Fiz uma palestra por ocasião da comemoração do Dia da Escola Bíblica recontando a história de Robert Raikes como fundador das escolas bíblicas, enfatizando o deixado para o mundo: a transformação social e de vidas pelo ensino da Palavra de Deus.
A obra de Lois Lebar intitulada A Educação que é cristã, é muito rica em ensinamentos e traz excelentes contribuições ao campo de estudos da Educação cristã. Vou replicar aqui alguns ensinamentos da autora retirados do texto de Isaías 55.1-11, utilizando a versão Almeida, revista e atualizada. Chama nossa atenção os imperativos encontrados desde o versículo 1: Vinde às águas; Vinde comprai e comei; Ouvi-me atentamente; Comei o que é bom; Inclinai os vossos ouvidos; Vinde a mim; Ouvi, e a vossa alma viverá; Buscai o Senhor; Invocai-o; Deixe o perverso o seu caminho; Converta-se ao Senhor; Volte-se para o nosso Deus.
Em meio a imperativos aparecem no texto alguns “por quês”: o primeiro em forma de pergunta: “Por que gastais dinheiro com o que não é pão?”; em seguida afirmativas: “porque nosso Deus é rico em perdoar”; “porque os meus pensamentos e os meus caminhos são mais altos do que os seus”; e pôr fim a expressão “assim como”: descem a chuva e a neve dos céus e não voltam para lá, regam a terra, a fecundam e a fazem brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come.
A ilustração do ciclo da água e do plantio é muito apropriada e por meio dela, o autor manifesta a grandeza da natureza da qual somos dependentes para nossa alimentação. A água vem, rega e não volta vazia, porque deixa no solo o fruto para alimentar o homem, um ciclo perfeito. A ilustração do ciclo da água no texto escrito por Isaias faz uma ligação com a palavra ensinada que utiliza os imperativos e os por quês para a promessa que se segue: “a palavra que sair da vossa boca; não voltará vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei” (v. 11).
Volto a pensar em Robert Raikes: Quantos imperativos ele proclamou? Deixo minha mente divagar na imaginação e penso em algumas declarações que talvez tenha feito a seu tempo: ‘Meninos, saiam das ruas! Venham aprender a ler! Venham estudar! Conheçam uma nova proposta de vida! Leiam um livro que vai oferecer a vocês uma vida diferente! Certamente a palavra não voltou vazia a partir do movimento da Escola Bíblica pois em muito pouco tempo atingia milhares de pessoas em toda a Europa.
Lebar nos lembra que Deus faz um clamor para que todas as pessoas sintam a necessidade de buscá-lo mais. Diz a autora que o mais difícil é atravessar a Palavra escrita para chegar à ‘Palavra Viva’. Raikes ajudou meninos a atravessarem a palavra escrita. Ajudou-os a conhecerem a respeito de Deus e a “conhecê-lo”, a “crer nele” e não somente entender que a Palavra pertence a Deus, mas “compreender a Deus em sua Palavra”.
Educadores cristãos são Robert Raikes nos dias de hoje. Aqueles que irão “sair com alegria e paz, a colher o ‘cipreste’ e a ‘murta’ e “isso será glória para o Senhor e memorial eterno que jamais será extinto” (v. 12-13). Que preciosas promessas. Que a Igreja de Cristo sempre se preocupe em ensinar a Palavra para transformações de vidas como tão bem fez Robert Raikes no século 18 e tão bem faz Profa. Lebar a nós, nos dias de hoje.
LEBAR, Lois E. Educação que é cristã. 3ª. Impressão. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.