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Os conflitos acontecem desde os nossos primórdios sendo visualizados nas várias áreas das relações humanas, pois, a nossa natureza humana é conflituosa. Ao tratarmos de liderança, entende-se que os conflitos acontecem antes de assumirmos a função modificadora de nossas vidas diante de situações inimagináveis que são existentes no nosso dia a dia.
Nesse sentido, vemos que a liderança cristã mais conhecida por Ministérios tais como: pastoral, educacional religioso, missionário e diácono, passa por situações que necessariamente exige cada vez mais equilíbrio emocional para aconselhar nas situações mais adversas futuras.
Desse modo, no livro de Gálatas é falado “Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne. Eles se opõem um ao outro, de modo que não conseguis fazer o que quereis” (Gl 5.17) e de acordo com John Calvin (João Calvino) teólogo cristão francês, a vida espiritual não é mantida sem luta, pois somos informados que a natureza humana encontra dificuldades surgidas de nossas inclinações naturais sendo opostas ao Espírito. Por isso, quando destacamos a palavra CARNE podemos observar que se trata da natureza do homem, enquanto que ao relatar ESPÍRITO, visualizamos o homem renovado, regenerado que busca constantemente sua paz espiritual nos momentos conflituosos entre carne e espírito.
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O que é conflito? O dicionário define conflito como a profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes, principalmente, por questões relacionadas às gerações como também a respeito de choques de interesses ou enfrentamento relacional.
Por esse ângulo, a Bíblia relata os vários conflitos existentes desde Gênesis até Apocalipse e em qualquer um deles encontramos o mediador que trabalha cada um dos momentos surpreendentemente mostrando a existência de métodos e/ou técnicas que ao serem utilizados encontraram as soluções mais adequadas para cada momento.
Entretanto, para gerenciar as situações de conflitos, é pertinente considerar a figura do mediador e, consequentemente, a mediação de conflitos. Para isso, a melhor explicação para a mediação de conflitos é a forma como lidamos com os embates em várias áreas, seja judicial ou extrajudicial, que têm relação aos casos familiares, pessoais, religiosos, bem como aos consumidores em geral. Por essa razão, para realizar a mediação é necessária uma terceira pessoa (mediador) a fim de auxiliar as pessoas a se comunicarem de forma eficiente por meio de uma negociação conciliadora.
O livro Caixa de Ferramentas da autora Tânia Almeida relata sobre o conceito de mediação como um processo negociável.
A mediação é um processo orientado a conferir às pessoas nele envolvidas a autoria de suas próprias decisões, convidando-as à reflexão e ampliando alternativas. É um processo não adversarial dirigido à desconstrução dos impasses que imobilizam a negociação, transformando um contexto de confronto em contexto colaborativo. É um processo confidencial e voluntário no qual um terceiro imparcial facilita a negociação entre duas ou mais partes onde um acordo mutuamente aceitável pode ser um dos desfechos possíveis (ALMEIDA, 2001, p. 46).
Segundo Tânia, a mediação deve ser “buscar-se construir consenso com o outro participante, e não convencer o terceiro [mediador] de quem estaria com a razão”. O mediador é um profissional com formação específica (em mediação) e multidisciplinar.
Dessa forma, surge uma indagação: como relacionar liderança cristã, conflitos e mediação? Entende-se que é uma ação para trabalhar vidas às quais necessitam ser transformadas, visto que, no contexto de brigas, guerras, desobediências, choque de caráter, de personalidades, visão espiritual distorcida só levam à diferenciação ministerial, à falta de fidelidade que resulta na decadência moral, falta de humanidade e empatia com o próximo.
Assim, nas Escrituras está escrito “Depois Jesus subiu a um monte e chamou os que ele mesmo quis; e estes foram até ele” (Marcos 3.13). Esse versículo lembra os exemplos bíblicos que tratam sobre os conflitos entre os apóstolos. E ao tratar desses conflitos visualizamos como Jesus escolheu os doze líderes que dariam continuidade aos seus ensinamentos, com o senso de observação teve o cuidado de convocar pessoas diferentes, de temperamentos e ideias opostas, cuja escolha foi através de um processo seletivo.
Nesse contexto, foram observadas as diferenças pessoais e conflituosas entre os Doze, que eram de origens diferentes com pais ou mães desconhecidas, de formação religiosa que seguiam princípios oriundos do farisaísmo, saducaismo, com profissões diversas, casados ou solteiros, de formação intelectual ou não, de personalidades e temperamentos diferentes, além de valores ético-morais diversos. Ao relatarmos as características dos apóstolos, chamamos a atenção para os famosos “princípios de vida”, que na sua maioria são transformados em “preconceito”. São esses valores positivos que utilizados de forma e tempo errado provocam os conflitos. Se não for empregado pensando no próximo, mas de maneira individualizada no seu ser, pode provocar conflito. Por isso, demonstramos esse caso de convivência dos apóstolos com Jesus e uns com os outros que foi observado e destacado como exemplo de conflitos em liderança.
