A Bíblia mostra que o ensino sempre esteve presente ao longo da história e para cada época havia estratégias e metodologias eficazes, desde o ensino em casa (Dt 6), ao ensino às multidões (Mt 5). De certa forma, não é difícil compreender que o ensino do Evangelho não está restrito ao templo da igreja, uma vez que o Evangelho é o poder de Deus e não é limitado ao edifício.
A Educação Cristã, por sua vez, não é algo pronto, acabado, mas constitui-se num processo que se preocupa com a vida e seu desenvolvimento, de forma que caráter, valores, motivações e atitudes, sejam compatíveis com a vontade de Deus. O objetivo do ensino cristão não é apenas fornecer conhecimento sobre Jesus, embora isso seja importante. Não consiste no saber sobre Jesus, mas em ser como Jesus, “até que todos cheguemos à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4:13).
A Educação Cristã na igreja tem ainda o objetivo e responsabilidade de comunicar a palavra de Deus a todos, mediante o poder do Espírito Santo. Isso evidencia o desafio da comunicação, de forma que haja ensino de qualidade para todas as faixas etárias, do mais novo, ao mais idoso. O evangelho é para todos, então, todos devem ser alcançados com a mensagem de Cristo. Neste aspecto, não se direciona a atenção apenas à Escola Bíblica Discipuladora, que embora seja o coração da educação cristã na igreja local, não compreende a total abrangência do ensino. Para tal, é preciso entender a igreja como um grande centro educacional. O ensino também acontece por meio do louvor, das orações, pregações, programações, estrutura eclesiástica, vivência coletiva, e tantas outras atuações da comunidade de fé, o que não exclui a importância da EBD, que proporciona ambiente único para o compartilhar do Evangelho.
Diante do isolamento social a igreja tem encontrado dificuldades para a permanência do ensino. Foram muitas mudanças e pouco tempo para reorganização, contudo, de acordo com o conselho do apóstolo Paulo à Timóteo, é possível permanecer com ensino de qualidade diante desta adversidade (II Tm 2:1-2). Primeiro, é necessário que a igreja esteja fortificada “na graça que há em Cristo”. Paulo havia sido abandonado por alguns e aconselhou Timóteo a fazer diferente. Entender quem a igreja é em Cristo clarificará sua real identidade. Humanamente é possível desistir diante de obstáculos, mas, enquanto a fonte for Cristo, o ensino do Evangelho perdurará. Segundo, é necessário que a igreja ouça e aprenda. Paulo faz referência à ordenação de Timóteo, uma experiência marcante que ele deveria se recordar como aprendizado, à luz de seus princípios e valores. Sugere o desafio de ouvir as experiências vividas. O ensino permanece quando estamos abertos a compreendê-los. Terceiro, é necessário que a igreja tenha disponibilidade para compartilhar. Após as orientações dadas, Paulo traz à memória a responsabilidade do discipulado. Paulo não estava presente fisicamente, e o ensino foi transmitido a Timóteo, que deveria transmitir a outros. À semelhança, a igreja encontra-se impossibilitada de reunir-se fisicamente, mesmo assim, o ensino do evangelho não para. Paulo usou o recurso que lhe estava acessível, assim como a igreja pode utilizar recursos disponíveis para esta época. Este talvez seja o momento de maior dialogicidade entre a igreja e as redes sociais.
O fato incontestável é que a igreja não é dela própria. O Senhor da igreja sempre proverá meios para proclamação de Seu Reino e cabe a igreja acatar a Seus direcionamentos. Nenhuma pandemia é capaz de parar ou mesmo enfraquecer o poder do Evangelho. O ensino continua!
Jemima Oliveira Caetite
Educadora Cristã na IB do Jequiezinho
Graduanda em Psicologia
Jequié – Bahia