Neste ensaio, quero sugerir, um passo a passo para a implementação da Educação Cristã diferenciada na prática. Para tanto, comece fazendo um diagnóstico da sua própria realidade, de onde, de que lugar, se encontra o professor e os aprendizes na EBD, no contexto da igreja local, nas formas de gerir um PEC e a prática educativa cristã em sala de aula. Tal diagnóstico permite aos professores tomarem decisões pedagógicas práticas, tendo em vista a personalização do aprendizado das Escrituras.
Como foi dito anteriormente, a adoção de um portfólio de aprendizagem para cada pessoa individualmente, é imprescindível. Entendo que a seleção e organização do conteúdo do conhecimento bíblico, teológico é de competência do professor, bem como o desenvolvimento de novas habilidades. Ao invés de planejar isoladamente, ou seja, para alguém, executar, desenvolvam a prática do planejamento participativo, colaborativo e compartilhado com todos. Isto exigirá um tempo de preparação e de implementação. O papel do professor é observar e escutar as pessoas enquanto elas aprendem as Escrituras, isso perpassa o planejamento da aula. Trata-se de um trabalho pedagógico contínuo, permanente. Implica em desenvolver um autoconhecimento do perfil de pessoas, bem como o nível de conhecimento que dispõe das Escrituras.
A partir do que tem sido exposto até o momento, passo elencar algumas ações práticas que podem contribuir para aprendizagem personalizada: a) Oportunize uma maior autonomia das pessoas quando estiverem aprendendo as Escrituras; b) Tenha objetivos claros e bem-definidos quando estiver ensinando; c) Torne suas aulas imprevisíveis, quando possível será necessário, que você se volte para as pessoas, encoraje-os, explore suas habilidades, procure conhecê-las, lembre-se de que somos pessoas únicas, cada um com suas características e particularidades.
Sugiro que o ministério de Educação Cristã promova encontros periódicos entre os professores, ou seja, formação em serviço, permanente, a fim de dialogar sobre a prática educativa em sala de aula. Motive seus professores a fazerem relatos de experiência da prática vivida, vivenciada; a desenvolver a capacidade de tomar decisões e resolver problemas. Mas motive as pessoas a fazerem um esforço, de persistir no estudo das Escrituras, de preferência adquirindo diferentes versões da Bíblia de estudo, excelentes Comentários e Dicionários Bíblicos, a serem mais autônomas, desenvolver um senso “de pertencimento diante dos outros, quando percebem que o que estão aprendendo é pessoalmente significativo para o seu desenvolvimento pessoal, espiritual e ministerial.” (p.19).
A aprendizagem das Escrituras deve abordar conteúdos que façam sentido para as pessoas, que seja do seu interesse. Uma premissa para que aprendizagem seja significativa, é preciso que a pessoa seja “desafiada”, estimulada a aprender, aplicar, em desenvolver saberes e transformar o conhecimento bíblico em ações propositivas. Estamos tratando da Revelação divina, isto se aplica a toda a igreja. Sabe-se que a necessidade de atualização permanente é algo imprescindível para o desenvolvimento no serviço cristão. Por outro lado, o cristão que não lê e estuda as Escrituras, estará desatualizado.
Entendo que a construção de um PEC pressupõe acompanhar o processo de desenvolvimento espiritual de toda a igreja por meio do estudo sistemático das Escrituras. É visível em uma sala de aula na EBD, algumas lacunas existentes entre as pessoas quando o assunto é o conhecimento bíblico, teológico. O que alguns chamam de “analfabetismo bíblico”. Percebe-se que não há um conhecimento pronto e acabado, mas em construção. O acompanhamento personalizado, a partir de uma Educação Cristã diferenciada na prática, permite adoção de um portfólio de aprendizagem de cada pessoa.
Considerou nesta primeira parte, um passo a passo para implantação da Educação Cristã Diferenciada na Prática a partir da aplicação de um diagnóstico da sua própria realidade, de onde, de que lugar, se encontra o professor e os aprendizes na EBD, adoção de um portfólio de aprendizagem para cada pessoa individualmente e algumas ações práticas que podem contribuir para aprendizagem personalizada. De modo que, pretendo continuar na última parte deste ensaio abordando a importância da coordenação do ministério de Educação Cristã.
REFERÊNCIAS
BACICH, Lilian; NETO, Adolfo Tanzi; TREVISANI, Fernando de Mello. Ensino híbrido. Personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso. 2015.
SMITH, David I. Pedagogia cristã: como praticar a fé em sala de aula. 1 ed. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2022. (Coleção Fé, Ciências & Cultura).
ZUSHO, Rhoda Bondie Akane. Diferenciação pedagógica na prática. Rotinas para engajar todos os alunos. Porto Alegre: Penso. 2023. (Série desafios da Educação).
WEBSTER, John. A cultura da teologia. São Paulo: Vida Nova, 2023.