“Aquele que está ávido tanto por aprender quanto por ensinar deve aprender tudo o que é possível ser aprendido e adquirir aquela capacidade discursiva que convém a um teólogo. Mas, quando chegar o momento de falar, que ele reflita sobre aquela declaração do nosso Senhor (…) “Não vos preocupeis com o que falareis nem como falareis, pois naquela hora vos será dado o que dizer. Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala por meio de vós””. (Agostinho De doctrina Christiana, apud Webster, 2023, p.178)
Neste ensaio introdutório desenvolvido para o Blog da Ordem dos Educadores Cristãos Batistas do Brasil (OECBB), pretendo apropriar-me e, concomitantemente, desenvolver a ideia de uma “Educação Cristã diferenciada na prática!”, ou seja, uma tendência pedagógica aplicada a realidade educacional cristã no contexto da Igreja local, bem como na prática educativa do professor em sala de aula. Diria de antemão que, uma tendência pedagógica denominada “Educação Cristã diferenciada na prática!”, não se restringe a prática professoral em sala de aula na Escola Bíblica Dominical (EBD), mas uma proposta que implica na construção de um projeto de gestão em Educação Cristã desenvolvido no âmbito da Igreja local pelos sujeitos envolvidos com o ministério de Educação Cristã.
Nosso objetivo ao construir uma proposta de “Educação Cristã diferenciada na prática!”, é assegurar que todas as pessoas envolvidas em nossas igrejas, por meio de um Projeto Educacional Cristão (PEC) consolidado na prática educativa em sala de aula pelo professor, garanta que todos possam aprender as Escrituras continuamente a partir de uma educação cristã personalizada já que, o conhecer, o aprender e o apreender as Escrituras não se dá de imediato na vida e no ministério dos sujeitos no processo de aprendizagem.
Trata-se de um movimento que deve projetar (do grego projecte, “lançar se para a frente”) as pessoas no conhecimento sistemático, intencional e metódico das Escrituras de tal modo que possam desenvolver o aprendizado integral, “aprender a pensar e viver de modo diferente e transformador” a partir de um viés educacional fundamentado no plano salvífico de Deus. Trata-se de uma nova “arquitetura” pedagógica de educação cristã projetada com base em referenciais didático pedagógico e epistemológico do tipo “estudo personalizado”.
Diante desta possibilidade, pondera-se: como as pessoas em nossas igrejas estão aprendendo as Escrituras, dominicalmente, como é de práxis, examinando as Escrituras para ensinar outros, e, como podemos tornar dinâmico, esse processo na prática educativa cristã mais significativo para todos? Até que ponto é permitido romper com as rotinas de uma sala de aula convencional e tradicional adotando práticas diferenciadas ao promover uma aprendizagem significativa na vida cristã das pessoas? Como podemos avaliar o impacto desta tendência pedagógica, de Educação Cristã diferenciada na prática e no aprendizado das pessoas em relação ao ensino das Escrituras? Essas são algumas das ponderações e inquietações que faço a fim de tentar alcançar os objetivos propostos neste ensaio acadêmico.
Primeiramente, faz-se necessário, conceituar o que entendemos por Educação Cristã diferenciada na prática; já que a educação cristã é um projeto de transformação e formação da pessoa humana na perspectiva de uma cosmovisão cristã; segundo lugar, identificar as implicações de uma Educação Cristã diferenciada na prática e, por último, estabelecer um passo a passo para a implementação de Educação Cristã diferenciada na prática. Esses e outros subtemas serão desenvolvidos nos próximos artigos.
Considerou neste ensaio introdutório que a Educação Cristã diferenciada na prática, consiste em uma tendência pedagógica do campo educacional aplicada ao PEC, bem como nosso objetivo em assegurar que todas as pessoas envolvidas em nossas igrejas, por meio de um PEC e, nossa capacidade de problematização de um tema atual para a pesquisa em Educação Cristã. No próximo blog, pretendo refletir entre outras coisas, natureza, finalidade e missão educacional, missional e vocacional da igreja.
Segundo Miliband (2006, p.24), ao afirmar que personalizar não é um retorno às teorias de aprendizagem centradas no aluno; não é abandonar o currículo ou os objetivos de aprendizagem desenhados para determinado ano ou segmento de ensino, nem deixar que os alunos aprendam por si só; tampouco significa deixar que eles escolham o caminho de aprendizagem que querem seguir; por sua conta e risco. A proposta está centrada no desenho do percurso educacional de acordo com um conteúdo que faça sentido aos alunos, por meio da oferta de experiências de aprendizagem que estejam alinhadas às necessidades educacionais, habilidades e competências, possíveis de contemplar dentro de um campo de experiências indicado para a faixa etária, que favorecem o protagonismo e o desenvolvimento da autonomia. Personalização está relacionada, nesse aspecto, à identificação das reais necessidades de aprendizagem dos estudantes, individual e coletivamente, e das intervenções que o educador realizará no sentido de possibilitar que seus alunos aprendem mais e melhor.