O Dia das Mães é considerado uma data muito especial e, sendo assim, podemos usar este momento para pensar sobre o privilégio e a responsabilidade que é ser mãe. E para isso, nada mais belo e poderoso que aprendermos com a Palavra de Deus. Neste dia especial, compartilho aqui três palavras que formam a palavra mãe: memória, amor e exemplo.
Quando nos deparamos com o ato de gerir, seja em uma gestação ou em um processo de adoção, a esperança é o que nos nutre. Mãe é aquela que traz à memória o que lhe dá esperança (Lm 3.21-26). A mãe, a cada dia de sua gestação, a cada ultrassonografia, a cada batimento cardíaco ouvido, experimenta que as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã.
E esta esperança trazida à memória dia após dia deve permear a maternidade para sempre. Seja a esperança que os filhos cresçam em graça, estatura e conhecimento da Palavra, a esperança do filho (a) afastado que voltará aos braços do Pai, ou a esperança do reencontro com aquele que se foi. Que cada mãe possa trazer à memória as coisas boas que já viveu na maternidade, sem saudosismo melancólico, mas com gratidão pela graça concedida, afinal, as misericórdias renovam-se todas as manhãs!
Mas além de trazer à memória a esperança para si mesma, é importante criar memórias em nossos filhos. Eles, nem sempre se lembrarão das coisas que compramos, pois às vezes, se empolgam mais com a caixa do que com o presente em si. Portanto, não se trata de presentes, mas de presença. Criemos memórias afetivas: guardemos pequenos objetos encontrados em um passeio ou viagem, que possamos tirar fotos do dia a dia e não só dos momentos especiais, afinal, especial é cada momento em que atribuímos significado. Que em meio aos afazeres de Marta, possamos, por breves momentos, contemplar a presença de quem amamos, como Maria fez. Que vivamos a beleza do ordinário!
Outra palavra muito relacionada às mães é amor. Uma mulher saudável que lhe é concedido o dom de ser mãe, amará seus filhos. E para muitos, este amor é o que mais se aproxima do descrito em 1 Coríntios 13.
O amor de mãe é paciente, pois desde o momento em que recebemos a notícia sobre a gravidez, ou sobre a aprovação na lista de adoção, a paciência é um exercício constante na vida da mulher. E será a paciência que gerará a experiência, o que filosoficamente podemos entender como qualquer conhecimento obtido por meio dos sentidos. Ou seja, a paciência nos fará conhecer novos sentidos. Basta esperar o primeiro choro, a primeira palavra mãe, a primeira queda
O amor de uma mãe é benigno, uma qualidade ligada ao caráter, ou seja, quando não está sob os holofotes. Uma mãe ama quando ninguém está vendo. Ela expressa a bondade como expressão da benignidade que sente, e isto, sem precisar de reconhecimentos ou aplausos.
Uma mãe não arde em ciúmes, pois sabe que os filhos são do Senhor, e assim, torna-se uma boa mãe e futuramente, uma boa sogra. Permite que os filhos vivam suas próprias vidas sem cobranças desnecessárias. Sai de cena para que os filhos se tornem protagonistas de suas próprias histórias.
Em tempos de superexposição nas redes sociais, uma mãe que ama não se envaidece. Sabe que se há bondade e sabedoria na forma como educa os filhos, estas vêm de Deus, portanto, não há espaços para empavonar-se. O amor fala do que está cheio o coração, mas não precisa de curtidas.
A mãe que ama não é orgulhosa, cuja melhor definição encontra-se em pensar em seu antônimo: é humilde. Serve e não busca ser servida. Considera os outros maiores e mais importantes, e faz isto com alegria.
Ela também não se conduz de forma inconveniente. Presta atenção às suas roupas, ao que ouve, ao que assiste, pois sabe que educar a criança se faz no caminho, e não fora dele. Não busca seus próprios interesses. A Bíblia “A Mensagem” traduz a passagem como não se impõe sobre os outros, mas respeita os ritmos da Graça de cada filho, de cada situação, de cada geração.
Uma mãe que ama não se irrita, pois entendeu que a irritação não leva a lugar nenhum. Não será a irritação que tirará a toalha de cima da cama, ou que guardará os brinquedos, ou que desligará o celular na hora do jantar. E não se irritar é mais um dos exercícios que precisamos nos disciplinar. Uma mãe que ama não ressente do mal, mas perdoa. Não se alegra com a injustiça, portanto, não defenderá filhos que estiverem com más condutas, seja na escola, enquanto pequenos, ou mesmo quando adultos.
Uma mãe que ama sofrerá, crerá, esperará e suportará tudo, firme como uma casa construída sobre a Rocha, pois sabe que a ciência e as novas formas de educar passarão, mas os princípios da Palavra, nunca serão obsoletos.
E para concluir esta breve reflexão, uma mãe é exemplo. Uma mãe não se intimida em dizer aos filhos o descrito em 1 Coríntios 11.1: Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.
Sabemos que um dos primeiros recursos de aprendizagem de uma criança é a imitação. O jeito de comer, se portar, falar, se expressar, virá de olhar o outro e tentar imitá-lo. Quem nunca se apaixonou ao ver um bebê folheando a Bíblia e balbuciando palavras ininteligíveis, por que antes viu alguém o fazer?
A regra para ser exemplo é bem prática: o que eu não desejo que eles façam, não devo fazer. O que desejo que aprendam, preciso viver. A pior coisa que pode existir para uma criança é ouvir de sua mãe faça o que eu digo, não faça o que eu faço. Isto porque, caso a mãe não seja cristã, a hipocrisia recairá sobre ela. Mas caso se intitule seguidora de Cristo, o peso por não viver o que prega poderá recair sobre o próprio Salvador, cuja criança quando adulta, se afastará. Quantas pessoas não conhecemos que se afastaram dos caminhos do Senhor por terem vivido o céu na igreja e o inferno dentro de seus lares?
E isto é tão sério que não podemos achar que a atuação dará conta. Ser exemplo requer dedicação integral. A luta espiritual é diária, 24 horas por dia, pois não adianta sermos algo perto dos filhos e longe deles, sermos outra pessoa. Lembremos de 1Pedro 5.8, que diz: Tende bom senso e estai atentos. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, rugindo como leão que procura a quem possa devorar.. Não podemos nos esquecer que o mundo espiritual está aí, e o que fazemos no secreto conta muito mais do que o que fazemos quando as luzes estão acesas.
Quanto a isto, porém, quero deixar uma palavra de alívio, pois “Porque os olhos do SENHOR passam por toda a terra, para que ele se mostre forte para com aqueles cujo coração é íntegro para com ele” (2Cr 16.9a). É o olhar de Deus sobre a mãe que se esforça para viver com Ele e assim, educar a criança no caminho trará conforto. Ele sabe as noites em claro em oração, as leituras bíblicas com lágrimas nos olhos, o esforço diário em educar, amar, cuidar. Seus olhos estão sobre você, mãe. E que neste dia, você possa sentir este olhar amoroso e o abraço caloroso do Amado de nossas almas, que a escolheu para trazer vida e esperança ao mundo.