Imaginar que alguém possa ser professor em uma sala de aula da escola bíblica, no contexto da igreja local, é um privilégio e uma grande responsabilidade. Entre as muitas responsabilidades do professor, destaca-se a preparação do plano de aula — prática essencial e diretamente ligada à natureza da regência em sala. Lecionar em uma classe de escola bíblica é uma vocação séria, e, nesse sentido, destaco três aspectos distintos e interligados que considero fundamentais para conhecer a Deus e fazer a sua vontade.
- Preparação espiritual: buscando a presença de Deus
O primeiro passo em direção à autoridade em sala de aula é, antes de tudo, a preparação espiritual. O professor precisa buscar a presença e o conhecimento de Deus com sabedoria e discernimento espiritual, à luz das Escrituras. É necessário “ouvi-lo quando Ele se dirige a você”, viver uma vida de oração e total dependência divina. Trata-se da natureza do serviço cristão piedoso: “Mas nós nos devotaremos à oração e ao ministério da palavra” (Atos 6.4). Assim, o professor serve à comunidade cristã como um verdadeiro discípulo do Mestre. Jesus mesmo nos ensinou a buscar ao Pai em oração. Essa preparação espiritual é imprescindível para que o professor tenha autoridade diante dos seus alunos. Afinal, não basta nos preocuparmos apenas com a forma de ler a Bíblia, mas com o fato de que ela precisa, de fato, ser lida e vivida.
- Fundamentação nas Escrituras: a Palavra como regra de fé e prática
O segundo passo consiste em fundamentar a prática educativa nas Escrituras. Isso implica ser ensinável, alguém que aprende constantemente com a própria Palavra, e que dá testemunho da revelação viva e ativa de Deus. A Bíblia é a única regra de fé e prática do professor cristão. A autoridade do educador bíblico nasce da fidelidade à Palavra e do compromisso com a verdade nela revelada. Sem esse fundamento, não há ensino que transforme nem autoridade que edifique.
- Comprometimento com o ministério educativo da igreja
Em terceiro lugar, o professor com autoridade é aquele que prepara suas aulas com dedicação, reconhecendo-se como parte integrante de um projeto educacional cristão mais amplo. Ele entende que está inserido em uma matriz curricular centrada nas Escrituras, e que sua função na igreja vai além da transmissão de conteúdo: ele edifica vidas. É indispensável que esse professor tenha um senso de pertencimento à igreja local, que não seja neófito, e que esteja em constante amadurecimento espiritual. Sua trajetória reflete uma vida de aprendizado contínuo, sustentada por experiências com Deus e por uma caminhada sólida na fé.
Esses são passos importantes para conhecer a Deus e fazer a sua vontade. A autoridade do professor na escola bíblica possui, sim, um caráter didático-pedagógico, mas sua essência é profundamente espiritual. Ela nasce de uma vida de santificação, oração e comunhão com Deus. O professor que deseja ter autoridade precisa investir tempo com o Senhor, conhecer a natureza e o caráter de Deus — seus atributos comunicáveis (como o amor, a justiça e a santidade) e seus atributos incomunicáveis (onisciência, onipresença e onipotência).
É impensável ensinar as Escrituras sem conhecer a Deus e fazer a sua vontade. Quem negligencia esse conhecimento, caminha em trevas, tropeçando pela vida. A verdadeira autoridade é aquela que se edifica sobre as Escrituras e sobre a comunicação fiel da Palavra: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus” (João 1.1-2). Concluo este ensaio reafirmando que a autoridade do professor na escola bíblica está em conhecer a Deus e fazer a sua vontade, transformando vidas por meio da preparação espiritual, do estudo e leitura das Escrituras, e de uma vida de oração e total dependência do Espírito Santo.