Educada por uma mãe que foi professora por profissão, cresci escutando o seguinte provérbio português “O saber não ocupa lugar”. Aos quarenta anos que hoje tenho estou convicta de que o ensinamento de minha mãe permanece correto.
O que venho considerando ultimamente é a qualidade do ensino em todas as esferas educacionais. Aqui incluem-se as organizações educativas, as mídias sociais, os centros religiosos e as famílias.
Dou início a este diálogo com você pensando no poder que a era da informação possui em nossos dias.
A velocidade como as notícias chegam até nós está além da nossa capacidade de compreensão. Compreender no sentido de entender com inteligência e não de absorver e “julgar” fatos apenas. A informação chega sem filtro e nós construímos uma história a partir dessa recepção. Isto é um erro. Daí que se origina a conclusão de que a qualidade do saber é duvidosa. Tal velocidade de informações tem sido tão impactante em nosso tempo que o passado, que sempre foi intacto, vem sendo mudado. De repente somos notificados de que aquilo que era, não é mais, ou que houve um erro, um equívoco, um conto, sei lá mais o quê.
Enfim, os ensinamentos de nosso tempo são questionáveis. As pessoas estão lendo menos, tornando-se menos investigativas e mais facilmente influenciáveis. A cultura do “…Flix” está por toda parte, onde pessoas se isolam com seus controles remotos em mãos, mas não percebem que elas mesmas estão sendo controladas por uma série de inúmeros capítulos razoavelmente ou nada interessantes, enquanto a vida real está acontecendo do lado de fora de seu metro quadrado.
A humanidade está perdendo o gosto por seus semelhantes, por gente. Uma fração de nossa espécie está mudando e a tendência é aumentar nas futuras gerações. Estamos diante de uma sociedade sem identidade, por isso, o caos social, onde tudo é permitido a todo instante, sem limites, sem pudor, sem bom senso. Afinal, como posso olhar o outro sem não enxergo a mim mesma? O saber de fato está tão distante que as pessoas não se reconhecem a si próprias.
É aí que vemos a necessidade de investir (mais do que nunca) no saber. O saber precisa ocupar a mente e mover o coração das pessoas.
“A palavra de Cristo habite ricamente em vós, em toda a sabedoria; ensinai e aconselhai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão no coração” (Colossenses 3.16).
O saber começa com o ensino da Palavra porque é o único que, ao longo dos tempos, não muda. A forma de interagir com a Bíblia precisa ser interessante e profunda. Paulo enfatiza a mensagem de Cristo neste versículo. Quanto mais a nossa liderança estiver intimamente ligada a Cristo mais ela vai transbordar de Deus. Então, analisemos nossas práticas de vida. Começando em nossa particularidade. Vou usar de licença poética e citar em primeira pessoa para tornar mais próxima a reflexão.
Quando foi a última vez que eu orei “rasgando” meu coração? Quanto tempo eu dediquei hoje à leitura bíblica e saí transformada deste momento devocional? Com que frequência eu exercito ações solidárias de desapego material? Eu zelo pelo meu corpo em adoração ao Senhor por ser habitação Sua? O fruto do Espírito é notado no meu modo de ser? Minha forma de falar, minha expressão corporal expressam mansidão, amor e vida leve? O que eu ensino condiz com minha prática de vida ou recebo sinais em minha consciência de que algo precisa ser corrigido?
Nossa conduta moral e nossa forma de viver revelam o nível de proximidade que temos com a Palavra. Vida é fluidez. Se não fluir é porque já está morto e cheira mal. A sociedade precisa de sal, de luz, de calor, de cor, de vida. Tudo isso tem alto poder de contagiar e transformar, mas a Palavra de Deus é infinitamente mais poderosa. É dela que nós precisamos. É dela que devemos falar com nossos lábios e com nosso exemplo de vida, vida abundante em Jesus.
Que o saber ocupe espaço em nossa mente e coração.