Zelofeade e pode ser lida na Bíblia no livro de Números capítulo 27.
A decisão das filhas de Zelofeade não foi fácil, foi perigosa. A atitude poderia ter sido encarada como desrespeitosa, trazendo castigo a todas elas. A certeza da injustiça pelo simples fato de serem mulheres e a confiança na disposição de Deus em fazer justiça a todos impulsionaram-nas à ousadia de reivindicar seus direitos à herança.
Nenhuma mulher deve aceitar ser punida pelo simples fato de ser mulher, pois não há flores que possam pagar tal preço.
Referência