Quais os próximos passos a percorrer para que a educação cristã não perca forças diante da revolução digital? Que cristãos estamos deixando de herança às futuras gerações?
No artigo publicado anteriormente sob este mesmo tema refletimos sobre o impacto que a educação tem experimentado com a velocidade de toda influência digital. Ali pudemos nos avaliar como educadores, em que nível de preparo estamos. Agora, concluiremos esta reflexão coletivamente tendo a noção real de como contribuiremos para este avanço histórico. Vamos juntos?
Por onde começar a mudar
Sabe o que mais chama a minha atenção nesse processo de mudança que a Igreja de Cristo precisa realizar? É que seguíamos naturalmente, tudo bem, tudo sob controle e, de repente, ficou assim uma desordem total! “Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer” (Jeremias 18.4). Essa desorganização é totalmente necessária para que o educador cristão pense no que Deus está operando na sociedade mundial. Está aí um bom exercício.
Vamos imaginar que chegamos em casa e tudo estivesse fora do lugar. Um verdadeiro caos. Como se tivesse acontecido um terremoto. Objetos ao chão, lustres desprendidos, estantes, vidraças e cristais quebrados, tudo muito empoeirado. Ali iniciaríamos uma arrumação geral. Ao repor os bens em seus novos lugares daríamos conta do que sobrou de tudo o que se tinha, do dano causado, das perdas, do trabalhão para reorganizar e limpar.
A nova revolução 4.0 que é a dita digital, da qual atravessamos, nos impôs essa “arrumação” com o advento da pandemia da COVID-19, que mais tem se assemelhado a um “terremoto”. Agora, nos resta refletir a mudança mundial para agirmos a ela de forma saudável, equilibrada e com alta qualidade, conforme cada realidade, fazendo a educação cristã ganhar um novo formato. Uma educação voltada ao preparo deste aluno com maior flexibilidade, fluidez, criativa e livre, exatamente como a vida que Jesus nos prometeu “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância” (João 10.10b).
Esses alunos, mais do que nunca, deixam de ser recebedores de conhecimento para se tornarem formadores de opinião, agentes de transformação.
Entendendo a profundidade dessa mudança
A educação voltada para esse novo jeito de ensinar deve se preocupar com a seguinte questão: ou o fruto da igreja de Cristo brota agora ou o ensino bíblico morrerá em curto prazo. Não por falta de poder que há na Palavra, mas porque não fomos bons mordomos da redenção que nos alcançou. Entende?
Essa iniciativa mundial exige dos pais, dos educadores, dos líderes de nossa era um radical conjunto de iniciativas para o desenvolvimento do corpo de Cristo que sejam capazes de combater as forças destrutivas do enrijecimento, da formalidade, do autoritarismo e da gestão paternalista que ainda influenciam nossas organizações. Serei mais clara com tal colocação. Uma liderança que ainda insiste na hierarquia e no controle impede o nascimento de uma geração colaborativa, democrática e autogerida, características essas que garantirão a sustentabilidade de nossas igrejas. Quanto mais profunda for a mudança, tanto mais os valores se mostram úteis. A mudança tem a ver com as intenções de nossos líderes, com clareza da visão e da missão; depende da capacidade deles em lidar com a diversidade com honestidade e amor.
Uma coisa é certa: as gerações carecem de liderança. Só nos resta sermos esses líderes no qual eles podem contar com apoio, receber críticas e seguir confiantes de que existe uma Trindade na companhia deles.
Enfim, para enfrentar o futuro, nossas crianças, nossos jovens, nossos alunos precisam ver em nós a reinvenção da educação. Precisamos acompanhar essa chance formidável em nosso tempo para apresentar uma educação cristã que é criativa, que inova com profunda qualidade para transformar vidas.
Conclusão
O futuro da educação consiste em descobrir o melhor caminho a percorrer para chegar até o futuro que Deus nos entregar.
Nosso papel como educadores cristãos se resume a desafiar o presente, questionando-o, aprendendo novos caminhos, pedindo a Deus que nos dê ousadia no realizar, pois uma grande obra Ele quer fazer através de nossas vidas, como vocacionados e filhos que somos.
Sejamos humildes para pedir ajuda a quem sabe mais do que nós. Sejamos melhores aprendizes para formarmos melhores discípulos. Sejamos sábios na tomada de decisão.