Considera-se que faço uma tentativa de trabalhar a ideia de ferramentas bíblicas de aprendizagem relevantes e indispensáveis ao professor da Bíblia, quando aplicadas no ensino presencial em sala de aula e/ou online, neste caso, para no ambiente virtual imersivos de aprendizagem, uma vez que o aprendizado bíblico não se constrói somente na sala de aula na EBD dominicalmente, mas em outros espaços educativos. Entendo que a “sala de aula é um todo sistêmico, integrado, conectado, que se transforma a cada fala”.
Necessitamos aprender a Bíblia “para a plena inserção no tempo e no espaço em que se vive e convive”. Nesta perspectiva as ferramentas bíblicas de aprendizagem precisam estar disponíveis a fim de melhorar o processo de ensino e aprendizagem. Considera-se que como professor da EBD tomamos diariamente decisões com relação a quais ferramentas bíblicas de aprendizagem a serem adotadas enquanto recursos para o ensino bíblico para ensinar e estudar a Bíblia.
As ferramentas bíblicas de aprendizagem fazem parte do processo de planejamento do professor no momento de construir seu plano de ensino, aula. Esse planejamento tem como parâmetro o Projeto Educacional Cristão (PEC) e, matriz e organização curricular mais flexíveis. No planejamento do PEC destaca-se três aspectos fundamentais que precisam ser considerados: 1) Identidade metodológica – Quando são elencadas as ferramentas bíblicas de aprendizagem a serem adotadas em sala de aula; ou seja, cabe aos professores recorrer ao elenco de ferramentas indicadas; 2) intencionalidade educacional – Toda ferramenta bíblica de aprendizagem cumpre um objetivo no processo ensino aprendizagem e, consequentemente, na formação e transformação das pessoas e, 3) formação de professores para o ensino da Bíblia – Significa prepará-los para o melhor uso das ferramentas bíblicas de aprendizagem.
Conforme esses três aspectos elencados acima, o professor tem entre outras atribuições, a competência para selecionar e organizar os conteúdos do conhecimento bíblico e, qual a melhor ferramentas bíblica de aprendizagem a ser adotada. Cabe ao professor diversificar no uso de diferentes ferramentas bíblicas de aprendizagem, para isso será necessário clareza da natureza e finalidade do conteúdo do conhecimento bíblico.
Lembre-se que não basta diversificar, é necessário que quem esteja na outra ponta tenha o motivo e a motivação para aprender a Bíblia. Ensinar a Bíblia é um processo social, espiritual e pessoal que visa a transformação de vidas. As ferramentas bíblicas de aprendizagem adotadas permitem ao professor e alunos uma maior interatividade em sala de aula, um ambiente colaborativo de aprendizagem.
Neste caso, considera-se o professor como um dos mediadores, interlocutor, facilitador do processo ensino e de aprendizagem. Reconheço que ainda predomina em nossas EBD a figura do professor transmissor, modelo jesuítico de ensinar o conhecimento bíblico. Trata-se de mudança de foco na ação de ensinar a Bíblia. As ferramentas a serem adotadas pelo professor precisam de certa maneira estar relacionadas a realidade do seu alunado, reconhecer que cada um aprende de uma forma e em um ritmo diferente. Por outro lado, é preciso ir além da experiência pessoal das pessoas envolvidas no processo ensino aprendizagem.
A sala de aula torna-se um laboratório na medida em que o professor faz de sua prática educativa uma ciência a ser estudada, mas faça isso sempre sob a dependência de Deus. Ou seja, a ciência nunca nos dirá o que fazer ou o que não fazer; só pode nos dizer o que é mais provável acontecer se fizermos isso ou aquilo” (p. 15). Qualquer que seja a ferramenta bíblica adotada pelo professor em sala de aula irá permitir desenvolver de maneira lógica e sistemática o conteúdo bíblico.
Percebe-se que as ferramentas bíblicas de aprendizagem além de serem associadas a uma metodologia, também cumprem uma finalidade, como realização de diagnóstico a partir da realidade vivida pelo professor. A adoção de qualquer que seja a ferramenta bíblica exigirá competência técnica. Ou seja, o professor da EBD está sempre fazendo escolhas importantes. Diria que uma destas escolhas, refere-se à arquitetura da sala de aula. Uma sala de aula em que os alunos estão acomodados em bancos, dificultará ou facilitará a adoção determinadas ferramentas bíblicas. “Precisamos de ferramentas abertas, que não valorizem um único perfil de pessoa ou, ainda, que se baseiam em um arquétipo desenvolvido em culturas diferentes”.
Podemos considerar também que, ao adotar uma determinada ferramenta bíblica, ter em mente uma concepção de ensino e aprendizagem e as metodologias de ensino tais como: as Metodologias Ativas, Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), Aula Invertida etc. Diria que historicamente (antecedentes) na década de 1970 a ênfase recaiu sobre as estratégias, recursos e técnicas de ensino. A formação do professor tinha um viés para técnico. A tendência atualmente é revisitar uma formação mais técnica, chamo de neotecnicismo pedagógico.
Você se lembra do retroprojetor portátil? Muito utilizado a partir da década de 1970. Antes disto tradicionalmente a lousa tornou-se historicamente com o advento da sala de aula, o recurso por excelência do professor. Constata-se que o professor se utiliza de ferramentas antes, durante e depois de ministrar o ensino da Bíblia.
As ferramentas bíblicas de aprendizagem sempre possibilitam uma leitura mais inteligente e efetiva da Bíblia, mas não podem ser vistas como um fim em si mesmas, mas meio. De modo que, pretendo no próximo ensaio, discorrer sobre alguns aspectos práticos na adoção de ferramentas bíblicas de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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