O Dia Nacional da Mulher marca a luta das brasileiras pela participação nacional e o alargamento dos seus espaços na educação, trabalho, política, economia e cultura.
Muitos perguntam a razão de se ter um dia reservado às mulheres brasileiras se já existe um dia específico para as mulheres de todo o mundo – o Dia Internacional da Mulher. A lógica se confirma pelo fato de o 30 de abril ser quase que completamente embaçado pelo 08 de março, supostamente por motivos comerciais que não nos cabe refletir agora.
Na verdade, bom seria se não tivesse acontecido a cisão no entendimento do valor do ser humano. Se assim fosse, homem e mulher continuariam com a mesma dignidade de “imagem e semelhança de Deus” recebida na criação e descrita em Genesis – Homens e mulheres seriam tratados como iguais. Porém, não foi assim. Ao longo da história a realidade discriminatória da mulher se confirmou nas diversas sociedades, surgindo a necessidade das lutas pela diminuição das restrições sofridas por elas, por nós, em relação aos seus direitos.
No Brasil não foi diferente o que acarretou movimentos de mulheres brasileiras. Muitas travaram batalhas contra o sistema, em defesa de direitos que hoje, nos parecem básicos, como o de estudar, votar, exercer uma profissão, ter a guarda dos filhos em caso de separação e outros, como os garantidos pela lei Maria da Penha, que tenta minimizar a violência contra a mulher.
Dentre as que se envolveram nas manifestações e lutas destacamos Bertha Lutz e Jerônima Mesquita. Jerônima, enfermeira de profissão nasceu em 30 de abril de 1880 e viveu até 1972 e em homenagem a ela, o dia do seu aniversário foi escolhido como data oficial para a comemoração do dia Nacional da Mulher.
Juntas, Jerônima e Bertha participaram em ações em favor do direito da mulher, entre outros, ao estudo e ao voto. Se isso nos parece pouco imaginemos nós, hoje, sem direito à instrução e consequentemente sem direito à participação política. Sendo assim esses benefícios de cidadania devemos a elas e as suas companheiras, que unidas, trabalharam em prol da mesma causa e, mesmo permanecendo anônimas na história, foram presentes e reconhecidas no processo das conquistas.
Então queridas mulheres, o 30 de abril não pode continuar ofuscado pelo 08 de março. Honramos as lutas de todas as mulheres do mundo, mas precisamos conhecer e honrar as lutas das nossas irmãs brasileiras, porque graças a elas estamos onde estamos. O 30 de abril é muito mais do que um dia que faz parte do calendário oficial brasileiro instituído por um decreto. Ele existe para enfatizar a importância da criação de estratégias que promovam a igualdade de direitos entre homens e mulheres, tais como o de receber salários iguais em funções iguais, prática que advém do tempo do império, quando o homem recebia “instrução” e a mulher recebia “educação”, fato que influenciou diretamente no campo salarial. Isso provocou a luta por outro direito: o direito à Emancipação Intelectual da Mulher, mas esse é assunto para outro artigo.
O combate a todos os tipos de discriminação contra a mulher pelo simples fato de ter nascido mulher precisa continuar. Usufruímos hoje os benefícios das ações das nossas antecessoras e nós somos responsáveis em fazer o melhor para nós mesmas e para as mulheres das próximas gerações. Que o 30 de abril seja tão marcante em nossas vidas como o 08 de março.
Referências