“[…] Tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo;[…]” (v. 12)
Tradução: “Para a preparação dos santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo.”
Após discorrer sobre a unidade e diversidade de ministérios, bem como a variedade de dons espirituais no contexto da igreja local, é necessário refletir sobre o aperfeiçoamento para o exercício desses ministérios. Lembre-se: independentemente do ministério, no Corpo de Cristo a Igreja você é fundamental. Entendo que a diversidade cria a unidade do corpo.
Segundo Stott (p. 80), Paulo apresenta duas razões pelas quais Cristo deu esses dons à igreja: uma razão imediata e outra final. Algumas traduções utilizam os termos preparação, treinamento ou equipar. A palavra grega usada aqui era um termo técnico que significava “consertar um osso quebrado”. O substantivo descreve o ato dinâmico pelo qual pessoas ou coisas são ajustadas e capacitadas adequadamente. Na versão Almeida Século 21, a palavra usada é aperfeiçoamento. Aperfeiçoar-se cada vez mais para servir cada vez melhor a Jesus, o Mestre por Excelência, é também aprender e ensinar a Palavra de Deus.
Ressalto que todos esses dons não são para uso pessoal, mas para o serviço comunitário. Reitero a ideia de que o ministério, seja ele qual for, deve ter como finalidade a edificação da igreja.
Nessa perspectiva, a unidade no ministério é um ponto fundante para a compreensão dos desafios no campo eclesiástico e para o desenvolvimento de uma filosofia ministerial contextualizada à contemporaneidade. A palavra serviço pode também ser traduzida por ministério ou adoração. O termo grego diakonia, traduzido como ministério, aqui se refere não ao trabalho exclusivo dos pastores, mas ao serviço de todo o povo de Deus — sem exceção (grifo nosso).
O Novo Testamento não visualiza o ministério como uma prerrogativa de uma elite clerical, mas como um chamado privilegiado a todo o povo de Deus. Como ponto de partida, é fundamental desenvolver essa compreensão. Entendo que o educador cristão, assim como qualquer outro ministro, possui um chamado, acompanhado de uma missão, um ministério e dons para servir no contexto da igreja local.
O educador cristão, nesse sentido, torna-se corresponsável, junto aos demais líderes, pela construção de um Projeto Educacional Cristão (PEC), pela formulação da matriz curricular, pela capacitação continuada dos professores e pela assessoria na infraestrutura física e pedagógica da igreja, entre outras atribuições.
O texto de Efésios 4.11-16 utiliza a expressão edificação, que remete à construção, ao crescimento contínuo um edifício que se desenvolve “até que…”. A fim de dar visibilidade ao papel do educador cristão em especial, bem como dos demais líderes, é preciso reafirmar que é fundamental envolver-se e participar ativamente deste ministério, que é de natureza flexível, plural e aberto ao envolvimento da membresia da igreja local.
Creio que “Deus providencia para as igrejas pessoas que promovem seu crescimento, capacitando-as com dons. Contudo, o espaço e as condições para a atuação destas pessoas quem dá é a liderança da igreja local. Isto equivale a dizer que mesmo que haja pessoas capacitadas por Deus para ajudarem as igrejas, essas não poderão fazer nada se a liderança local não permitir.”
Ao invés de centralizar todo o trabalho ou monopolizar os dons, é necessário descobrir, desenvolver e exercitar os dons que o Espírito Santo concede à igreja. Lembre-se que a unidade do Corpo obedece a uma estratégia, o crescimento da igreja. Muitas vezes, isso exigirá de nós uma escuta atenta, acolhimento das pessoas e de suas ideias sem julgamentos precipitados e, com certeza, Deus agirá!
Como visto anteriormente, “a função desses dons é a edificação do corpo”, e essa edificação ocorre quando todos os membros estão envolvidos, como será detalhado nos versículos 12 a 16. Concordo com Stott (p. 80): “O propósito imediato de Cristo ao dar pastores e mestres à igreja é para que, por meio do ministério da Palavra, todo o povo esteja capacitado para os diversos ministérios.”
Júlio Zabatiero, corrobora com Stott, ao elencar à luz de Efésios 4.11-14, quadro com as principais características da maturidade de uma igreja: “É uma igreja em que os ministros (ordenados e não ordenados) realizam seu trabalho para o bem de todos.” (v.11,12a). Uma segunda característica marcante: É uma igreja em que os membros são aperfeiçoados para realizar seus próprios ministérios. Em outras palavras, é uma igreja em que todos trabalham para o Senhor, conforme os dons que dEle receberam.”
À semelhança do primeiro ponto, que lições práticas podemos extrair deste versículo 12 para alcançar os objetivos do nosso ministério? No terceiro estudo, pretendo refletir sobre como a capacitação continuada das pessoas envolvidas nos ministérios da igreja pode conduzi-las à plenitude de Cristo.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Israel Belo de. No compasso da graça: comentários às epístolas aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses e aos Colossenses. Rio de Janeiro: JUERP, 2012.
HAHN, Eberhard; BOOR, Werner de. Cartas aos Efésios, Filipenses e Colossenses. Comentário Esperança. Curitiba: Esperança, 2006.
HOEHNER, Harold W. Efésios. Comentário Exegético. São Paulo: Vida Nova, 2023.
KELLER, Timothy; COEKIN, Richard. 90 dias em Gálatas, Juízes, Efésios. São Paulo: Vida Nova, 2019.
RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 1995.
STOTT, John. Lendo Efésios. Viçosa: Ultimato, 2019.
ZABATIERO, Júlio. Novos caminhos para a educação cristã. São Paulo: Hagnos, 2009.