“Foi desprezado e rejeitado pelos homens; homem de dores e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, foi desprezado, e não lhe demos nenhuma importância. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou sobre si as nossas dores; e nós o consideramos aflito, ferido por Deus e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas maldades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e por seus ferimentos fomos sarados” (Is 53.3-5).
Pastor Rick Warren, organizador da Saddleback Church (1980), autor do livro Uma Vida com Propósitos, afirma que o pior dia da sua vida foi quando seu filho caçula morreu. Decorridos quatro meses de silêncio, ele e sua esposa Kay falaram ao canal CNN (EUA) e de forma franca e dolorosa expuseram a morte de seu filho Matthew, que cometeu suicídio aos 27 anos, após lutar contra problemas psicológicos durante toda a vida. Justificaram que decidiram preservar a dignidade do filho ao ocultar da mídia sua luta de anos contra a doença mental e oravam por sua cura, para que ele mesmo contasse sua história.
O casal continua cada vez mais atuante nas causas das doenças mentais, entendendo que o seu maior testemunho é como lidam com a dor a cada dia. Ponderam que o sofrimento e a tragédia são inevitáveis em um mundo pecaminoso, mas Jesus Cristo faz toda a diferença e com temperança exortam: “Deixe Deus te curar, te reciclar, te usar para abençoar os outros. Use a dor como um modelo para a sua mensagem e testemunho no mundo. Decida que você vai confiar nele, mesmo na mais escura das horas de sua vida. O maior e melhor uso da nossa dor é ajudar os outros. Não desperdice sua dor”.
Desperdiçamos nossa dor quando permitimos que ela nos afaste de Cristo, ao invés de nos aproximar, pois somente Ele sabe, entende, nos acolhe, nos carrega em seus braços e dele vem a solução, conforme Tiago 1.17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto e descem do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”.
Desperdiçamos nossa dor quando insistimos em tentar resolver com nossas próprias forças: “Confia no SENHOR de todo o coração, e não no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme o SENHOR e desvia-te do mal”. (Pv 3.5-7). “Sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu propósito”. (Rm 8.28).
Quando a mente não entende o inescrutável de Deus, é preciso apenas crer, descansar, ser capaz de contemplar sua soberania e continuar servindo e adorando. A bela música de P.A. Baruk no desafia que é “…somente meu todo o trabalho, o seu é descansar em mim…”. O apóstolo Paulo contempla Deus e exalta num hino de louvor, um belo texto lírico que proclama de forma poética: “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Pois, quem conheceu a mente do Senhor? Quem se tornou seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu alguma coisa, para que lhe seja recompensado? Porque todas as coisas são dele, por ele e para ele. A ele seja a glória eternamente! Amém”. (Rm 11.33-36)
Recebemos bênçãos imerecidas sem questionar, mas até pequenos entraves ou demora nos planos traçados geram perguntas, angústia e descrença. Se aquilatamos a dor pessoal como sendo maior que nosso Deus, então aviltamos a dor do calvário, onde com preço de sangue Jesus Cristo conquistou nossa vitória quando ainda não perguntávamos por ele. (Rm 10.20). Que Deus nos ajude a não desperdiçarmos a dor do calvário. Que não seja em vão o sacrifício vicário de Cristo. Foi por amor! A alegria vem pela manhã! (Sl 30.5).