Por vezes nos deparamos com roteiros de Culto Infantil, seleções de temas e propostas de atividades nesta direção. São válidos, importantes e necessários. Mas hoje nosso objetivo consiste em promover uma reflexão sobre o que de fato é o Culto Infantil, ele é realmente necessário? Quais os seus objetivos e quais as implicações para sua realização?
A palavra “culto”, tem sua origem no latim, “cultus” cujo significado abrange cuidado, cultivo, adoração, reverência. Assim, o culto consiste no cultivo à adoração. Não é apenas adorar, mas cultivar a adoração.
“Adoração” por sua vez, consiste em se curvar e prostrar como forma de rendição e entrega total.
No Antigo Testamento (AT), no hebraico HISAHAWAH (schachah) significava reverência e prostração. No AT o sentido era para curvar-se para homenagear autoridades ou homens importantes. O sentido de curvar-se para Deus está nos textos de Gênesis 24.52, 2Crônicas 29.29, 2Crônicas 7.3 e Salmo 95.6. No Novo Testamento (NT), a palavra usada é Proskyneõ (Proskuneim), termo grego especificamente aplicado para Deus com o sentido de humildade, submissão, reverência e prostração (Atos 8.27; 10.25-26; Apocalipse 4.8-11; 5.8–10; 19.10; 22.8-9 e João 12.20. Adoração compreende não só o ato externo, gestual ou visual, mas deve ser acompanhado ou motivado pela atitude interna. (CULTO E ADORAÇÃO: DOCUMENTOS BATISTAS, 2011)
Quando olhamos para João capítulo 4, podemos observar a essência da verdadeira adoração: “em espírito e em verdade”. Vemos também quão necessário nos é aproximarmos de Jesus e aprofundarmos nosso relacionamento com Ele. À semelhança da mulher Samaritana, nossa concepção em relação a Jesus vai sendo ampliada à medida em que O conhecemos.
No versículo 9, ela tem uma primeira impressão ao vê-Lo: é judeu. Durante o diálogo, ela percebe que Jesus não era “apenas um judeu”, e embora não tivesse plena compreensão, sua percepção é ampliada, ao que diz: “vejo que és profeta” (versículo 19). Por fim, Jesus se revela (versículo 26) e a mulher Samaritana então passa a conhecê-Lo e contemplá-Lo. Após este processo, aquela mulher usa sua vida para anunciar a Cristo, uma vez que O conhece e adora.
Quando falamos do Culto Infantil, a premissa é a mesma: adoração ao Senhor!
O objetivo máximo do Culto Infantil consiste em conduzir a criança a aprofundar seu relacionamento com Cristo, o Salvador, de forma que verdadeiramente O conheça, e apresente todo o seu ser em atitude de adoração.
No Culto Infantil, a criança aprende que adoração não é apenas para adultos e que ela também pode adorar ao Senhor. Vemos nas Escrituras a participação das crianças no ministério de Jesus e o quanto Ele se alegrava com isso. Temos também alguns objetivos específicos:
1- Crescer em direção a Deus
Aprofundar o relacionamento com Deus implica em conhecê-Lo e compreender que a adoração não é restrita ao momento do culto, mas o adoramos com toda nossa vida. A criança precisa conhecer e reconhecer a Cristo como Senhor e Salvador de sua vida, firmando com Ele compromisso eterno (Jo 3.3).
2- Crescer em direção à igreja
É aqui onde entra a compreensão da importância do relacionamento uns com os outros. A criança deve entender o porquê de estarmos reunidos cantando, lendo a Bíblia e realizando tais atividades. Crescer nesta direção também implica em saber que servimos ao Senhor servindo uns aos outros (Sl 100.2).
3- Crescer em direção aos não alcançados
Consiste na compreensão e preparo para cumprir a missão que recebemos. Através do Culto Infantil a criança compreende qual é esta missão, como e onde ela pode cumprir, glorificando ao Senhor (Mt 28.19-20).
O Culto Infantil não é uma “atividade” para compor as áreas de atuação do Ministério Infantil. Também não é um meio para tirarmos as crianças do templo para que os adultos possam adorar a Deus. Tampouco uma repetição da escola bíblica. Culto Infantil é culto, é adoração, numa linguagem de fácil compreensão pela criança.
Temos o dever de preservar os direitos espirituais da criança, e o culto faz parte. A criança tem o direito de cultuar ao Senhor, e esta responsabilidade é nossa. No próximo artigo desta série veremos como desenvolvê-lo.
E então? Vamos fortalecer o Culto Infantil?