Desenvolver um programa intencional de Educação Cristã Missionária na igreja local deve ser prioridade de prioridades. Em tempos controversos, a nutrição dos crentes deve estar robusta e balanceada, para que não choremos vendo as próximas gerações vivendo um evangelho descompromissado e raso.
Não: eu não sou pessimista. Mas, como educadora cristã, não poderia me esquivar de conclamar a liderança a uma coerência estratégica ante os desafios vigentes. A Educação Cristã corre sério risco de ser deixada de lado, dando lugar a uma agenda lotada com festividades sem objetivos, igrejas sem currículos contextualizados para sua comunidade, modelos que, repetidos e copiados sem as devidas adaptações, não atenderão às faixas etárias e não trarão crescimento.
Precisamos de alimento sólido, de Palavra. Precisamos de púlpitos que anunciem a Palavra. Precisamos de modelos curriculares bem elaborados, pautados na Bíblia, feitos por educadores e líderes que conhecem a realidade da sociedade, que tem compromisso com a edificação dos membros de suas congregações. É imperativo a formação continuada dos professores, o envio de vocacionados aos seminários e centros de educação e missões. Precisamos fazer de cada crente, um profeta, que anuncie com firmeza a razão da esperança: Jesus.
Fiquei pensando em alguns personagens que poderiam servir de exemplo para justificar meus argumentos: pensei em Jeremias – pois podíamos nos sentar e chorar diante do tempo presente; pensei em João Batista – aquele educador que clamava no deserto.
Mas minhas reflexões se maravilharam com o texto de Isaías 6 percebendo, no ministério deste profeta maior, características que precisamos desenvolver para que marquemos nossa geração com uma Educação Cristão Missionária responsável. Dito isto, vamos lá:
Em primeiro lugar, Isaías marca seu ministério por sua DEDICAÇÃO na realização do chamado de Deus. As contas dos estudiosos sugerem uma jornada de cerca de sessenta anos iniciados, conforme o texto bíblico, no ano em que morreu o Rei Uzias (v.1). Olhei para meus quase trinta anos de ministério e já cansada de tanto labutar na seara, entendi que ainda preciso perseverar mais uns anos! Sim, Isaías herdou um povo contaminado de vaidade e cheio de pecado, mas decidiu empenhar sua saúde, suas emoções, habilidades e (in)capacidades. Sua DEDICAÇÃO o fez atender o chamado do trino Deus com a resposta mais linda que um líder pode dar. Ele disse “Eis-me aqui”.
Em segundo lugar, Isaías traz inspiração e ânimo para os nossos dias quando nos direciona para o lugar mais seguro que um líder pode estar: na PRESENÇA DE DEUS. Um povo liderado por um ministro cheio de comunhão com o Eterno, tende a buscar o mesmo. Uma Educação Cristã Missionária só será consistente mediante a educadores cheios da presença de Deus. E vejam, chamo por educadores todos aqueles que lideram, entendendo que os que lideram, ensinam. A presença de Deus em Isaías certamente advinha de uma vida de busca de santidade, de oração, de temor a quem o chamou para ser profeta. De alguém que se via insuficiente e, por isso, buscava, adorava, se prostrava diante da fonte de toda bênção. Quantas vezes confiarmos somente no nosso conhecimento humano, quantas vezes estaremos longe da glória manifesta na presença de Deus. Esta seria uma boa hora “pra quem tem juízo”, fechar a porta do quarto e colocar seu tempo de devoção em dia.
Em terceiro lugar, ainda que o episódio do encontro do profeta com o Sobrenatural tenha sido algo incontestavelmente espiritual, Isaías conserva sua POSTURA HUMILDE DE APRENDIZ. O versículo 5 diz que ele reconhece sua humanidade e seus lábios impuros. Em outras palavras, se Isaías estava vivo, e não havia morrido como o rei Uzias, ele ainda estava no processo, na trilha da aprendizagem. Reconhecer nossa condição de aprendizes, muitas vezes “sem luz”, nos faz olhar para o Pai das luzes com outra perspectiva: não há outro fora Dele. Não somos nada sem Ele. A humildade do constante aprendizado, do “prosseguir no conhecimento de Deus” e de Sua palavra, é a qualidade de um Educador Cristão Missionário que Deus procura. Alguém que não se coloca num pedestal, que não deixa seus títulos ofuscarem a glória de Deus, mas que reconhece sua natureza de pecado e sua dependência do Criador de todas as coisas.
É tanta lição para se tirar de um texto tão rico, mas preciso destacar outra característica que deve nos inspirar: Isaías tinha um PLANO EDUCACIONAL. Em tempos de um cardápio de métodos e metodologias, Isaías nos ensina a planejar o que a igreja deste tempo precisa. Sua mensagem continha elementos variados que nutririam o povo por um ano eclesiástico, tranquilamente. Seu currículo tinha mensagens de conforto, repreensões ao povo, alertas sobre sua infidelidade, esperança no restaurar da fidelidade, exortação à vigilância, e um apelo à santidade. Isaías detalhou com riqueza o Messias prometido, elaborou o perfil de Jesus com seus atributos que iam de Servo a Rei. Fico a pensar com preocupação de quantos passam pelos bancos de nossas igrejas anos a fio, e não são confrontados com a mensagem que liberta, com o alimento que sacia, com a Palavra que transforma.
Meu apelo aos líderes de nosso tempo, é que se unam para alcançar os que estão perdidos, edificar os que estão achados e testemunhar ao mundo a DEDICAÇÃO, a notória PRESENÇA DE DEUS, a POSTURA HUMILDE DE APRENDIZ e um PLANO EDUCACIONAL que equipa, discipula e capacita a todos os que anseiam por uma igreja relevante. Como Isaías, me uno aos que entendem a Educação Cristã Missionária assim, e digo: Eis-me aqui, envia-me a mim!
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Excelente reflexão! Fica claro a necessidade de reavaliar a prática educacional cristã nesse processo onde Educadores Cristãos necessitam ser eficazes no desempenho do seu papel . De fato, ao desprezar uma gestão Educacional de qualidade ,os resultados serão negativos e certamente culminam em impeditivos para o aperfeiçoamento ,a capacitação e o desenvolvimento dos dons espirituais dos membros do corpo de Cristo,sabendo que este corpo precisa crescer! Educadores que sequer dedicam tempo para as pessoas, pois estão sempre ocupados consigo mesmo,com a sua posição, e seu conformismo,basta perceber a sua própria falta de capacitação ! São esses mesmos que substituem o relacionamento com a membresia para de ocupar em sua dedicação de seguir uma diretriz aqui e outra ali que é solicitada pela liderança e pior ainda quando não apresentam nem seus próprios projetos! Sua contribuição não deve se resumir isso. É urgente a necessidade de pessoas que precisam do trabalho eficaz de um educador. Educador de verdade não se sustenta por título! positivamente com o que Se assim o faz…drasticamente quebram princípios a serem seguidos para conduzir a pessoa cristã como um discípulo de Cristo e provocam cada vez mais esse cenário de descaso com a realidade local de sua igreja,de vidas,de ambientes que deve atuar.