Neste quarto e último ensaio sobre a autoridade do professor em sala de aula, pretendo tratar de três assuntos delicados, tais como: a falta de disciplina na leitura e no estudo sistemático das Escrituras — em outras palavras, estamos ensinando as Escrituras a pessoas que não leem; a falta frequência por parte da membresia na escola bíblica, causando um esvaziamento intencional; e a dificuldade que alguns professores têm em interpretar as Escrituras e aplicá-las à sua realidade do dia a dia.
Reconheço que o paradigma de ensino que temos adotado não favorece o desenvolvimento do protagonismo dos alunos em sala de aula, mas sim a passividade. O modelo da aula expositiva exige do professor certo domínio do conteúdo bíblico e das técnicas de ensino propostas nas lições. Nesse formato, o professor permanece em pé, no centro da sala, expondo a lição. Aparentemente, os alunos nem sempre leem a lição com antecedência, o que dificulta a prática docente. Ou seja, sem uma participação efetiva dos alunos, a tendência é que eles dependam exclusivamente do professor para aprender as Escrituras.
Outro fator já mencionado refere-se à falta de frequência na escola bíblica, o que dificulta acompanhar o desenvolvimento espiritual da membresia. Em algumas igrejas, os crentes fazem uma escolha entre participar da escola bíblica ou do culto dominical. Existem exceções — nem todos têm esse comportamento — mas é um problema recorrente. Além disso, muitos alunos não sabem bem o que fazer com o que estão aprendendo, se é que, de fato, estão aprendendo. Por outro lado, o professor, por vezes, demonstra pouca preocupação com a aprendizagem de seus irmãos, tratando-os como meros coadjuvantes, em vez de protagonistas.
Creio que o professor pode inverter essa lógica. Para isso, é necessário um maior comprometimento da membresia com o processo de aprendizagem das Escrituras. Sem dúvida, essa realidade já tem mudado em diversas igrejas, à medida que se dá visibilidade ao que Deus tem feito por meio da vida, do testemunho e do ministério de pessoas obedientes ao chamado de ensinar as Escrituras.
Percebe-se que esses e outros fatores interferem, direta ou indiretamente, na prática do professor em sala de aula. Nesse contexto, a curiosidade bíblica é inibida; repete-se a mesmice de técnicas didáticas; o desinteresse pela leitura e estudo das Escrituras cresce — e tudo isso afeta a saúde da igreja, tornando-a infrutífera, o que contribui para o aumento do analfabetismo bíblico. É necessário reverter essa realidade, começando pelo resgate da autoridade do professor como um dos mediadores ou facilitadores do processo de ensino-aprendizagem na escola bíblica.
É possível que não estejamos vivenciando uma crise de autoridade professoral, mas sim uma crise paradigmática na educação cristã em nossas igrejas. Entendo que os papéis de professor e aluno, embora complementares, são, no entanto, marcadamente distintos. Aqueles que ministram as Escrituras possuem o dom e a autoridade divina para ensinar, aprender a aprender, aprender a pensar e aprender a pesquisar com autoridade em sala de aula.
Considero que Deus concede dons espirituais para a edificação da igreja, o corpo de Cristo, e para o aperfeiçoamento dos santos na proclamação do evangelho. Por isso, o professor em sala de aula não pode renunciar à sua autoridade. Ele é um instrumento de Deus, e, por isso, espera-se que se dedique de coração e mente ao ministério do ensino das Escrituras na igreja, para a glória de Deus — até que Jesus volte!