No primeiro artigo falamos sobre o que é Culto Infantil e quais os seus objetivos. Você já leu?
O culto é o momento de aprender, compartilhar, interagir, falar com Deus e escutá-LO. É importante ressaltar que o culto com músicas, linguagens adequadas às crianças e ludicidade não significa que tenha adoração menor ou que possua menor importância. Faz-se uso de recursos que atendam o desenvolvimento cognitivo da criança com vistas a facilitar sua compreensão. Não são os recursos que transformam, mas a Palavra de Deus!
Para isso, a criança precisa saber o que de fato está acontecendo e porque é importante que ela esteja reunida com outras crianças na igreja. Ela precisa saber o que está fazendo. Nosso papel não é condicionar, mas conscientizar, e contribuir para sua formação. O culto segue um programa, uma liturgia e a cada momento é explicado o que irá acontecer e o porquê. Dessa forma, a criança não memoriza mecanicamente, mas interioriza de forma consciente, ao mesmo tempo em que aprende que há uma organização e os momentos não são aleatórios.
A palavra grega leitourgia, usada no Novo Testamento, é composta de duas palavras gregas – povo (Laós) e trabalho (érgon), significa serviço para o povo, obra do povo, ministério, serviço religioso. Liturgia é tudo o que se refere ao culto e suas diversas partes ou atos. (CULTO E ADORAÇÃO: DOCUMENTOS BATISTAS, 2011)
James Smith, no primeiro volume da trilogia Liturgias Culturais, traz que “toda liturgia constitui uma pedagogia que nos ensina, por meio de todas as formas precognitivas, a sermos um certo tipo de pessoa” e enfatiza que a liturgia é ensino e nela a cosmovisão está presente. Para ele, o reunir-se, é em si um ato escatológico, uma vez que aponta para a reunião e comunhão eterna dos santos.
Assim, o reunir-se, a liturgia e as ações desenvolvidas após os encontros, estão intimamente ligados à adoração, comunicando de forma prática aquilo que se ama e acredita. Isso precisa ser ensinado à criança, para que ela saiba o real sentido de tudo quanto está acontecendo e possa vivenciar suas próprias experiências.
Em geral, o Culto Infantil acontece em dois momentos: um no grande grupo onde acontece a liturgia propriamente dita, e um segundo momento com divisão em grupos menores, para vivência. A ordem dos momentos será de acordo com o público contemplado e realidade da igreja.
Um fator importante para ser analisado é a faixa etária, geralmente de 3 a 8 anos (mas que pode variar de acordo com o contexto local). Realizar o culto com um grupo misto entre essas idades é desafiador e exigirá da equipe habilidade em transitar na linguagem para alcançar a todos. No entanto, estimula competências por parte das crianças, em participarem juntas de um mesmo momento.
Ao chegar, recepcione as crianças com alegria, diga-lhes o quão maravilhoso é tê-las ali presente. É horrível quando chegamos em algum lugar em que não somos bem recebidos. As boas-vindas são excelentes “quebra-gelos” e abrem portas para uma boa comunicação.
Proponha um momento de oração com as crianças, enfatizando que oração não é apenas “fazer pedidos para Deus”. Fazemos pedidos, sim, crendo na ação e intervenção do Senhor, mas também oramos em atitude de adoração e exaltação à grandiosidade de Deus. Oramos para agradecer seus grandes feitos em nossas vidas. Oramos intercedendo a favor de outras pessoas, e oramos em contrição confessando nossos pecados. A oração sincera nos aproxima de Deus e firma conceitos sólidos, a criança precisa aprender a orar.
Em seguida, vamos fazer a Leitura Bíblica. Escolha um texto pequeno, que esteja alinhado com o princípio a ser trabalhado no culto. Textos grandes farão com que as crianças menores percam a atenção, dificultando a compreensão. Como nem todas as crianças já estão alfabetizadas, recursos visuais são grandes aliados. Atenção também à tradução. Havendo alguma palavra ou expressão diferente, é sempre bom explicar o significado.
A mesma orientação, segue para o momento de adoração e louvor. As músicas precisam estar alinhadas com o tema e objetivos do dia. Uma dica, é pensar na organização das músicas, da seguinte forma: inicie com músicas mais embaladas e coreografadas e introduza uma música mais “calma” antes da mensagem. Isso ajudará a produzir um momento mais propício à tranquilidade, diferente de propor uma música bastante ritmada e em seguida pedir que todos se sentem e estejam atentos ao que está por vir.
Durante o louvor é realizado o momento de ofertório, onde as crianças também podem adorar com as finanças. Algumas recebem mesada e desejam dizimar. A Bíblia nos orienta a como lidar com o dinheiro e a criança não está dissociada desses aprendizados. É importante que ela compreenda que é igreja, faz parte de uma comunidade de fé e tem responsabilidades. Após esse momento, oramos em gratidão ao Senhor e já pedimos que nosso coração esteja aberto e sensível à Sua Palavra.
Para o momento da Mensagem, objetividade e clareza são essenciais. É o poder do Evangelho que alcança e transforma a criança. A mensagem precisa ser contextualizada, produzindo reflexões e ações.
Encerramos a liturgia com oração e louvor, conscientes de que a adoração não cessa ao dizermos “amém!”.
O desenvolvimento do Culto Infantil é uma experiência maravilhosa que produz frutos incríveis. Vamos aprimorar explorando a ênfase didática da liturgia?
- Boas-vindas
- Oração
- Leitura Bíblica
- Louvor
- Ofertório
- Oração
- Mensagem
- Encerramento