Muitas vezes a expressão “como” é mais valorizada que o porquê e para que. Isso indica que quando se está diante de um conhecimento novo, a busca pelo aprender ou refletir remete ao desejo de sua operacionalização. Por isso, a pergunta recorrente é: como fazer? Tem um modelo a ser seguido?
No contexto da formação explicitado em Deuteronômio 6.7-9, o “como” é evidenciado de uma maneira fácil e vivencial. Isso porque, o ato requer compartilhamento e comunicação de valores de uma geração a outra, cuja finalidade é guardar no coração.
O ato de guardar no coração expressa o grau atribuído ao que é transmitido, visto que só se guarda aquilo que tem sentido para vida, ou seja, o que é importante e tem valor para a vida. É nessa direção, que o ensino compartilhado ganhará expressão, pois fala de princípios e valores essenciais à prática de escolha e decisão do ser humano.
A prática a ser efetivada tem uma direção a ser observada, pois ela inicia no relacionamento entre pais e filhos. Assim, quando se pensa no processo formativo das gerações a ênfase recai nos vínculos afetivos construídos entre essas gerações. Tal ideia vem ressaltada por ações formativas a serem desenvolvidas, tais como: ensinar; falar; andar; deitar; simbolizar e escrever.
As ações formativas são indicativas de práticas reais que ocorrem no dia a dia. Elas são possibilidades de efetivação do bom relacionamento entre pais e filhos. A partir disso, é possível classificá-las em três categorias: cognitiva; relacional e simbólica.
A CATEGORIA COGNITIVA
Esta categoria inclui práticas que visam o desenvolvimento da racionalidade e da lógica. Então, elas estão preocupadas com a construção do pensamento a partir da utilização do raciocínio. Isso porque no âmbito do relacionamento entre pais e filhos é muito frequente a presença do porquê. O porquê sinaliza para o desejo do aprendente em descobrir a razão de ser do que está sendo ensinado.
A categoria cognitiva evidencia o papel que o raciocínio ganha no processo formativo. Afinal, é a partir do seu desenvolvimento que o aprendente pode estabelecer conexões, fazer ponderações e comparações, além de confrontar o novo com o conhecido. Isso é essencial para o crescimento e amadurecimento do ser humano em relação ao conhecimento a ser adquirido.
As ações que podem ser encontradas nesta categoria são: ensinar; falar e escrever; e elas revelam o que deve ser feito na prática, quando se visa a formação do sujeito aprendente. Assim, é preciso que o pensamento não estacione na oralidade, é imprescindível que ele possa ser sistematizado. O ato da sistematização favorece a prática da argumentação e do discurso expresso e falado.
A CATEGORIA RELACIONAL
Esta categoria sinaliza para a importância da construção dos vínculos afetivos, que são evidenciados no processo de socialização a ser vivenciado pelo aprendente. Isso indica que é na prática de vida que o aprendente tem condições de aprender com o outro. Esse outro não é um desconhecido, mas alguém que faz parte de seu convívio, o que possibilita crescer com segurança e equilíbrio emocional.
As ações formativas que constituem a categoria relacional expressam confiança, entrega e companheirismo, visto que elas sinalizam para uma prática de continuidade, uma vez que se referem ao cuidado e à atenção dispensados do adulto com o aprendente. Por isso, que no ato de andar com, já se pode evidenciar a presença de um outro que dialoga sobre o que é ensinado, isto é, observado pelo caminho.
Este processo ocorre também no ato do deitar-se, visto que ele não dispensa uma ação educadora, antes ele requer acompanhamento, na medida em que se evidência que até mesmo a hora de dormir é propícia para o ensino sobre as verdades de Deus.
A CATEGORIA SIMBÓLICA
Nesta categoria é possível a construção de símbolos que façam referência a um ensino ou princípio aprendido. Esse símbolo pode ser em forma de desenho, produção de um artefato ou musical. O interessante é que ele se correlacione com um princípio ou valor a ser apropriado pelo aprendente. É por essa razão que a representação ganha destaque, pois ela ajuda no processo de guardar no coração o que de fato é relevante para a vida.
O ato simbólico descrito na ação “amarrar como sinal” é indicativo de que o aprendente precisa obter referências concretas sobre os princípios ensinados. Partir do concreto ajuda no processo de construção do conhecimento sobre Deus e sua ação na realidade. Assim, como do papel exercido por cada participante da família.
Neste sentido, é possível criar uma música sobre o amor de Deus, um verso que demonstre cuidado e recitá-lo, um quadro que aborde sobre a criação e sua importância na vida, além de outros recursos carregados de significados. A finalidade prática é trazer à memória princípios e valores que são fundamentados na verdade revelada.
Bom, espero que você tenha apreciado as categorias e que elas possam ser aprofundadas por você. Espero, ainda, que estes pequenos ensaios tragam reflexão e lhe ajudem a criar ideias para serem sistematizadas no contexto formativo das gerações. Fico por aqui, um grande abraço virtual. Até a próxima.