Essa é apenas mais uma história de alguém que vivia a margem da sociedade por ser deficiente físico, e esse o era, desde o ventre da sua mãe (Atos 3.1-10).
Homem pobre, paupérrimo e impotente, que vivia de mendicância há 40 anos, e que retrata o quadro da miséria humana. Esse homem dependia de favores de terceiros para estar na porta do templo todos os dias cedo, antes dos primeiros “adoradores” adentrarem ao templo. Ele era colocado no terceiro pátio onde estava a porta Formosa, e com certeza ele era judeu, pois só os homens judeus tinham acesso ao terceiro pátio.
A porta media 25 metros de altura, 20 de largura e era necessário o esforço de 20 homens para movimentá-la. Era coberta de ouro e prata. No mínimo um paradoxo, uma porta banhada em ouro e prata e ladeada por um aleijado mendigo. Tinha 40 anos, não andava, não tinha esposa, não tinha família, não tinha filhos. Provavelmente um amigo o carregava e o colocava todos os dias na Porta Formosa, e sua rotina não era nada formosa.
Passavam por ele, três vezes ao dia, homens conhecedores da Lei, mas não praticantes, eram vazios de empatia, pois passavam de largo, da mesma forma que agiram na parábola do bom samaritano. Demonstravam desprezo, insensibilidade, indiferença, nojo, repulsa. No entanto, Pedro e João diante do clamor do homem, pararam e o fitaram nos olhos. Reconheceram sua necessidade. Eles não tinham recursos financeiros sobrando, tinham apenas o suficiente para viver cada dia, eram pescadores pobres, mas, se importaram e se compadeceram. Eram ricos de amor e misericórdia de Deus. Ofereceram o que tinham. E o que tinham era maior do que tudo que os outros poderiam oferecer.
Eles ofereceram não apenas a cura, mas, a salvação, a dignidade, a possibilidade de sustento e sobretudo, a inclusão na sociedade, principalmente a religiosa, pois a primeira coisa que o coxo fez ao ser curado, foi entrar no templo e adorar a Deus. Pois esse acesso lhe era negado justamente por ser aleijado.
Quantas vezes diante dessa porta, esse homem teve vontade de entrar, mas o acesso lhe era negado? Quantas pessoas cheias de teorias de conhecimento das Escrituras passaram “próximo” a ele, mas, não eram seu próximo? Quantos de nós, preconceituosos, não fazemos nada para incluir e ainda nos assombramos ao ver quem faz?
Quantos de nós sabemos fazer o bem, mas não fazemos? Chega de indiferença. Chega de teoria sem prática. Chega de religiosidade. Chega de crença vazia. Precisamos agir com amor e misericórdia, não apenas oferecendo uma esmola por desencargo de consciência, mas, de forma a restituir a dignidade humana, que foi conquistada na cruz.
Precisamos dar acesso não apenas ao templo, não apenas uma falsa ideia de inclusão, mas, dar às pessoas com deficiência o senso de pertencimento. Que possamos agir movidos pelo amor de Cristo em nós.
7 Comments
Texto, extraordinário!
Muito bom
Obrigada. Essa é uma temática que precisa ser abordada na igreja.
Obrigada! Vamos passar essas informações para outros…a inclusão começa com a informação.
Que mensagem!
Glória a Deus.
Bênção
gostei muito boa a explicalçao bem objetivo! O senhor Jesus nos ensinou a amar o nosso próximo independente de quem seja sem fazer acepção de pessoas se digo que amo a Deus que não vejo, como não amar aquelo que vejo.