Ao iniciarmos um novo ano é comum estabelecermos metas. São vários os tipos de promessas que fazemos. Um exemplo comum dessas promessas, entre nós cristãos, está o de ter momentos mais constantes de oração, de leitura da bíblia, de poder separar um momento do dia para Deus de forma mais regular. Normalmente damos a esse momento o nome de devocional.
A palavra “devocional” vem do latim DEVOTIO (devoção), derivado de DEVOVERE (devotar), que significa prometer solenemente, sacrificar-se, dedicar-se através de um voto. Portanto, nossa devoção é um sacrifício feito através de uma promessa solene. Nesses termos, significa o sacrifício ou a entrega de nosso tempo para Deus. A lição do maná nos ensina a dedicarmos um tempo diário ao nosso relacionamento com Deus, de nos deleitarmos em Sua fidelidade e de confiarmos em Sua provisão diária.
No capítulo 16 do Livro de Êxodo, somos transportados ao deserto, onde os israelitas, recém-libertados da escravidão no Egito, vivem experiências marcantes com Deus. Em resposta à murmuração do povo pela falta de carne e pão em meio ao deserto (v. 2-3), Deus lhes dá carne e pão vindos do céu (v. 8). O maná, o pão do céu, era dado toda manhã ao povo (v. 12) era o pão com o qual Deus os alimentava (v. 15). O maná atendia exatamente a necessidade diária de cada indivíduo (v. 17-18).
O episódio do maná, em Êxodo 16, ecoa também em outros textos bíblicos refletindo como Deus espera que seja o nosso relacionamento com Ele. Em João capítulo 6, Jesus é questionado pela multidão, que cita o Salmo 78 em referência à passagem sobre o maná, e responde que não foi Moisés quem deu o pão do céu; Deus é aquele que dá o verdadeiro pão do céu (Jo 6.31-32) e no versículo 35 Jesus declara: “Eu sou o pão da vida!” Em 1Co 10.3-4, Paulo nos acrescenta a informação de que os israelitas no deserto comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual, porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Em Mateus 6.11, Jesus nos ensina a orar seguindo o mesmo princípio do maná. O que esses textos nos ensinam sobre o nosso relacionamento com Deus?
Quando Cristo nos ensina a orar ao Pai pedindo o pão diário (Mt 6.11), Ele nos fornece o princípio espiritual de que dependemos de Deus. E dependemos de Deus diariamente! A prática diária de dedicar tempo à reflexão, oração e leitura das Escrituras oferece sustento para nossa jornada espiritual. O maná, ao ser recolhido diariamente, ensina-nos sobre a necessidade de renovar nosso relacionamento com Deus a cada dia. Alimentar-se do maná diário é alimentar-se do alimento espiritual que é Cristo, o verdadeiro pão da vida.
Ainda, segundo o texto de Êxodo 16, ao recolher apenas a porção diária necessária para cada indivíduo, os israelitas demonstravam sua confiança na provisão divina. A dependência do maná diário revela a confiança contínua dos israelitas na fidelidade de Deus. Da mesma forma, nosso momento diário de devoção fortalece nossa confiança em Deus de forma que podemos dizer como o salmista: “Meu refúgio e minha fortaleza, meu Deus, em quem confio”. (Sl 91.2).
Nosso devocional, portanto, não deve ser apenas um ritual ou uma meta a ser cumprida, mas a prática de um relacionamento profundo com Deus que cria uma base sólida para enfrentarmos os desafios diários em nossa jornada. Que possamos aproveitar esses momentos confiantes na fidelidade e na provisão de Deus para nós, pois, dependemos dEle todos os dias! Que Cristo seja nosso verdadeiro pão diário.