Após discorrer sobre o método de construção de cenários, pretende-se refletir sobre a gestão do conhecimento em Educação Cristã que passa prioritariamente pelos pontos desenvolvidos nesse ensaio. Para tanto, faz-se necessário fazer uma breve referência ao contexto societal, ou seja, cenários prospectivos como temos feito.
Após refletir, reconstruir o cenário do cristianismo do primeiro século e adotar a metodologia da gestão do conhecimento aplicado a Educação Cristã bem como pensar algumas perspectivas para a Educação Cristã para esse início de século XXI, faz-se necessário pensar algumas perspectivas para a Educação Cristã do amanhã. Segundo Edgar Morin, há muito tempo, insiste em afirmar que “ensinar a pensar bem, a pensar melhor, está associado à ideia de formar um ser mais “humano”.
Considera-se que em relação à igreja, o pastor e o educador cristão se deparam com um cenário em que a igreja tem visto pastorados curtos e de tempo parcial, pastores jovens e com pouca experiencia e sem orientação espiritual, mas também com pastores experientes e em final de ministério; ora eles têm dividido seu tempo e ministério cristão com outras atividades seculares do seu dia a dia.
Reconheço que as condições ministeriais para o exercício pastoral hoje têm relação direta com o exercício do ministério do educador cristão no contexto da igreja local. Seja qual for o projeto de Educação Cristã, precisa considerar esse fenômeno religioso. Entendo que nem o pastor e nem o educador cristão “sobrevivem a um cenário de instabilidade ministerial e de igrejas em via de encolhimento”.
Diria que o enfraquecimento do ministério pastoral propicia um enfraquecimento da responsabilidade do educador (a), já que cada um tende a ser responsável por sua tarefa específica, de modo que se percebe o enfraquecimento do ministério mais associado a formas de organização eclesiástica bem como à pessoa, seja do pastor ou do educador do que com um projeto de Educação Cristã para a igreja e seus membros. Diante desta realidade, o diálogo, o acompanhamento e o cuidado/orientação espiritual com o pastor e o educador cristão é importante, necessário, reconhecendo que olhares e cenários mudam com frequência, se entrecruzam com o olhar do outro sobre a realidade em sua totalidade, isso afeta sentidos e significados das pessoas e grupos sociais.
Nas sociedades ocidentais as pessoas são ostensivamente livres, mas sentem-se presas pela imprevisibilidade dos eventos, estresse de uma cultura hostil. De modo que, cabe ao pastor e ao educador cristão desenvolver competências – conhecimentos e habilidades sobre a gestão do conhecimento nos estudos relacionados com prospecção de estudos de cenários. Isto implica em:
a) Aprendizagem organizacional, neste caso a igreja; b) inteligência empresarial – isto é, em relação ao pastor e ao educador cristão; c) gestão do capital intelectual; d) educação corporativa; e) gestão por competência e f) liderança espiritual saudável.
Diria que esse foco tem uma perspectiva mais técnico cientifica. Esse olhar impõe ao educador (a) uma exigência no sentido de lidar com situações com as quais ele nem sempre vai estar preparado, muitas vezes pragmáticas e instrumentais e, menos reflexiva. Para Tom Sine (p. 2001) “De fato, a igreja muitas vezes só reconhece a onda da mudança bem depois da sua passagem”.
Para lidar com situações como essas proponho um trabalho de orientação espiritual no sentido de acompanhar o pastor e o educador cristão, desde a construção da sua identidade (torna-se, questão ontológica) até a sua inserção na prática ministerial. É preciso fazer algo nesse sentido, “quem sabe se não foi para este tempo que foram conduzidos”?
REFERÊNCIAS
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LITTLEJOHN, Robert; EVANS, Charles T. Sabedoria & Eloquência. Um modelo cristão para o ensino clássico. São Paulo: Trinitas, 2020.
MORAIS, Regis de. Educação contemporânea. Olhares e cenários. Campinas: Alínea, 2003. (Coleção educação em debate)
PETERSON, Eugene H. O caminho de Jesus e os atalhos da igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2009. (Série – Teologia Espiritual)
SINE Tom. O lado oculto da globalização. Como defender-se dos valores da nova ordem mundial. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
STETZER, Ed; PUTMAN, David. Desvendando o código missional. Tornando-se uma igreja missionária na comunidade. São Paulo: Vida Nova, 2018.
TAVARES, José. O poder mágico de conhecer e aprender. Brasília: Liber Livro, 2011.
THIESEN, Juares da Silva. O futuro da educação. Contribuições da gestão do conhecimento. Campinas: Papirus, 2011.