“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco” (João 14:16)
O termo “consolador” usualmente é entendido como “aquele que consola”. Entretanto, ele carrega em sua raiz um significado de “chamado, convocado a estar do lado de alguém”. Com este significado, o termo fica mais abrangente, pois pode ser usado, por exemplo, como aquele que representa alguém diante de um juiz (I Jo 2:1), que intercede, que pleiteia uma causa. Assim, Jesus diz aos discípulos o que o Espírito Santo é e o que vai fazer.
O contexto das palavras de Jesus é de quem está em processo de partida e dá recomendações aos que ficam. Mas, ao sentir o peso em seus corações, Jesus os anima dizendo que eles não ficariam sozinhos, órfãos, sem pai, mas que Deus, a pedido do Senhor Jesus, enviaria outro Consolador para estar com eles de forma perene. Apesar do Consolador já estar com eles pessoalmente, de modo que podiam vê-lo, ouvi-lo e apalpá-lo, o outro consolador não estaria de forma sazonal e não somente estaria com eles, mas neles.
Há algumas características do outro Consolador que Jesus ressalta e que os discípulos não deveriam desconhecer. Ele estaria para sempre com eles, assim, não teriam mais a terrível dor da separação que dali a um pouco mais de tempo teriam que passar. Veja-se o benefício disso na vida dos discípulos pós-pentecostes, com que intrepidez falavam, agiam, pensavam. Veja que ousadia em anunciar a mensagem que haviam recebido de seu Mestre. Quando alguém está conosco somos fortalecidos e se esse alguém é o próprio Deus, que será que podemos fazer!
Este Consolador não tem parte com o mundo. No evangelho de João, o termo mundo apresenta significados diferentes, pois ele diz que “Deus amou o mundo” (pessoas) e aqui diz que Ele não tem parte com o mundo, como um sistema organizado que se opõe a Deus. Assim, esse sistema organizado é oposto aos desígnios de Deus, e nele não há verdade, nem tampouco tem condições de conhecer a Deus. Além disso, a seu tempo Ele vai se manifestar, quando Jesus já não estiver ali . Que impacto isso tem para nós hoje, pois podemos também conhecer a Jesus, saber quem ele é e usufruirmos da sua presença e do próprio Deus!
O outro Consolador é também um Mestre, pois ensinará os discípulos tudo o que o Mestre Jesus já lhes havia dito, mas agora fazendo-os de fato praticarem o que ouviram. O Espírito Santo dentro deles teria a função importante de fazer que eles se lembrassem de tudo que Jesus havia lhes ensinado. Eles não teriam que inventar nada, pois o Consolador iria lhes trazer à mente o que Jesus lhes havia dito. Observe que para nós também é assim, pois só quando meditamos em sua Palavra é que temos a possibilidade posterior de anunciá-la para nós mesmos e para outros. Meditar significa dizer para mim mesmo. Eu leio e repito para mim mesmo o que li na Lei do Senhor durante minha caminhada.
Temos uma tarefa importante a fazer, deixar esse Consolador também estar ao nosso lado, ouvi-lo sempre e deixar que Ele nos ensine o que Deus quer que aprendamos. Se não lemos a Palavra do Senhor, não temos do que ser lembrado e ensinado, pois o Espírito Santo vai nos lembrar o que vimos e ouvimos do Mestre. Além disso, por mais difícil que seja a caminhada, a promessa do Senhor Jesus é de que o outro Consolador estará conosco sempre. Isto é verdade para os que são seus, como os discípulos o eram. Para os que são do mundo, que não tem parte com Deus, essa promessa não tem sentido e valor. Só lhes faz sentido quando são alcançadas pelo Consolador que passa a lhes representar diante de Deus e andar junto com eles. Mas para isso, eles precisam ouvir a mensagem que o Consolador lhes aplicará ao coração. Consola-me Deus com o teu Santo Espírito!