“Cada geração, sem dúvida, acreditou que deveria mudar o mundo. A minha sabe que ela não o fará. Sua tarefa, no entanto, talvez seja a mais importante. Consiste em impedir que o mundo se destrua”. Albert Camus
Começo neste segundo artigo para o blog da OECBB, com a epígrafe de Albert Camus, somos a geração de pastores e educadores cristãos que irão “impedir que o mundo se destrua?”. Segundo Alvin Toffer, “educação deve refletir uma visão ou imagem acerca do futuro,” no cenário de uma sociedade emergente, planetária, “cristianizada”, marcada pela rapidez, despersonalização e insignificância humana, pela desigualdade social – binômio pobreza e miséria; com transformações nas estruturas demográficas e sociais; um cenário ambientalmente insustentável e politicamente corrupto, oscilando da ausência de uma figura de autoridade política respeitável e confiável, a uma mídia corrompida e manipuladora; mas com grandes possibilidades – sempre objetivas de transformações em diferentes campos da vida hodierna, que tende acelerar-se no futuro, criando tensões enormes.
É possível “impedir que o mundo se destrua”? Para o historiador e futurólogo Tom Sine (2001) “o problema mais importante que enfrentam a igreja e a sociedade é uma crise de visão: não sabemos por que fazemos o que fazemos”, eu acrescento, também da missão da igreja no mundo.
Quando pessoas falam de “olhares e cenários”, revelam suas atitudes, seus valores, suas crenças e princípios, a partir de realidades como a descrita no parágrafo anterior. Eu, mesmo aos poucos vou me desnudando de alguns pré-conceitos na medida em que avanço em minhas reflexões e divagações, muitas vezes “sem nexos”, mas sempre na tentativa de construir um ensaio com coerência e coesão teórica, mas, principalmente com sensibilidade, empatia e amor para com o próximo, por mais difícil que seja.
Ressaltar que, a temática proposta para esse blog exigiu um olhar atento e análises em profundidade, com certo rigor que é próprio da academia sobre o nosso entendimento de um assunto tão importante como: “Olhares e cenários para a educação cristã: aprendendo a mudar”, com foco nos processos e situações que merecem estudo e comentário construtivo, propositivo e, assim contribuir para qualificar o nosso discurso narrativo em forma de ensaio, agora proponho abordar a temática: “A educação cristã do amanhã”, sem dúvida exigirá pensar o significa tornar-se um outro pastor e educador cristão.
Entenda-se de antemão que o espaço aqui não permite essa análise mais profunda dos assuntos que serão tratados, nesse caso faço algumas provocações. Nem por isso deixo de fazer um olhar atento e com profundidade, mas com radicalidade, ou seja, “ir a raiz”, “ir fundo”. Diria que é preciso ir ao fundo das coisas, dos acontecimentos e das relações. Isso é possível através de um olhar que exige densidade, clareza, objetividade e tensão permanente.
Portanto, temos o desafio homérico no sentido de lançar um olhar atento e reflexivo de um passado recente (para muitos obsoleto) e, ao mesmo tempo um olhar desejável (relacionado às necessidades, anseios e expectativas) provável e preferível para um futuro de esperança – algo subjetivo e, menos cético, incerto, ameaçador e caótico. Não é fácil dialogar com o futuro, imaginário ou não, mas, é de fundamental importância pensar os cenários na medida em que voltamos para o nosso presente com função de diagnosticar e, outra de natureza crítico-substantiva.
Desse modo, é necessário fazer uma tentativa de descrever algumas características de diferentes cenários seja ele, pessoal, comunitário ou organizacional; local, nacional ou transnacional e, instigá-los e provocá-los a assumirmos juntos com consciência crítica, sistemática e reflexiva e, ao mesmo tempo desenvolver uma ação propositiva, prospectiva e proativa. Até aqui, você se sentiu provocado a dialogar sobre a temática. Aguarde o próximo artigo.
REFERÊNCIAS
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LITTLEJOHN, Robert; EVANS, Charles T. Sabedoria e Eloquência. Um modelo cristão para o ensino clássico. São Paulo: Trinitas, 2020.
MORAIS, Regis de. Educação contemporânea. Olhares e cenários. Campinas: Alínea, 2003. (Coleção educação em debate)
PETERSON, Eugene H. O caminho de Jesus e os atalhos da igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2009. (Série – Teologia Espiritual)
SINE Tom. O lado oculto da globalização. Como defender-se dos valores da nova ordem mundial. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
STETZER, Ed; PUTMAN, David. Desvendando o código missional. Tornando-se uma igreja missionária na comunidade. São Paulo: Vida Nova, 2018.
TAVARES, José. O poder mágico de conhecer e aprender. Brasília: Liber Livro, 2011.
THIESEN, Juares da Silva. O futuro da educação. Contribuições da gestão do conhecimento. Campinas: Papirus, 2011.