Jesus usou todo tipo de estratégia para ensinar pessoas e fazê-las chegar à compreensão da vontade de Deus para suas vidas. Em uma de suas experiências de ensino no templo, ele fez uso de perguntas para levar os seus interlocutores à reflexão. No episódio descrito em Marcos 12.35-37, Jesus coloca diante do público algumas perguntas que confrontam a fé dos ouvintes e abrem novas possibilidades de conhecimento e experiência com Deus. Se o mestre fez uso desta estratégia, podemos, também, aprender com Ele como tirar proveito dela para ensinar de forma cada vez mais profunda.
Saber fazer boas perguntas em momentos oportunos é umas das mais importantes habilidades de um professor. Mas esta habilidade não é inata, ao contrário, leva tempo para ser desenvolvida e exige atenção e prática. Muitos professores usam as perguntas como parte do seu processo de ensino-aprendizagem, porém, nem sempre a usam da forma mais adequada. Veja alguns exemplos equivocados do uso de perguntas numa situação de ensino bíblico:
- Uso de perguntas, cuja resposta já está embutida. Nestas situações o interlocutor só deverá concordar ou discordar com a tal “pergunta” feita. A pergunta não tem função reflexiva ou participativa, não se pretende obter uma resposta, mas sim reforçar uma ideia ou enfeitar o discurso. O professor apenas espera uma validação da sua fala por parte de quem o ouve ou, ainda, uma pausa na sua fala. É a famosa pergunta retórica.
- Uso de perguntas sucessivas, sem que haja espaço para respostas entre elas. Muitas vezes o professor usa uma forma interrogativa de falar. Ele lança sobre os ouvintes diversas perguntas sem a intenção de ouvir as respostas. Nestas situações, os interlocutores ficam confusos sobre como interagir e, se responderem a alguma pergunta, provavelmente será apenas a última que foi pronunciada.
- Uso de perguntas cuja resposta seja dada em apenas uma palavra. Quando a resposta para a pergunta é apenas um sim, não, é, foi… há algo inadequado. A pergunta não cumpriu a sua função reflexiva. Mais uma vez o professor espera apenas uma validação do seu discurso.
- Uso de perguntas que produzam uma intimidade que o grupo ainda não está preparado para ter. Quando a pergunta solicita ao interlocutor uma partilha que ele ainda não está preparado para fazer, isso pode causar constrangimento. As perguntas devem levar à reflexão pessoal, mas não necessariamente à partilha coletiva.
Para tornar-se um bom perguntador, é necessário, primeiro, reconhecer de que precisa investir energia e paciência nesta tarefa. Em segundo lugar, é necessário praticar, praticar muito. Quanto mais você aplicar, avaliar e desenvolver perguntas, mais você irá esmerar-se no seu uso. O ofício de ensinar é repleto de oportunidades para crescer nessa área. Uma das primeiras coisas que você deve aprender a fazer é classificar as perguntas. Isso mesmo, existem vários tipos de perguntas e cada uma delas serve a um objetivo específico, por exemplo:
- Perguntas de descoberta – São perguntas que ajudam a relembrar um conteúdo ou princípio que os alunos já estudaram e associar a novos conteúdos que serão explorados. Ex.: “Qual foi o princípio da Palavra de Deus que estudamos na aula anterior?” “O que podemos ligar daquele assunto com o que vamos estudar hoje?”
- Perguntas de compreensão, reflexão e discussão – São perguntas que ajudam os interlocutores a chegarem a um conhecimento maior sobre o conteúdo que se está trabalhando. A ênfase está além do conteúdo em si, ela aponta para a reflexão e a discussão. Ex.: “O que você descobriu de novo neste texto?”
- Perguntas de aplicação – São as perguntas mais importantes do processo de ensino-aprendizagem da Bíblia. Elas ajudam o aluno a aplicar o princípio bíblico à sua vida. São as perguntas que ajudarão o interlocutor a criar um plano de ação que o coloque em um novo passo na vida cristã. Ex.: “O que Deus está falando para você através desta lição?” “Em que área da sua vida Deus quer que você trabalhe agora?” “Que desafios você sente para sua vida a partir desta aula?” “Compartilhe uma nova compreensão que você obteve nesta aula e quer ver aplicada em sua vida?”
Depois de aprender sobre a importância das perguntas, sobre os tipos de perguntas que você não deve fazer e como classificar suas perguntas, agora você poderá desenvolver um plano para tornar-se um perguntador mais habilidoso. Que tal elaborar boas perguntas para a sua próxima aula? Com certeza você e sua turma têm muito a ganhar com isso. Vamos lá?
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Já aprendemos com Platão… é importante perguntar, e principalmente com humildade! Bora praticar para assimilar e utilizar com eficiência e assertividade! Ótimo artigo, professora Elana! Obrigado.