Amados, precisamos de uma escola de formação de pastores para o ministério pastoral e de educadores cristãos. A educação teológica e cristã precisa voltar a ser relevante e acessível a todos. Entendo que cabe ao Seminário ser essa instituição de ensino em Goiás e no Brasil. No Estado de Goiás, a partir da primeira metade da década de 1980, vamos criar uma cultura de formação de educadores cristãos, que após vinte anos, deixaram de ser “formados”, ou com uma formação aligeirada. Estamos com isso anunciando o desaparecimento dos cursos de Educação Cristã.
Mas como construir um projeto de ministério de Educação Cristã na igreja se não temos educadores? Isso para não dizer que a formação teológica e ministerial deixa de ser oferecida na matriz curricular de vários Seminários.
Vivemos uma década ou mais de declínio no número de estudantes de Teologia e Educação Cristã em nosso Seminário, isso afetou drasticamente o ministério pastoral em relação a convocação e exame de concílios e ordenação ao ministério. Em 2018 lançamos o slogan #somososeminariodaigrejanaformaçãodeliderançacristã. Uma ação propositiva de andar lado a lado com a igreja na formação de liderança ministerial. Ao estabelecer um relacionamento simbiótico, o Seminário e igreja assumem responsabilidade pelo outro.
É necessário pensar a formação de mais pessoas para o ministério de Educação Cristã na igreja. Resgatar o sacerdócio do crente para o ministério de Educação Cristã, sobretudo da liderança feminina. Temos que repensar e (re) agir a ideia de “o”, ou “um” educador, mas muitos educadores na igreja, isso inclui o “pastor mestre”, com formação em Educação Cristã.
Muitas igrejas têm a figura do voluntário ao cargo de “educador”. Se fossemos desenvolver uma pesquisa sobre o “Perfil do Educador Cristão Batista”, constataremos a necessidade de investimento nessa área tanto na infraestrutura física e pedagógica da igreja, mas principalmente em pessoas. Muitas igrejas ainda têm estruturas rígidas e inflexíveis, que dificultam as mudanças necessárias e praticamente não há recursos disponíveis para investir em liderança cristã para os desafios de um novo cenário.
Formar no sentido de investir em uma nova geração de pastores e educadores cristãos, vocacionados e motivados é o nosso desafio presente! Porque em algum momento nós ficamos, no âmbito denominacional, sem uma voz de comando, uma figura de autoridade, consequentemente sem uma direção segura em relação ao que pensar e fazer.
Reconheço que o pastor juntamente com o educador(a) cristão tem a responsabilidade pela gestão e organização do ministério de Educação Cristã na igreja, isso inclui a Escola Bíblica, o Ministério Infantil, a capacitação de professores, o currículo e a literatura para a igreja, bem como os programas e projetos etc.
Entendo que um projeto de formação de professor para atuar na Escola Bíblica deve considerar o perfil do egresso a partir da gestão e organização do ministério de Educação Cristã, uma filosofia e a matriz curricular etc.
Sala de aula – um espaço privilegiado para o ensino da Palavra
Outro assunto refere-se à sala de aula – espaço micro, onde ocorre a atividade fim de uma igreja, que do ponto de vista (ou a vista do ponto) têm contribuído pouco para a superação de práticas educativas menos centradas na figura do professor (enquanto reproduz seu monólogo) para alunos quietos e calados e quando muito tendo a “revista” como único recurso didático metodológico para ensinar. Nossos alunos de amanhã serão de origem ainda mais heterogênea.
Alguns estudos propostos nas revistas são muito frágeis e não instigam nos alunos autonomia. Quando vamos ensinar e aprender sobre o desenvolvimento de habilidades como persistência, autocontrole e integridade? É importante ensinar, mas é necessário acompanhar o aprendizado dos membros, seja ele aluno ou não da EBD.
Precisamos voltar a ensinar, aprender e aplicar a Bíblia, caso contrário a tendência implica em vivenciar cenários nebulosos. Espero não estar fazendo um julgamento apressado e, por vezes, irresponsável. Nossas igrejas investem poucos recursos financeiros e esforços pessoais na formação permanente em Educação Cristã, isso é totalmente contrário à herança e à cultura missionária batista. Nossas escolas de formação para o ministério pastoral e Educação Cristã são missionárias por tradição e vocação.
A realização de clínicas, conferências e congressos (aos finais de semana) devem se constituir em eventos, algo esporádico, mas quando se trata de formação de liderança para Educação Cristã, faz-se de forma permanente em Instituição reconhecida. Eventos como esse são realizados anualmente, mobilizando centenas de pessoas, professores ou não, que ficam sentados num auditório, ouvindo uma palestra enquanto deveriam ser capacitados e acompanhados individualmente ou no coletivo de professores de suas igrejas.
Porque a Educação Cristã se faz com rigor. Temos que ser fiéis à nossa tradição, à educação batista, ao ensino da moral e dos princípios neotestamentários. Isso porque vivenciamos um cenário de relativismo moral – o qual temos a necessidade de moralizar, a dissolução de crenças e utopias. Estamos construindo sujeitos e identidades em cenários socioculturais, históricos, institucionais (igreja) bem como práticas, valores e princípios cristãos com o DNA cristão. Digo isso por entender que “vivemos em uma cultura na qual o relativismo é aceito e absolutos são seriamente questionados”.
Porque acreditamos que Educação Cristã é uma questão de identidade e tradição. Vamos ser rotulados de fundamentalistas religiosos, pela defesa que fazemos de nossa identidade e tradição no campo da Educação Cristã, mas não tem como recuar a tensão em relação ao conflito existente no tipo de sociedade que temos vivido.
REFERÊNCIAS
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