A ele anunciamos, aconselhando e ensinando todo homem com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. (Colossenses 1.28)
Este ensaio tem como objetivo compreender a autoridade do professor em sala de aula como elemento constitutivo de sua prática na escola bíblica, um espaço de aprendizagem das Escrituras. A autoridade é um atributo intrínseco ao papel do professor em sala de aula. A noção de autoridade do professor reconhece que Deus vem capacitando sua igreja com poder, compaixão, graça e misericórdia, à luz da sua própria palavra.
Nas Escrituras há inúmeros exemplos de personagens bíblicos que o Espírito Santo usou com poder e autoridade vindos de Deus. A questão da autoridade está frequentemente ligada à inspiração das Escrituras (Mt 7.29). O próprio Jesus “ensinava como quem tem autoridade”. A autoridade do professor em sala de aula não se restringe apenas à sua capacidade pedagógica, mas também à total dependência do Espírito Santo para discernir, interpretar e aplicar as Escrituras à sua vida pessoal, espiritual e à dos aprendizes.
Considera-se que, ao indicar e eleger um corpo de professores para atuar na escola bíblica, a igreja reconhece que estes possuem vocação e dons espirituais para o magistério. Tal decisão qualifica o processo de ensino-aprendizagem e fortalece a regência do professor em sala de aula. A liderança da igreja não apenas estabelece critérios para constituir um corpo docente, mas também encontra nisso um motivo para interceder a Deus. Como alguém já disse: “A formação de uma comunidade é a obra intrincada, paciente e dolorosa do Espírito Santo.” O apóstolo Paulo orou pelos cristãos de Éfeso, para “[…] para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual é a esperança do chamado que ele vos fez, quais são as riquezas da glória da sua herança nos santos e qual é a suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a atuação da força do seu poder, […]” (Ef 1.17-19).
É necessário dar sentido e significado à noção de autoridade do professor em sala de aula, a fim de mobilizar todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem na escola bíblica em torno de um propósito divino e humano. Nesse sentido, é importante distinguir entre significado e significante: enquanto o significado consiste nas palavras que usamos para expressar o que pretendemos comunicar, o significante é a mensagem em si — neste caso, o evangelho, as boas-novas.
A autoridade do professor em sala de aula na escola bíblica implica, entre outras variáveis, no exercício da liderança, na capacidade de tomar decisões, trabalhar em equipe e dialogar com seus pares. Trata-se de qualificações essenciais e indispensáveis ao exercício da regência. Trata-se de uma autoridade fundamentada nas Escrituras, que visa à transformação de vidas.
Reconheço que conhecer as Escrituras com rigor e profundidade, bem como ter capacidade de leitura e interpretação exegética, é condição essencial para alcançar o reconhecimento da autoridade em sala de aula na escola bíblica. Percebe-se que o professor nem sempre tem noção de que Deus lhe confere um tipo específico de autoridade para exercer a missão de ensinar as Escrituras. Mas esse é um assunto para outro ensaio acadêmico.
Considerou-se, neste ensaio, que a autoridade do professor em sala de aula possui diferentes características inerentes ao seu papel na prática da escola bíblica. Ressaltou-se que essa autoridade somente poderá ser exercida na relação do professor com Deus e com o próximo, com aqueles sobre quem Deus lhe permite ser bênção.