O que você sente ao chegar em uma igreja e verificar que as salas destinadas à educação cristã estão com pouca iluminação, tomadas sem funcionar, paredes descoloridas, janelas que não abrem, ventilador que não funciona e insolação aos domingos pela manhã; sem falar nos banheiros escuros com a pia caindo? Não é agradável a nós educadores, nem a qualquer visitante que passe por lá.
Quais os sentimentos provocados num ambiente desses? É certo que não é só de paredes que se faz um bom ambiente, pois a Palavra nos diz que “Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi gordo acompanhado de ódio” (Provérbios 15.17). O amor com que tratamos nossos educandos pode criar uma atmosfera de bem-estar em qualquer lugar do mundo. No entanto, o descuido que temos com as instalações da igreja refletem pelo menos duas realidades: dificuldade financeira (ausência da gestão de recursos) ou desvalorização dos espaços educacionais (ausência de visão da Educação Cristã).
Os espaços educativos de uma igreja
Quando se fala em ambiente educacional, os especialistas são unânimes em afirmar que há sim a necessidade de um mínimo de zelo para com o patrimônio e cuidado para que esse ambiente reflita a proposta pedagógica dessa organização. Carpinteiro e Almeida (2008) nos levam a refletir sobre o que é um espaço educativo, sua dimensão geométrica e social. A arquitetura de uma escola retrata a sua identidade e a sua cultura e da mesma maneira podemos enxergar o espaço educativo na igreja. O que queremos ensinar? Cuidado e acolhimento às pessoas? Estímulo à leitura e à aprendizagem? Provocar interatividade e compartilhamento de experiências? Tudo isso, levado em conta, vai refletir em ações na estrutura do prédio, na aparência, no layout escolhido, no arranjo dos móveis e nas condições de acesso a todas as pessoas, inclusive àquelas com limitações físicas, motoras e sensoriais.
Qualidade no espaço educativo
A nova LDB também fala que todos os alunos, independentemente de suas necessidades, devem ser atendidos pelo programa educacional de uma organização. É assim na escola e não deve ser diferente na igreja. Deveríamos, como forma de testemunho cristão, sair na vanguarda e mostrarmos ao mundo todo o zelo que temos ao tratar de pessoas. Não é pouco o tempo que passamos nos espaços da igreja, não se considerarmos desde o bebê até à terceira idade. Levamos para o resto de nossas vidas as lembranças agradáveis ou não, vividas na infância.
Além do mais, os espaços educativos podem ser usados durante a semana para projetos integradores e evangelização da comunidade que vive ao redor da igreja. O que podemos considerar como qualidade no atendimento? Na minha experiência como Professora, Coordenadora Pedagógica e Diretora de Escola por muitos anos, considero qualidade a limpeza, a iluminação, as cores acolhedoras, móveis ergonômicos e recursos tecnológicos adequados a cada faixa etária.
O que melhorar em sua igreja?
Esse é o ponto de partida. O que a sua igreja está precisando no momento? Qualquer melhoria já vai chamar a atenção para o que se produz nesse local. Cada igreja vive uma realidade diferente, mas todos nós vivemos a era das inovações. Pegando carona em todas essas mudanças que estão ocorrendo em nosso mundo não é demais pensar em inovação nos espaços educativos. Também segundo os especialistas, inovar é sair daquilo que estamos acostumados, é experimentar coisas novas. O fato de mudarmos o tipo de cadeira e a posição delas, para o formato em U ao invés de plateia, já é uma inovação. Se mudarmos a cor da parede, poderá haver mais estímulo ao compartilhamento ou ao silêncio. Se incluirmos as plantas em nosso ambiente, poderemos ensinar que a natureza também faz parte do nosso cuidado. Coisas simples podem ser usadas para criar uma atmosfera diferente de bem-estar físico, social e espiritual.
É sempre bom, antes de qualquer mudança, procurar um especialista em infraestrutura escolar e técnicos do meio ambiente para assessorar. Que ao examinar a proposta pedagógica da igreja, nós educadores, pastores e líderes, possamos atentar também para as mudanças necessárias nos espaços educativos, de forma que nossos objetivos educacionais sejam alcançados com excelência.
REFERÊNCIAS
CARPINTEIRO, A. C., ALMEIDA, J. G. Teorias do espaço educativo. Brasília, Universidade de Brasília, 2008.