Maternidade atípica é uma condição enfrentada por uma mãe cuja família vive em uma situação de neuro divergência, ou seja, é aquela em que um ou mais membros da família têm uma condição neurológica ou de neurodesenvolvimento que os coloca fora do que é considerado “típico” em termos de funcionamento cognitivo, social ou emocional. Isso pode incluir condições como o TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), Transtorno de Tourette, DI (Deficiência Intelectual), entre outras.
Essa mãe passa por demandas que são pesadas no seu dia a dia, chegando até a exaustão. Entre suas demandas estão:
- Adaptação de rotinas e estratégias de comunicação: As famílias podem precisar adaptar suas rotinas diárias e desenvolver estratégias específicas de comunicação para atender às necessidades dos membros neuro divergentes;
- Acesso a recursos e apoio: As famílias podem precisar acessar uma variedade de recursos e apoio, incluindo serviços terapêuticos, intervenções educacionais, suporte emocional e grupos de apoio para lidar com os desafios associados à neuro divergência;
- Aceitação e compreensão: É importante que os membros da família cultivem uma cultura de aceitação, compreensão e respeito pelas diferenças individuais de cada membro, reconhecendo e valorizando suas habilidades únicas;
- Advocacia e defesa: Muitas vezes, as famílias atípicas precisam ser defensoras ativas dos direitos e necessidades de seus membros neuro divergentes, lutando por acesso igualitário a serviços, educação inclusiva e oportunidades adequadas;
- Flexibilidade e adaptação: As famílias atípicas muitas vezes precisam ser flexíveis e adaptáveis às necessidades em constante mudança de seus membros neuro divergentes, ajustando-se às demandas específicas de cada indivíduo;
- Cuidado com a saúde mental e emocional: É importante que as famílias atípicas cuidem da saúde mental e emocional de todos os membros, reconhecendo e respondendo às necessidades de apoio e autocuidado.
Por se falar dessa saúde mental e emocional, precisamos lembrar que essa mãe se encontra num estado de ansiedade e depressão tão grande que pode ser considerada a mesma intensidade em que vive uma pessoa em estado de guerra, portanto, precisa de apoio. Aí entra a necessidade do acolhimento da igreja.
Acolher uma família neuro divergente na igreja requer sensibilidade, compreensão e um compromisso genuíno em criar um ambiente inclusivo e acolhedor para todos os membros.
A igreja vai precisar:
- Promover a educação e a conscientização sobre as diferentes condições neuro divergentes presentes na comunidade da igreja;
- Realizar sessões de treinamento para membros e líderes da igreja para ajudá-los a entender as necessidades e desafios enfrentados pelas famílias neuro divergentes;
- Certificar-se de que o ambiente da igreja seja acessível e acolhedor para pessoas com diferentes necessidades sensoriais e físicas. Isso pode incluir a disponibilidade de espaços tranquilos para crianças e adultos que precisem de um ambiente mais calmo, bem como a instalação de rampas de acesso e banheiros acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida.
- Garantir que as crianças e adultos neuro divergentes sejam incluídos em todas as atividades da igreja, como cultos, estudos bíblicos, grupos de apoio e eventos sociais;
- Oferecer adaptações e suporte individualizado, conforme necessário, para garantir que todos os membros da família se sintam bem-vindos e incluídos.
- Fornecer recursos e apoio prático para as famílias neuro divergentes, como grupos de apoio, aconselhamento pastoral, materiais educacionais e informações sobre serviços comunitários disponíveis.
- Cultivar uma cultura de aceitação e inclusão em toda a igreja, onde todas as pessoas são valorizadas e respeitadas pelo que são. Celebre as diferenças e reconheça o valor único que cada indivíduo traz para a comunidade.
- Estar aberta para adaptar as práticas e procedimentos da igreja conforme necessário para atender às necessidades das famílias neuro divergentes. Seja flexível e receptivo ao feedback das famílias para garantir que a igreja esteja atendendo efetivamente às suas necessidades.
Essas são algumas práticas para acolher mães e famílias atípicas, e nós, discípulos de Cristo, devemos estar preparados para incluir crianças atípicas na igreja, pois a igreja é um lugar para todos.
Referência:
https://www.scielo.br/j/pe/a/QypM8WrpBcGX9LnwfvgqWpK/?format=pdf&lang=pt
FERREIRA, Glauco Magalhães. Autismo na Igreja: Edificando uma igreja para todos. Rio de Janeiro – RJ. Copyright, 2021.