Como vimos no artigo anterior, a Gestão Pedagógica é a responsável por estabelecer objetivos, metas e caminhos para o aprimoramento do ensino na igreja. Também é a área que avalia o desenvolvimento de facilitadores e aprendizes, a fim de criar um ambiente estimulante e que proporcione aprendizagem e amadurecimento cristão dos envolvidos. Vimos também que esta área deve mobilizar recursos e organizar processos para o alcance dos objetivos educacionais do ministério.
Para avançar na gestão pedagógica podemos lançar mão de uma ferramenta muito boa que é o Projeto Educacional Cristão (PEC) e é sobre ele que vamos conversar neste artigo. O PEC seria o correspondente ao Projeto Político Pedagógico (PPP) adotado pelas escolas em seus planejamentos anuais. Como estamos fazendo educação para a igreja ou organizações cristãs e elas têm suas particularidades, a ferramenta foi adaptada para atender melhor aos nossos interesses específicos.
O PEC pode ser considerado como a ferramenta central para a gestão pedagógica de uma igreja. A partir dele, serão definidos os objetivos pedagógicos e os caminhos que poderão ser utilizados no dia a dia para atingi-los. Trata-se de um documento que deve ser construído coletivamente com toda a equipe educacional e áreas afins que podem dar suporte do projeto.
Antes de formular o documento, a igreja precisa ter tomado algumas decisões cruciais e que são anteriores ao PEC, como por exemplo: Qual é a concepção de aprendizagem que estamos tomando? Qual é o papel do facilitador no processo de aprendizagem? Como será avaliado o PEC, os facilitadores, os gestores/ liderança e a aprendizagem? Quais as concepções e procedimentos de inclusão dos aprendizes? Qual é a concepção de currículo? Que tipo de metodologia vamos abraçar? Qual será a estrutura e normas de funcionamento? Qual é plano de Gestão Educacional?
Dessa forma, o Educador Cristão ou o coordenador pedagógico responsável pela condução da elaboração desse projeto, deve ter o cuidado de reunir todas as informações relevantes para a sua formulação. Estas informações devem ser compartilhadas com a liderança do ministério, os facilitadores e todos os membros envolvidos no programa educacional da igreja até que o projeto esteja maduro para ser implementado. Para se ter uma visão melhor de como ficaria o PEC depois de pronto, vamos conhecer algumas de suas partes e erros mais comuns na sua elaboração:
Principais partes de um PEC
- Breve histórico da igreja
- Breve descrição de sua estrutura organizacional e física
- Características de sua membresia
- Descrição da estrutura da Educação Cristã
- Missão, visão, valores e princípios
- Perfil do cristão que se deseja formar (incluindo competências e habilidades)
- Descrição da comunidade em que a igreja está inserida
- Recursos humanos, financeiros e pedagógicos
- Diretrizes pedagógicas (concepções em relação a currículo, aprendizagem, avaliação, inclusão, metodologia etc.)
- Planos de ação (curto, médio e longo prazo) com indicadores de crescimento. Este é o coração do PEC. Os planos de ação devem conter os objetivos e metas que a igreja pretende realizar durante o ano eclesiástico ou o período predefinido, indicando a forma como serão alcançados e em quanto tempo. Além disso, deve conter a maneira como as metas serão acompanhadas e avaliadas e as instruções para organizar as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem.
- Quadro de responsabilidades com a descrição da tarefa que devem realizar e o cronograma, contendo os prazos para a sua conclusão de cada plano de ação.
Erros mais comuns no PEC
- Não fazer pesquisas para entender o contexto da igreja e comunidade
- Buscar modelos prontos de outras igrejas ou denominações
- Encomendar o PEC a consultores externos
- Não atualizar o PEC periodicamente
- Deixar de convidar todos os envolvidos para participar de sua construção
- Usar linguagem muito técnica
- Criar uma missão que não é clara ou que não transmite os valores da igreja ou instituição
- Não tomar como base o PDER (Plano Diretor de Educação Religiosa da CBB)
- Começar a implantar o PEC depois que o ano já se iniciou e tem outras atividades em andamento. O ideal é elaborar no ano anterior ao que ele começará a ser implementado.
- Ignorar os conflitos de ideias que surgem durante a sua elaboração
- Arquivar o projeto em algum lugar e não o deixar acessível a todos
- Não comunicar e avaliar o PEC sistematicamente.
Depois que o Planejamento Educacional Cristão (PEC) estiver pronto, o Educador ou o coordenador pedagógico poderá delegar as funções e tarefas de forma a cumprir o projeto e atingir as metas estabelecidas. Também deve manter esse plano vivo ao longo do ano eclesiástico, engajando toda a equipe no seu cumprimento.
Uma gestão pedagógica bem-feita tem o objetivo de buscar continuamente os melhores métodos de ensino e aprendizagem para os participantes do programa educacional. Também atua de forma a criar um ambiente propício, com toda a estrutura necessária para que eles absorvam o conteúdo bíblico e apliquem em suas vidas, em seus relacionamentos e em suas produções.
Caso você ainda tenha muitas dúvidas em relação a este assunto, aguarde que em breve teremos um curso especial para capacitá-lo melhor para construir o PEC da igreja ou instituição cristã. Vamos crescer juntos!