“Se perdoardes alguma coisa a alguém, também eu lhe perdôo; se é que tenho perdoado alguma coisa,
foi por vossa causa que o fiz na presença de Cristo, […]” (2Co 2.10)
Nós temos uma facilidade muito grande para punir alguém e o fazemos com extrema prontidão, mas como nos é difícil, pelo menos na mesma intensidade, liberar o perdão! É necessário saber o limite de até onde se vai com uma punição! Este é um tema caro para a Igreja e para cada um de nós individualmente.
Jesus num questionamento de Pedro sobre até quantas vezes dever-se-ia perdoar (Mt 18.20-22), afirmou não ser sete vezes, mas setenta vezes sete. Se quisermos tratar isso de modo calculista, seriam 490 vezes. Como seria isso? Já imaginou alguém lhe fazendo algo e voltando 490 vezes para lhe pedir perdão? Certamente, sendo bem longânimo, na décima vez você já teria perdido a paciência.
Mas com certeza essa questão não é para se fazer nenhum levantamento estatístico, mas fala mais da nossa incapacidade! Em algum momento, cada um de nós já passou por uma situação de ter de perdoar alguém, o que pode ter sido “fácil” ou difícil. Carregar a falta de perdão traz mais transtornos que liberar o perdão, e como essa falta tem levado ao adoecimento de tantas pessoas! Com certeza é por isso que nos é dito que o sol não deve se pôr sobre nossa ira e que o travesseiro é lugar de descanso e sossego (Sl 4.4; Ef 4.26). O ato de perdoar, além de reconfortante para a alma, é um meio de desenvolvimento da nossa santidade.
Há pelo menos dois motivos pelos quais o perdão é necessário e que Paulo ressalta aos irmãos da igreja de Corinto. Um deles é o benefício para o indivíduo e outro é o de vantagem da igreja sobre as artimanhas de Satanás . Paulo nos diz que à pessoa perdoada deve ser dado readmissão, conforto, consolo e demonstração de amor pela igreja, para que ela seja restaurada e não caia numa situação de desânimo ou entre em depressão. Para isso, com certeza, é necessário saber que a dose corretiva já foi suficiente e que passar do limite pode trazer grandes prejuízos. A pessoa perdoada precisa “sentir” que de fato o foi.
Por outro lado, quando há o perdão da igreja, esta deve demonstrar que perdoou o indivíduo, confirmando o amor para com ele. Isso é exatamente o segundo motivo que leva à vitória sobre as artimanhas de Satanás. Este está ávido para acusar e minar a saúde espiritual da igreja. Uma igreja que não perdoa está dando brechas para Satanás. A começar pela liderança da igreja, passando pelo(a)(s) ofendido(a)(s) e pelo menos pela maioria da igreja, a correção deve ser aplicada até que o ofensor se torne penitente, após isso o perdão e o amor devem ser confirmados. Não desprezemos os intentos de Satanás neste quesito (2 Co 2.11).
“É perdoando que se é perdoado” – Essa afirmativa precisa fazer parte de nossa vida, não só como uma oração bonita, mas como uma verdade em nossas vidas. Faltar com o perdão é dar lugar à ação deliberada de Satanás. Ele sabe muito bem aproveitar esta oportunidade. Cada um de nós sabe o custo disso! Mas, com certeza, não é maior que o custo de nosso misericordioso Deus que enviou seu filho para morrer na infame cruz para que o perdão pudesse nos ser aplicado. Certamente que a ofensa é vista de forma diferente para cada um, mas antes do ofendido está o próprio Deus, pois qualquer pecado é uma ofensa contra ele. E ele está de braços abertos para receber o pecador arrependido e pronto para tratá-lo. Por outro lado, as ofensas normalmente não começam já vultosas, mas vão crescendo em espiral até um limite que sai de nosso controle e passamos ao controle de Satanás (Ef 4.31-32), dando lugar à ira e não tendo controle da disciplina e nem do perdão a ser dado. Que o Senhor nosso Deus, fonte de todo o perdão, nos ajude nessa difícil tarefa. Amém!