“Irmãos, não queremos que ignoreis a tribulação
pela qual passamos na Ásia, porque foi muito
acima das nossas forças, de tal modo que
chegamos a desesperar da própria vida”
(2Cor 1.8)
Adversidades…, quem não as tem? Certamente que esta é uma pergunta retórica, mas que está cheia de respondentes. Todos os dias temos de estar dispostos a enfrentá-las. Mesmo para aqueles (se existia algum!) que, absortos em seu próprio mundo, viviam no seu mar de tranquilidade, a pandemia da Covid19 lhes ensinou que as adversidades batem à porta. Conceitualmente, adversidade significa “o que traz consigo desgraças ou infortúnios”, o que na prática nós sabemos muito bem.
As adversidades podem chegar de forma muito forte e inesperada, a ponto de trazer desesperança, ou medo profundo do que poderá vir, ou depressão etc., ou uma combinação de tudo isso. Parece que foi o que o apóstolo Paulo passou em determinado momento. A situação ficou tão grave que o sentimento foi de pensar que ia morrer ou que não valia a pena viver. Isto não é diferente para muita gente nestes dias. Quantas pessoas chegaram na linha limite, que cruzando-a não teriam mais como voltar! Ela não escolhe classe social, escolaridade, religião, situação política, mas quando vem (e virá!) é preciso saber como lidar com ela.
Pois bem, como lidar com as adversidades, já que como alertou o Senhor Jesus elas fariam e fazem parte de nossa vida (Jo 16.33). Talvez esse seja o ponto chave. Eu não tenho uma resposta definitiva para esta questão, mas o contexto bíblico da desesperança de Paulo pode nos ajudar a pensar. Primeiro, Paulo diz que as adversidades sempre devem nos levar ao louvor e a glorificação de Deus (2Cor 1.3). Deus mesmo é quem deve ser o motivo de nosso louvor, pois é ele quem nos livra das e nas adversidades. É Deus quem pode nos dar ânimo para vencê-las. E ele faz isso em Cristo Jesus. Veja que Paulo bendiz ao Deus que i) é Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, ii) é Pai das misericórdias e é iii) Deus de toda consolação.
Segundo, por mais estranho que pareça, Deus permite que as adversidades ocorram (2 Cor 1.4). Quais? Qualquer uma delas! Mas, o Deus que permite as adversidades é também o “Deus de toda consolação”. E o consolo que ele nos dá, além de vir dele mesmo, vem também de outras pessoas que são sofredoras como nós. Isso é algo que temos de aprender! Aprender a crescer nas adversidades, sabendo que podemos ajudar aqueles que passam por elas. Pode ser que não consigamos livrar alguém de seu sofrimento, mas podemos lhe trazer consolo e encorajamento em meio às aflições. Ou seja, quando passamos por tribulação e recebemos o consolo de Deus ou dos outros, nos tornamos aptos a consolar alguém.
Terceiro, em tempos de sofrimento é época de cuidar dos outros! Sim!, é tempo de estender a mão ao aflito. Não é época de olharmos só para nós mesmos, ou de autocomiseração, mas de olhar o outro e lhe prestar ajuda e consolo, pois é para isso que fomos chamados. Assim, ao passarmos por tribulações e recebermos o consolo de Deus e de outras pessoas, estamos aptos para retribuir esse mesmo cuidado, que vai até o outro e lhe estende a mão. E não é necessário que se passe pelo mesmo sofrimento do outro para lhe trazer consolo, porque quem sente o consolo de Deus pode consolar outro em qualquer tribulação. A oração é um meio poderoso para isso também (2Cor 1.11).
Na intercessão, abençoamos e somos abençoados. A igreja que ora pelos seus membros é uma igreja que louva a Deus nas tribulações. Portanto, rompamos em louvor ao Deus de misericórdia – “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Amém!