Conforme abordado, no artigo de novembro de 2021, pretende-se neste blog, discorrer sobre os itens 7 e 8 dos Princípios Batistas, que tratam, no item 7 – do ensino e treinamento e da Educação Cristã e, no item 8 – Educação Cristã, cujo objetivo consiste em compreender a importância de revisitar a educação cristã e seus fundamentos. Quero ressaltar, que esses dois últimos artigos, na verdade, se trata de um ensaio acadêmico.
Os Princípios Batistas, um dos documentos referência, norteador dos Batistas Brasileiros, objeto de estudo e pesquisa, de vários especialistas da área, sempre que possível, tem sido revisitado pelo educador cristão. Neste artigo para o blog da AECBB, vamos abordar, em particular, os itens 7 – ensino e treinamento e 8 – Educação Cristã. Vamos começar pelo item 7 – O ensino e treinamento. Para tanto, vamos descrevê-lo na íntegra, para melhor compreensão.
O ensino e treinamento são básicos na comissão de Cristo para os seus seguidores, constituindo um imperativo divino pela natureza da fé e experiências cristãs. Eles são necessários ao desenvolvimento de atitudes cristãs, à demonstração de virtudes cristãs, ao gozo de privilégios cristãos, ao cumprimento de responsabilidades cristãs, à realização da certeza cristã. Devem começar com o nascimento do homem e continuar através de sua vida toda. São funções do lar e da Igreja, divinamente ordenadas. E constituem o caminho da maturidade cristã. Desde que a fé há de ser pessoal, e voluntária em cada resposta à soberania de Cristo, o ensino e treinamento são necessários antecipadamente ao Discipulado Cristão, e a um testemunho vital. Este fato significa que a tarefa educacional da Igreja deve ser o centro do programa. A prova do ministério do ensino e treinamento está no caráter semelhante ao de Cristo e na capacidade de enfrentar e resolver eficientemente os problemas sociais, morais e espirituais do mundo moderno. Devemos treinar os indivíduos a fim de que possam conhecer a verdade que os liberta, experimentar o amor que os transforma em servos da humanidade, e alcançar a fé que lhes concede a esperança no Reino de Deus. A natureza da fé, experiência cristã, a natureza e necessidades das pessoas, fazem do ensino e treinamento um imperativo.
Conforme o enunciado do item 7 – ensino e treinamento, traz uma referência à Grande Comissão (Mt 28.19,20). No conteúdo do enunciado, a relação didática entre o “Ensino e treinamento”, termos utilizados para se referir a natureza da fé e da experiência cristã. Entendo que o “ensino”, é um termo mais restrito a prática educativa do professor em sala de aula, seja presencial ou nos ambientes virtuais, enquanto, o termo “educação”, em relação ao “ensino” é mais amplo, podendo ser aplicado, ao âmbito da gestão de educação cristã na igreja local.
Com relação ao termo “treinamento”, sugiro substituir por outros termos como: capacitação, aperfeiçoamento. Treinamento é um termo empregado para algo de “curto prazo” e resultados imediatos. Ou seja, um termo, mais adequado à realidade vivida atualmente, implica no desenvolvimento de competências, no plural, em outras palavras, conteúdo do conhecimento (aprender saber), habilidades (aprender fazer) e atitude (aprender a sentir).
É muito comum, no contexto educacional, determinados termos, apresentarem uma conotação mais polissêmica e polifônica, isto é, com vários sentidos, dependendo do lugar que se lança o olhar sobre o objeto em análise. Percebe-se que, tal princípio, está relacionado a termos como: “atitudes”, “virtudes”, “privilégios”, “responsabilidades” e a “certeza” cristã. Ou seja, uma diversificação e diversidade de termos, com sentidos e significados diferentes, a partir de uma cosmovisão cristã. Sempre que necessário, é fundamental, conceituar, esses termos, dando uma maior clarividência ao texto.
No enunciado do princípio – item 7, constata-se também, a função do lar e da igreja, Instituições sociais, relevantes para o processo educativo, porém, não especifica quais são essas funções. Entende-se que tais funções, refere-se ao fato de que tudo começa “com o nascimento do homem e continua através de sua vida toda”. Ou seja, uma formação lifelong learners, “formação ao longo da vida”, ou “aprendizes ao longo da vida”.
Como vimos, a ênfase recai sobre a relação “ensino e treinamento”. Em um contexto social, cuja tendência, implica no desmantelamento destas Instituições, faz-se necessário, redescobrir a relevância tanto da família como da igreja, como Instituições educativas.
Ressaltando que, diferente da Declaração Doutrinária da CBB, a expressão é “Educação Religiosa”, nos itens 7 e 8, dos Princípios Batistas, a expressão é “Educação Cristã”. Tal caracterização, entre “Educação Religiosa ou Cristã”, é tratado por outros autores e livros. Para alguns especialistas, são termos sinônimos, enquanto para outros, se trata de adjetivos diferentes.
