“E todo atleta exerce domínio próprio em todas as coisas. Os atletas o fazem para alcançar uma coroa perecível, nós, porém, uma coroa que não se acaba”
(1Coríntios 9.25)
Com sete medalhas de ouro e 21 medalhas no total, o Brasil apresentou o seu melhor desempenho em todas as Olimpíadas que já participou. Já foram 29 edições das competições, que ocorrem a cada quatro anos, sendo que o Brasil participou de 23 delas. Um atleta que participa de uma olimpíada sabe que precisa de muito esforço para subir ao pódio e conquistar a tão sonhada medalha de ouro não é para muitos. Você já se imaginou participando de alguma olimpíada como atleta? Em que esporte você competiria? E como torcedor, como você é? Eu torci muito em algumas modalidades e isso pode revelar um pouco de cada um de nós.
O apóstolo Paulo quando escreveu essa sua carta aos crentes que moravam em Corinto (uma cidade-estado da Grécia antiga) tinha em mente, entre outras coisas, fazer uma comparação do que ele já estava habituado a ver nos jogos que ocorriam na cidade. Então ele diz que para receber “uma coroa, que, aliás, não dura muito” era preciso muito treino e esforço. Mas, ao contrário, a “coroa que dura para sempre” era o que ele almejava. Em outro lugar ele escreve, já mais no final da vida: “Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé” (2Tim. 4.7). Mas Paulo queria mostrar mais. Corinto, além dos jogos ístmicos celebrados a Poseidon, possuía um porto muito importante como rota comercial e que atraía pessoas de todos os lugares, inclusive para frequentarem os templos dedicados a Afrodite e a Apolo. É nesse contexto que Paulo diz àqueles crentes que seguir a Cristo é o mesmo que um atleta faz, com esforço e dificuldades, sabendo que o prêmio está lá no final.
Mas existe mais uma faceta que podemos abordar e que está relacionada aos espectadores, que na maioria não pratica qualquer esporte, mas acompanha os jogos. Eu, propositadamente, tomei emprestado o título acima – o melhor de nós… – de parte de uma campanha publicitária da emissora transmissora dos jogos olímpicos 2020 em Tóquio, cuja ideia geral é que os jogos despertam o melhor das pessoas, no calor da torcida por uma medalha. Mas, o que de melhor é despertado em nós? O melhor de nós é torcer para que os outros se dêem mal, a fim de que ganhemos, que alguém caia, quebre algo, não tenha força, erre o alvo etc. O melhor de nós não é isento do pecado que carregamos. Por isso, o apóstolo Paulo escreve em outro lugar que há uma luta interna dentro de nós querendo fazer o que é correto, mesmo assim fazemos o errado – “tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros” (Rm 7.23b).
Tudo o que fazemos vem manchado pelo pecado que nos marca de perto. Assim, no nosso melhor esperamos reconhecimento, esperamos servir de exemplo, esperamos receber algo em troca, damos com uma mão e não escondemos a outra, nos alegramos com a desgraça do outro, até mesmo servimos a Deus pelo motivo errado, etc., etc., etc. O melhor de nós, acreditamos, é sempre melhor que os outros: […] “quando quero fazer o bem, o mal está presente em mim” (Rm. 7.21). O fato é que estamos numa constante luta interna, sempre procurando vencer: “Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne. Eles se opõem um ao outro, de modo que não conseguis fazer o que quereis” (Gl 5.17). Esta é uma triste realidade, e que se resolvida de qualquer modo, não se achará solução. Isso quer dizer que não podemos fazer nada de bom? Claro que podemos! Até mesmo o pior dos malfeitores, lá no fundo tem um apreço, um certo amor, por alguém. É a imagem de Deus em nós, mesmo que manchada. Jesus disse que até mesmo os maus sabem dar boas coisas aos seus filhos (Mt 7.11). Mas o melhor que fazemos não deixa de ser manchado pelo pecado!
Deve ter alguma solução para isso! E há! O problema não somente é apresentado, mas também lhe é dado uma solução. A solução não vem de algo que está dentro de nós, mas é externa e nos é apresentada como o próprio Deus morando dentro de nós, por intermédio do seu Espírito. Este, morando em nós, estará nessa constante luta interna conosco, nos moldando à semelhança do seu próprio Filho Jesus e produzirá dentro de nós o melhor. Aí sim, podemos dizer que Aquele que habita em nós é o que desperta o que tem de melhor, pois é Ele mesmo quem nos molda. Deste modo, de dentro de nós brotará, “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5.22,23). Não há nada melhor do que isso. Agora, estamos em formação, ainda estamos em luta interna, mesmo com o Espírito habitando em nós ainda vamos errar, mas como Paulo disse: “E todo atleta exerce domínio próprio em todas as coisas. Os atletas o fazem para alcançar uma coroa perecível, nós, porém, uma coroa que não se acaba”. Não estamos numa corrida de cem metros, mas estamos numa maratona e com obstáculos! Não é algo completamente para o agora! Então, quer ver despertar o melhor de nós? É Cristo quem o faz!