O líder é aquele que conduz um grupo de pessoas a um objetivo comum, recebendo uma grande responsabilidade ao assumir esse compromisso, utilizando as técnicas de relacionamento e um aprendizado constante ao conviver com as pessoas. Para ser líder, exigem-se objetivos claros, planejados e motivacionais, uma vez que lideram pessoas, vidas e não objetos. Um líder cristão recebe o dom para ser conforme encontramos em Romanos 12.6-8: “De modo que temos diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se é profecia, que seja de acordo com o padrão da fé; se é serviço, que seja usado no serviço; se é ensino, que seja exercido no ensino; ou quem encoraja, use o dom para isso; o que contribui, faça-o com generosidade; quem lidera, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria”.
Quando nos tornamos líder cristão é nos dada a capacidade instituída por Deus. O líder cristão será conduzido aos princípios compatíveis com as Sagradas Escrituras que servem de base para esses Ministérios chamados por Deus.
Para desenvolver o ministério de liderança é necessário um preparo adequado e fundamentado na Bíblia, pois podemos fugir dos conflitos, mas não podemos evitá-los. Jesus foi o exemplo vivo de um grande Mediador de conflitos e nas Escrituras encontramos claramente um chamado para ser ministro da reconciliação. Dessa forma, é necessário abraçar a mediação com confiança, como uma forma de glorificar a Deus por meio do poder de superação do evangelho, sendo abençoado, como prometeu Jesus a todos os pacificadores “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). Muitos líderes ao se depararem com os conflitos na igreja, deixam os ministérios por não saberem lidar com tal situação, pois na sua maioria não foram preparados para atuar e desenvolver da melhor forma possível a sua capacidade de liderança que segue o exemplo de Jesus. Percebe-se que é necessário o trabalho na gestão de conflitos na atual situação do Pós-modernismo que atinge as igrejas como uma área de treinamento, inicialmente aos líderes de vocação, passando a desenvolver as atividades com os seus liderados, pois assim resolveriam os seus conflitos pessoais em várias áreas da vida.
A mediação de conflitos veio para ajudar as pessoas que não conseguem dialogar umas com as outras e buscar assim a melhor forma de solucionar o que está interrompendo o seu relacionamento com o próximo.
Como trabalhar essa gestão de conflitos na igreja? Primeiramente é necessário orar, pois na oração encontramos um elo com o nosso Deus, e esse foi o que nos trouxe o nosso melhor mediador. Jesus utilizou técnicas simples para solucionar os conflitos da época. Para obter o objetivo nas questões da gestão de conflitos internos nas igrejas é necessário seguir algumas técnicas básicas por meio de um mediador habilitado e treinado para fazer. Apresentamos, portanto, três técnicas básicas:
Escuta Ativa: uma técnica que ajuda as pessoas envolvidas no conflito a prestarem mais atenção ao que o outro tem a dizer, pois a comunicação entre eles está prejudicada e, assim, observa-se tanto a comunicação oral quanto a linguagem não-verbal como gestos, expressões faciais, entre outras coisas.
Rapport: é uma das principais técnicas e a mais utilizada nas mediações, pois é a forma adequada da criação de empatia entre as partes e um maior vínculo com o mediador, fazendo que as pessoas que estão vivenciando o conflito confiem nele para guiar a mediação.
Caucus: a forma de conversar com o mediador separadamente, com cada uma das partes, com sessões de mesma duração e uma seguida da outra, tornando assim, um ambiente favorável aos depoentes a fim de que possam ficar mais à vontade para expressar os sentimentos e depois chegar ao acordo de forma mais saudável.
A mediação de conflitos ajuda as pessoas a encontrarem a resposta para os problemas adquiridos com outras pessoas buscando as soluções através de uma terceira pessoa imparcial ao conflito para que juntos consigam transformar essa dificuldade e/ou problema em uma solução dos conflitos para transformação de algo que era tão desgastante em uma conversa saudável e reconstruir relacionamentos que antes não existiam mais.
Referências
- https://www.bibliaonline.com.br/nvi
- ALMEIDA, Tania. Caixa de ferramentas em mediação: aportes práticos e teóricos. / Tania Almeida. Apresentações de André Gomma de Azevedo, Fátima Nancy Andrighi, Ada Pellegrini Grinover, Juan Carlos Vezzulla, Samantha Pelajo, Joyce Rososchansky Markovits, Valeria Ferioli Lagrasta Luchiari. – São Paulo: Dash, 2014. 352 p.
- ARAÚJO, Paulo Roberto de. A Bíblia e a Administração de Conflitos – Uma ferramenta para as relações interpessoais a partir de casos bíblicos – Paulo de Araújo, Curitiba: A.D. Santos Editora, 2012 – 136 páginas.