Quanto ao item 8 – Educação cristã, entre outras relações, se estabelece a relação entre “fé e razão”. O enunciado traz outros termos importantes como: liberdade, liderança, papel das escolas cristãs e das igrejas. Aqui também se aplica, a necessidade de conceituar os termos citados no enunciado do princípio, em discussão. O princípio menciona outras expressões como “padrões acadêmicos elevados”, mas sem descrever, o que se quer dizer. Vamos a releitura do item 8, conforme descrito abaixo.
A fé e a razão aliam-se ao conhecimento verdadeiro. A fé genuína procura compreensão e expressão inteligente. As escolas cristãs devem conservar a fé e a razão no equilíbrio próprio. Isto significa que não ficarão satisfeitas senão com os padrões acadêmicos elevados. Ao mesmo tempo, devem proporcionar um tipo distinto de educação – a educação infundida pelo espírito cristão, com a perspectiva cristã e dedicada aos valores cristãos. Nossas escolas cristãs têm a responsabilidade de treinar e inspirar homens e mulheres para a liderança eficiente, leiga e vocacional, em nossas Igrejas e no mundo. As Igrejas, por sua vez, têm a responsabilidade de sustentar condignamente todas as suas instituições educacionais. Os membros de Igrejas devem ter interesse naqueles que ensinam em suas instituições, bem como naquilo que estes transmitem. Há limites para a liberdade acadêmica; deve ser admitido, entretanto, que os professores das nossas instituições tenham liberdade para erudição criadora, com o equilíbrio de um senso profundo de responsabilidade pessoal para com Deus, a verdade, a denominação, e as pessoas a quem servem. A educação cristã emerge da relação da fé e da razão e exige excelência e liberdade acadêmicas que são tanto reais quanto responsáveis.
O item 8 – propõe pensar o dualismo entre “fé e razão”, em relação ao conhecimento, adjetivado de verdadeiro, “fé genuína”, compreensão e expressão inteligente. Quando se refere a “escolas cristãs”, visa a manutenção da “fé e a razão”. Propõe ainda, “um tipo distinto de educação”, com a perspectiva cristã e dedicada aos valores cristãos. Neste artigo para o blog da AECBB, pretendo inicialmente, desenvolver uma breve análise, destes dois itens, contidos nos Princípios Batistas, sem pretensão de esgotá-los, mas apenas fazer algumas provocações e tentativas de releitura deles. Constata-se que os dois itens seguem uma lógica, estão conectados um ao outro, no item 8 – um viés mais filosófico, ou uma filosofia da educação cristã. Um tipo de conhecimento, menos relativo, mas absoluto, a partir de uma cosmovisão cristã.
Outra relação importante neste princípio, trata-se da relação, conhecimento e educação. Conhecimento cuja fundamentação, encontra-se nas Escrituras. Toda educação cristã, sedimenta-se nas Escrituras. É saudável, quando se dá ênfase a figura das “escolas cristãs”, natureza e missão, na formação de liderança “eficiente, leiga e vocacional,”.
Essas “escolas cristãs”, pode ser uma referência, às nossas Instituições de ensino teológico, cujo papel, consiste em servir as igrejas na formação de liderança por excelência para atuar à frente dos ministérios. Cabe às igrejas, por sua vez, sustentar suas “instituições educacionais”. Creio que isso faz parte da nossa cultura, constituição, nossa vocação enquanto igrejas. Creio que o ministério pastoral e de educação cristã, tem uma extensão na docência de nossas Instituições de ensino teológico e ministerial. Entendo que todo educador cristão, sempre que possível, deve atuar na docência de nossas Instituições de ensino, na formação das novas gerações de vocacionados.
Considerou neste artigo para o blog, breve ensaio, sobre dois fragmentos dos Princípios Batistas, que tratam, no item 7 – do ensino e treinamento e da Educação Cristã e, no item 8 – Educação Cristã. Espero ter contribuído para o ensino e a pesquisa, sobre referências documentais relevantes, para se pensar a educação cristã e seus fundamentos. E como disse o autor do enunciado, deste princípio, “A educação cristã emerge da relação da fé e da razão e exige excelência e liberdade acadêmicas que são tanto reais quanto responsáveis”.
Referência
AMARAL, Othon Ávila; BARBOSA, Celso Aloísio Santos. O livro de Ouro da CBB. Epopéia de fé, lutas e vitórias. Rio de Janeiro: JUERP, 2007.
MARTINS, Jaziel Guerreiro. Manual do Pastor e da Igreja. 2005.
SILVA, Roberto do Amaral. Princípios e doutrinas batistas. Os marcos de nossa fé. Rio de Janeiro: JUERP, 2007. (Como a Bíblia nos fala hoje).
SOUZA, Sócrates de Oliveira. Pacto & Comunhão. Rio de Janeiro: 2010.